Muitos se perguntaram ou aderiram à publicação de hashtags e de imagens nas redes sociais em apoio ao movimento Vidas Negras Importam (Black Lives Matter). Apesar de existir desde 2013, o movimento mais uma vez ganhou destaque nacional na última semana, após a morte de George Floyd um homem negro, em Mineápolis sob custódia da polícia no dia 25 de maio.
Os americanos se revoltaram com a agressão, sobretudo, por ter sido filmada, e iniciaram uma série de protestos em diversas partes do País. O caso provocou manifestações em mais de 75 cidades. Em mais de 40 delas, as autoridades decretaram toque de recolher. A Guarda Nacional (força militar que os EUA reservam para emergências) foi acionada com 16 mil soldados despachados para 24 estados e a capital, Washington.
Para o presidente Comissão de Direitos Humanos da OAB Rio Claro, Edmundo Canavezzi, os protestos que se seguiram, varrendo todo o país são absoluta e cabalmente legítimos. “Afinal, não foi esta a primeira vez em que a polícia branca norte-americana, friamente, assassina um negro, situação, esta, que não poderá jamais repetir-se.”
Na opinião do advogado, o caso de Floyd é considerado um assassinato com requintes de crueldade praticado. “A filmagem de tamanha selvageria choca de forma brutal a mais empedernida alma; vê-se um homem negro, lançado ao solo, algemado e completamente imobilizado, sendo lenta e continuamente asfixiado até a morte por um policial branco que, ajoelhado em seu pescoço e com as mãos nos bolsos, em momento algum atendeu suas súplicas de que não conseguia respirar. Tudo placidamente assistido por seus companheiros de farda que postadas em derredor, à nada se abalaram”, comentou.
Em Rio Claro, um caso de grande comoção e repercussão foi a morte do guardador de carros Benedito Santana de Oliveira, de 71 anos. Ele foi agredido por um grupo neonazista, em 2013. A brutalidade teria sido cometida por preconceito pelo homem ser negro e idoso. Os acusados foram presos, julgados e condenados pelo crime.
Para Canavezzi, é preciso reconhecer a existência do racismo estrutural em todas as sociedades humanas desde tempos imemoriais e que, infeliz e lamentavelmente, ainda marca presença no mundo moderno. “Essa estruturação racista foi fomentada e desenvolvida em todo o mundo, jurídica, econômica e socialmente no final do século XIX pelos projetos escravagistas de então que proibiam os negros de estudarem e/ou frequentarem lugares de alfabetização e/ou possuírem qualquer patrimônio; as teorias antropológicas daquela época ainda consideravam ser a raça negra potencialmente criminosa”, disse.
Segundo o advogado, esses processos de menos valia social ainda se fazem presentes na mentalidade moderna e são retratados claramente pela conduta abusiva dos órgãos de segurança pública no trato que em geral dispensam à população negra.
Foto: Creative Commons