O médico e jornalista Luiz Wehmuth Neto iniciou sua carreira em um jornal do município aos 18 anos.
O ano era 1970 e sua primeira atividade em redação foi realizando as revisões dos textos. Não demorou para começar a escrever textos. “Logo iniciei na redação, com pequenos textos, visto que o saudoso jornalista, radialista e mestre, Sebastião Ribeiro Mancuso, às vezes afastava-se das atividades de trabalho por problemas de saúde e, necessariamente, tinha de ajudar outro saudoso radialista, Mauro Martins Coelho, na edição daquele jornal. Desta forma, houve o aprimoramento de texto”, comentou à reportagem do Centenário ao destacar que permaneceu na mesma empresa até 1974, quando ingressou no curso de medicina na Unesp de Botucatu.
Enquanto estudante, foi convidado pelo jornalista Paulo Jodate David para ingressar no Diário do Rio Claro e não demorou para ficar responsável por duas páginas do suplemento produzido por Marcus Vinicius e José Afonso Baldissera. “Assim permaneci durante estes seis anos, trabalhando nas férias de faculdade no dia a dia do jornal para cobrir férias de outros que lá trabalhavam”, relembra.
Luiz recorda que em 1979, Jodate anunciou o interesse em vender a empresa Diário do Rio Claro e que havia um empresário interessado na aquisição. “Como minhas páginas levavam o patrocínio das agências Chevrolet [Rival] e Ford [Adrival], informei ao tio Geraldo [Zanello] sobre esse assunto e ele rapidamente se interessou.
Num primeiro momento, em conversar com o Jodate para tentar demovê-lo da ideia, mas face aos argumentos, ele, então, mostrou-se interessado na compra, colocando, acima de tudo, o interesse de preservação deste nosso patrimônio histórico”, frisa ao destacar que assumiu como Diretor de Redação, juntamente com a família Zanello, no dia 1º de janeiro de 1981 e permaneceu no cargo até 1988, conforme relatou. Confira trechos da entrevista que costura a história recente do Número 1:
Quem trabalhava na Redação?
Wehmuth: eu coordenava a redação composta por (desculpe-me se esqueci de alguém) minha irmã Walesca, José Rosa Garcia, Natalino Marrach Jr., Silvia Venturolli, Fátima Christofoletti, José Roberto Sant’Ana, Cesar Galvão, Joaquim Pereira; os estagiários da Unimep Bêne, Botão, Ana Cristina e Rondon; o pessoal do esporte, como os saudosos Jayme Peccorari, Irineu de Castro, Benoni J. Ribeiro, Adino Peschieira, Jairo Pimentel, além de Campos Filho, Silvio, e o pessoal de coluna social, como Noriel e Jane Spadari, Marcos Vinicius Amato, Afonso Bovo, Ronaldo Cavali, e José Afonso (que se desdobrava também em matérias de redação e setor comercial). Alem disso, Jodate e Dona Mara (Maria Antonia David), que permaneceram durante anos na transição.
Como se dedicava ao jornal quando já era médico?
Wehmuth: trabalhando como médico, tinha diariamente a parte da manhã, início da tarde e todos as noites, após às 18h30, quando deixava o consultório e me dedicava à edição do dia seguinte, sem hora para chegar em casa, via de regra, sempre na madrugada.
Por que deixou o jornalismo? Sente saudades das redações?
Wehmuth: o Diário traz muita saudade, porque havia a Rádio Itapuã, ao lado, e era boa a amalgama de música com redação, que se estendia madrugadas afora. A dinâmica de que cada edição, uma história contada por nós sobre a nossa comunidade, devidamente registrada, ilustrada e com posicionamento através de opinião. Nada meramente notícia sem a força do jornal, um veículo marcante para mudanças em favor da população e de seus direitos.
Mas, as exigências médicas imperaram, a família cresceu e, como no Diário havia uma excelente equipe, por certo, eu não faria falta, visto que a estrutura já caminhava por si.
O que é o jornalismo para você?
Wehmuth: o jornal representa um instrumento inestimável para a manifestação popular, desde que sabiamente dirigido para este fim. Aproxima a comunidade, pois retrata única e exclusivamente seu dia a dia.
Na sua opinião, qual o futuro do jornal impresso?
Wehmuth: creio que o jornal impresso, propriamente dito, ainda tenha muitos anos de vida, especialmente o Diário, por ser centenário e, de geração em geração, difundindo o hábito de recebê-lo todas as manhãs. Se hoje, muitas informações vêm pela mídia eletrônica, nada como quebrar um pouco esse paradigma e estender a edição do dia frente aos olhos e ter todo aquele panorama de uma página toda à frente. Sem dúvida, uma paixão insubustituível.
Rápidas
Não merece o meu respeito: quem adota a lei de Gerson.
A política é: um mal necessário para o bem, muitas vezes nas mãos de maus que querem o bem apenas em proveito próprio.
Não simpatizo, mas respeito: a política.
Não respeito, mas simpatizo: não há como.
Um ídolo: Ayrton Senna.
Um sonho possível: tornar a realidade, através de muito trabalho.
Um sonho impossível: sonhar sempre é possível.
Mudaria de calçada ao cruzar com: não mudaria de calçada. É preciso olhar nos olhos e dizer o que se pensa a quem pensa que intimida, que pode mais do que o outro.
Curiosidade
A modernização gráfica para o sistema off-set, na década de 80, também teve influência de Wehmuth, que depois de se inteirar no tema viu a necessidade da mudança.