O assunto não podia ser outro. A situação exige. A partir da zero hora desse domingo, voltamos à estaca zero. Ou seja, voltamos à fase vermelha do Plano SP para a contenção do vírus Covid-19.
Apesar de todos os esforços dos profissionais da ciência, da saúde, de governos e autoridades, apesar de toda paciência e boa vontade da maioria das pessoas, conscientes das suas responsabilidades e da gravidade da situação, ainda estamos perdendo a batalha. Vidas se perdem todos os dias nessa luta desigual que todos enfrentamos contra um inimigo invisível.
O que mais chama atenção, todavia, e mais nos entristece é a teimosia, senão a burrice, de alguns, em ignorar os fatos, e continuar vivendo de modo alienado, como se nada estivesse acontecendo.
Evidente que a economia não pode parar, afinal, todos dependemos dela, inclusive os médicos que nos atendem, os farmacêuticos que nos vendem os remédios, as clínicas e os laboratórios que fazem nossos exames, e também os hospitais conveniados que nos socorrem nas piores horas de nossas vidas.
Afinal todos esses prestam serviços de saúde, logo, dependem de clientes para ganhar dinheiro. Mas, se tudo continuar como está, não demora e faltarão clientes para esse importante setor da economia, porque faltarão empregos e, também, salários que possam pagar por esses serviços.
Quanto ao risco iminente de colapso na rede pública de saúde, não é preciso ser gênio pra saber que essa situação poderia não estar ocorrendo apesar do vírus, se os investimentos na saúde pública não fosse parar nos bolsos, nos cofres e nas cuecas de políticos e autoridades corruptas que não tem a menor consciência do que é servir o bem-comum e não apenas os seus próprios interesses e os interesses dos grupos privilegiados que representam.
Na rede privada de saúde, imagine o leitor se todos os conveniados dependessem simultaneamente dos serviços da empresa por eles contratada. Teria essa empresa condições de atendê-los todos ao mesmo tempo? Evidente que não. Seria como se todos os correntistas e investidores de uma instituição financeira resolvessem sacar a um só tempo os seus valores depositados nessa instituição. Não haveria muito provavelmente, valores em espécie, para pagar todos os clientes a um só tempo.
Logo, uma empresa de saúde privada, em tese, promete a cada um de seus clientes que tem sob contrato, o que não poderá cumprir, caso todos eles, ou a sua grande maioria, necessite ao mesmo tempo, dos serviços contratados, porque, naturalmente, a capacidade de atendimento da empresa de saúde privada é limitada, por exemplo, ao número de leitos, de médicos, de enfermeiros que tem a sua disposição, que, naturalmente, não é igual e nem compatível ao número de todos os seus clientes, embora, tais clientes, paguem, a maioria, com muito esforço, para receberem por tais serviços celebrados em contrato. Daí, também, a necessidade fundamental de conter o avanço da disseminação do coronavírus, para que o possível colapso na rede de saúde privada não ocorra.
É uma situação difícil para todos, não resta dúvida. O que espanta, sobretudo, é a falta de perspectiva com a qual nos deparamos, de que tal situação possa ser revertida, senão amenizada a curto ou médio prazo.
Num esforço muito grande dos cientistas, várias vacinas foram viabilizadas e acham-se à disposição para uso. Todavia, a imunização da população brasileira, ainda caminha a passos de tartaruga, ao que parece, devido à falta de recursos do governo federal e dos estados, mas, sobretudo, devido à falta de objetividade e competência dos mesmos, para, inclusive, viabilizar a logística, que uma ação dessa natureza demanda.
Diante desse cenário, infelizmente, podemos imaginar, que só mesmo depois da imunização total da população brasileira é que poderemos começar a ter a esperança de voltarmos à normalidade de nossas vidas, enfrentando, porém, inevitavelmente, as consequências do desastre humano, social e econômico que estamos vivendo e que, de alguma forma, afeta a todos.
Até lá, viveremos essa triste realidade do medo constante, do abre e fecha do comércio, da restrição cada vez maior das liberdades individuais, desde as mais elementares, como o ir e vir. Que Deus nos ajude, e que sobrevivamos todos nós a tudo isso.