O Dia Mundial do Doador de Sangue foi comemorado em 4 de outubro. Esse é um ato de amor e de carinho. Os animais também podem doar e receber, com o objetivo de ampliar as chances de vida, para tratar doenças e auxiliar cirurgias.
Os bancos de sangue animal normalmente têm dificuldades para atender a demanda de pacientes que precisam, pois os doadores são escassos. Para realizar o procedimento em cão, ele precisa pesar mais de 25 quilos, ter entre 1 e 8 anos de idade, ser saudável e estar protegido contra pulgas e carrapatos e com a vacinação em dia. No caso de gatos, é necessário que pesem acima de quatro quilos.
Além disso, os fatores de coagulação sanguínea devem estar normais e ele deve ter temperamento dócil para acesso à veia jugular, pois, na maior parte das vezes, o sangue é extraído dessa veia, que fica na região do pescoço. Não é obrigatório que machos e fêmeas estejam castrados, apesar de ser recomendado.
O procedimento pode ser realizado com sedação, mas muitos médicos-veterinários optam por não realizá-lo dessa forma, por isso, nesses casos o temperamento dócil é importante. “Para o tutor, é importante levar o animal para doar sangue em clínica ou hospital, pois são estabelecimentos que possuem estrutura de internação ou podem realizar procedimentos necessários em caso de alguma intercorrência”, afirma Alessandra Fonseca, assessora técnica médica-veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).
Para Vitória Gabriella Bergh, estagiária do CRMV-SP, que possui uma cadela da raça golden retrivier, a doação de sangue foi tranquila. “Ligaram da clínica em que ela é atendida, pedindo a doação, pois havia uma cachorra que precisava com urgência do mesmo tipo sanguíneo. O médico-veterinário já sabia que ela era dócil e que estava em condições, porque ela já era paciente regular dele”. O procedimento foi realizado em aproximadamente uma hora. “Ela ficou e continuou calma depois da doação, e ficaram muito agradecidos. Salvamos a vida de outro animal!”.
Critérios
Para a doação de sangue, é recomendável procurar clínicas ou hospitais de confiança e especializados nesse tipo de serviço. Lembrando sempre que é necessário, ainda, que o estabelecimento esteja inscrito no CRMV-SP e tenha licença da Vigilância Sanitária. Existem também bancos de sangue veterinários, atualmente há seis atuantes no estado de São Paulo.
Na primeira vez do animal como doador, é comum serem realizados exames prévios para atestar a saúde. “Apesar de não haver ainda legislação que obrigue quais testes devem ser realizados, em cães, a recomendação é que sejam feitos exames de sangue e PCR para Babesia SP, Erlichia Canis, Erlichia Ewingil, Brucella Canis, Dirofilaria Imittis, Anaplasma Phagocytophilum, Anaplasma Platys, Borrelia Burgdorferi, Leishmania Dinovani e Leishmania Infantum”, cita Paulo Corte, membro efetivo da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP.
“Já em gatos, a recomendação é que sejam feitos testes para FIV, FeLV e PIF”, afirma Anne Pierre Helzel, assessora técnica médica-veterinária do CRMV-SP.
Todos os exames são uma forma de atestar que o animal tem condições de saúde para ser doador, e, ainda, segurança para o receptor. A fidelização da doação é muito importante para manter os estoques de sangue abastecidos.
Diferenças
A doação de sangue é mais comum em cães e menos em gatos, sendo mais rara em outros tipos de animais. O processo de transfusão de sangue não tem um custo baixo e envolve não apenas o procedimento em si, mas também o monitoramento do animal receptor.
Os cachorros possuem 11 tipos sanguíneos diferentes, já os gatos possuem três distintos. “Por isso que a reação alérgica em cães é mais comum. Geralmente se opta por não fazer a transfusão integral, justamente para evitar possíveis reações adversas”, afirma Anne Pierre Helzel. (Texto: Comunicação CRMV-SP)
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