Dezembro de 2021. Dia 24. Véspera de Natal. Os cristãos, essencialmente, se voltam para o nascimento do Filho do Deus verdadeiro. Nem todos o fazem com a gravidade sacerdotal ou familiar. Porém, todos hão de reconhecer a excelência do mistério de o Verbo se tornar carne e, portanto, mortal. Há verdadeira liturgia destacando esse milagre divino da vida, e aceito, incondicionalmente, pela fé. E quer queiram ou não, o nascimento do Filho do Criador foi o maravilhoso presente real dado aos homens. Não se pode esquecer dessa verdade. E se há troca de presentes entre os familiares, esse costume vem apegado ao ato dos reis magos que ofertaram, ao Menino-Deus, incenso (para destacar a espiritualidade e natureza sacerdotal de Cristo), ouro (por Ele ser também rei) e mirra (porque também era profeta). Essa simbologia, que deu causa à troca de presentes, deveria ser observada no dia 6 de janeiro, em que está certificado ser o dia em que os magos chegaram com aqueles presentes. A tradição cristã, porém, indica o dia 25 de dezembro. E assim ficou e assim se aceita.
O poeta português, no poema Natal, enaltece o lado familiar em uma das estrofes, aqui repetida:
“Natal Na província neva/ Nos lares aconchegados/ Um sentimento conserva/ Os sentimentos passados.” (F. Pessoa)
Esse sentimento é de origem cristã. E enlaça os familiares em torno da mesma crença e mesma fé. É um sentimento que enobrece o coração e permite estar em comunhão com o Filho e o Pai. Orações ao alto e que haja paz entre os homens de boa vontade.
A mesa posta para a ceia de hoje deve representar a união entre pais e filhos e irmãos, a enaltecer o espírito cristão de todos para com cada um e de cada um para com todos. Dia esse de reflexão, para que a pessoa vença a própria escuridão, afastando-se do egoísmo, da ingratidão e da inveja, substituindo essas trevas, que são sentimentos abjetos, pela solidariedade, a gratidão e abnegação.
Falando da mesa posta, lembro-me da ceia na casa de minha avó, Amélia Correia, a Bela, em que a família era feliz e todos se sentiam iluminados. E o cheiro dos assados percorria as ruas daquela parte da Cidade Azul. E haviam os brindes. E o melhor, os presentes. Que prazer desembrulhar os pacotes. Deles ou saía uma bola ou um caminhãozinho. Era muito divertido. Ficaram desse tempo, ecos de uma autêntica felicidade familiar.
Dezembro de 2021. Dia 24. Que a paz esteja com todos, inclusive comigo.