“Salvar, mesmo com o sacrifício da própria vida”, esta é a missão e o juramento feito por quem escolheu ser bombeiro.
E lá se vão 17 dias de dedicação, trabalho, técnicas, solidariedade em uma rotina incessante em Brumadinho – MG, nas buscas das vítimas da barragem da Vale que se rompeu em 25 de janeiro. De acordo com a última divulgação, são 157 mortes confirmadas e 182 pessoas continuam desaparecidas.
O Comandante do Corpo de Bombeiros de Rio Claro, Tenente Fábio Henrique Giovani, e o Cabo Thomazini foram enviados à difícil tarefa em Minas Gerais. Difícil por ter que controlar as emoções no cenário de tragédia e a parte técnica. “O sofrimento deles é muito grande. Mas como Bombeiros, é justamente o que nos resta, levar um pouco de solidariedade, um pouco de amor e compaixão”, declarou o Tenente Giovani em seu retorno a Rio Claro nesse sábado (9).
Os profissionais de Rio Claro atuaram na região durante seis dias. Ao Diário do Rio Claro, o tenente Giovani relatou como foi a rotina, o planejamento de trabalho e as dificuldades. “O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais tem o total controle da Operação. Os Comandantes Mineiros que estão à frente mapearam todo o terreno e pontos de onde o maior número de vítimas foi sendo encontrado, exemplo, uma área de estacionamento no complexo da Vale. Lá, eles trabalham com equipes especializadas e máquinas pesadas há dias”, explicou.
Profissionais de vários estados apoiam a corporação de Minas Gerais, como Corpo de Bombeiros de São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Espírito Santo, Distrito Federal, entre outros. O tenente relata que esses ficam em áreas adjacentes, mais distantes da área do rompimento, com a incumbência de fazer varreduras utilizando o faro dos cães, marcando e plotando pontos de possível presença de corpos soterrados. “Com essas marcações, serão realizadas na sequência dos próximos dias escavações com maquinário pesado para procurar outras vítimas da tragédia”, esclareceu.
ROTINA
“Todos os dias, as equipes embarcavam em helicópteros, por volta das 8 horas, que nos levavam para campo e nos deixavam em pontos pré-determinados pelo Comando da Operação. Várias equipes eram distribuídas no terreno. Passávamos o dia todo trabalhando e, por volta das 17 horas, os helicópteros começavam a recolher as equipes, que eram levadas para uma área de descontaminação.
Após a limpeza dos equipamentos e roupas, íamos para um hotel para jantar, fazer a reunião de feedback dos trabalhos e descansar para o dia seguinte iniciar as buscas novamente. Quando chove, os trabalhos são cancelados”, relatou o tenente Giovani.
O comandante do Corpo de Bombeiros de Rio Claro disse ainda que passaram bastante tempo vasculhando restos de estruturas destruídas de casas, que foram arrastadas quilômetros pelo mar de lama. Apesar das dificuldades, das cenas de tristeza, da localização de pertences das vítimas, como brinquedos, cadernos de crianças, em nenhum momento aparece a palavra desistir. “Nos dedicamos sem medir esforços nas buscas para, pelo menos, tentar fazer com que as famílias tenham a oportunidade de se despedir e sepultar seus entes queridos”, desabafou Giovani.
AGRADECIMENTO
“Os Bombeiros Mineiros merecem todo nosso respeito pelo profissionalismo, carisma, humildade e simpatia. Nos receberam muito bem e aceitaram de bom grado nossa ajuda”, agradeceu o tenente Giovani.