Você sabe o que é um Sarau? Já foi a algum? Se não foi, saiba que perdeu uma rica oportunidade de participar de um mundo à parte, que muitos desconhecem. Sarau é um espaço real, não virtual: é o mundo da poesia, de notas musicais, dos versos poéticos que brotam das músicas, em especial das mais antigas, um universo especial que exige sua presença por inteiro, desligado da tecnologia, para deixar fluir o seu eu de forma mais criativa e compensadora.
Apesar da tecnologia que, infelizmente, está criando muitos alienados e zumbis, a poesia ainda existe e os saraus também. É fato que todas as gerações, cada vez mais, empolgam-se com o mundo da internet e passam seus momentos de lazer on-line, viajando por aí, ausentes da família, dos amigos e até mesmo de si próprios. Em especial as novas gerações.
Integrado à esta tecnologia, mas com os pés no chão e a alma repleta de ideais, o Centro Literário “Ipsis Litteris” vive estes momentos de realidade e poesia duas a três vezes por ano, criando saraus, e também quinzenalmente, em bate-papos literários no Gabinete de Leitura Rioclarense, que nos abre as portas para nossas realizações.
Adquirimos a capacidade de, entre nós, construirmos uma bolha, uma atmosfera especial, onde todos os participantes tem o prazer de conhecer e estudar escritores, ler suas poesias e textos, apreciar o novo poetar que vem surgindo. Esta bolha nos permite respirar um ar mais puro e abrir clareiras de conhecimento, poesia e arte em nossas vidas atribuladas.
Ainda no último sábado (10 de agosto), quase cem pessoas tiveram o privilégio de apreciar e participar do “Narigando com Dalva de Oliveira – Sarau Poético Musical”, onde a poesia imperou, transcendendo tempo e concepções, brotando da alma em lembranças ou inovações.
O talento e a vida da querida rio-clarense Dalva de Oliveira foi relembrado por muitos de forma lúdica e agradável. E os mais jovens, que pouco ou nada conheciam desta estrela brasileira, se encantaram com suas músicas e história de vida, e logo estavam cantando suas marchas-rancho contagiantes, que tanto empolgaram brasileiros e estrangeiros.
As releituras e intervenções nas músicas, que poeticamente chamamos de “narigadas”, nos confirmaram que a poesia é atemporal e pode ser interpretada por poetas e entusiastas de todas as idades, de todas as profissões e classes sociais, como pudemos sentir pelas pessoas que ali se apresentaram.
As músicas que Dalva interpretou em vida, ressoou em nossas almas, deslumbrando a todos. Desfilaram de mansinho, inicialmente apresentadas pelo grupo, intercaladas com a voz deslumbrante de Cerebelo. Mais tarde, passearam pelas vozes sedosas de Guilherme e Benê, culminando com a interpretação arrebatadora de Araci Stein. Todos acompanhados pelos violões dos maestros Millo Ribeiro e Benedito Solano.
Isto é um Sarau. Isto é o esforço conjunto de um grupo que não deixa morrer o que é belo e imprescindível para se ter uma vida plena: a poesia e a música que existe em todo ser humano, que nos faz mais leves, completos e felizes, em plena harmonia com a natureza.
Neste sábado, 17 de agosto, respiraremos poesia com as criações de Paulo Leminsk, às 15 horas, no Gabinete de Leitura. Você está convidado a entrar nesta bolha… e fluir com a vida…
Por Nilce Franco Bueno