Na tarde dessa segunda-feira (4), o mundo todo se viu em um cenário pouco provável, sobretudo em tempos de pandemia: a interrupção dos serviços do WhatsApp, Facebook e Instagram. Quando a tecnologia e os serviços online substituíram a presença no mundo concreto, uma interrupção obrigatória como essa vem para quebrar toda uma rotina.
Para a psicóloga clínica Valderez Marques, a pausa nos serviços significou um momento de reflexão. Realizando atendimentos online desde o ano passado, a profissional viu a necessidade de cancelar alguns atendimentos na tarde desse dia 4 de outubro. “As pessoas ficaram sem o atendimento necessário e, muitas vezes, elas estavam necessitando da consulta para sentirem-se bem”, destaca, lembrando que as sessões por WhatsApp se tornaram corriqueiras no período de pandemia.
Entretanto, na opinião da especialista, essa pausa obrigatória trouxe também um momento para refletirmos sobre a nossa dependência em tecnologia. “Nos vimos obrigados a ficar off-line por um dia e muitas pessoas não conseguiram lidar com isso”, alerta. “O que nos mostra como a tecnologia pode ser um vício e que, à medida que traz benefícios – como serviços mais práticos e rápidos – também tem seu lado negativo.”
De acordo com a psicóloga, a necessidade em se comunicar e ter a tecnologia ao seu lado o tempo todo pode desencadear casos de ansiedade e até depressão. “Essa necessidade em estar conectado o tempo todo, é algo tóxico, por isso momentos como esses, de uma pausa obrigatória são benéficos para nos mostrar os limites e o quanto podemos estar viciados em algo, sem percebermos. Quantos momentos em família foram perdidos devido à tecnologia? Pessoas em uma mesma mesa, que em vez de conversarem trocam mensagens, não estão olhando para o outro, para observar sentimentos, observar características, discutir as coisas olho no olho, o que é importante e necessário ser feito”, aponta.
Na opinião da profissional, esse começo de semana pode ser um novo começo. “É um momento para repensar o quanto a tecnologia toma conta do seu dia. Há quanto tempo você não observa o tempo passar, ouvir a voz das pessoas e observar os gestos. E, além disso, nos faz refletir até politicamente no quanto estamos reféns nas mãos de poucas empresas que controlam serviços de tecnologia”, conclui a psicóloga.
Por Vivian Guilherme / Foto: Divulgação