E aí Geekers…..cês tão bão ?…..eu tô bão!
Pessoal, essa semana inaugurando uma nova fase do UNIVERSO GEEK POP, com uma série de entrevistas com pessoas, artistas, entusiastas e parceiros e amigos, engajados na difusão da cultura geek na cidade e no Brasil.
O “personagem” dessa quarta feira é um cara que conheci por ocasião do nosso GEEK POP FEST, pois foi participante do nosso Artist’s Alley ou Beco dos artistas, nome carinhoso que damos ao local onde os “artistas” expõem seus trabalhos ao público visitante.
De primeira, fiquei apaixonado pelo trabalho e também pela pessoa de Renato Spiller. Esse rio-clarense que está fazendo fama no mercado dos “coloristas” de HQs, aqueles artistas que dão “vida” e cor aos personagens já desenhados pelos “ilustradores”.
Vamos lá conhece-lo:
– Apresente-se:
Sou Renato Spiller Pacheco, conhecido nos quadrinhos como Ren Spiller. Nascido e criado em Rio Claro. Tenho 41 anos.
Apaixonado por quadrinhos desde a infância, cresci dentro das bancas e livrarias, uma em especial, a antiga livraria Cântaro. Eu era vizinho e amigo dos donos e passei muitos anos entre as prateleiras consumindo todo tipo de quadrinhos desde 1989. Comecei a desenhar aos 10 anos e me formei em Design em 2005, pela Unesp de Bauru. Trabalhei como designer gráfico e ilustrador por 15 anos, me graduei em biologia, novamente pela Unesp, mas agora em Rio Claro e durante a pandemia resolvi seguir o sonho de trabalhar com quadrinhos. Hoje sou colorista de quadrinhos, tenho trabalhado em publicações independentes e editoras como Dynamite, IDW, Heavy Metal e Coffin Comics, em diversos países, como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Inglaterra.
– Quando resolveu investir 100% do seu tempo em ser colorista?
A vida toda eu sempre quis trabalhar como quadrinista, mas a concorrência entre os desenhistas é enorme. A experiência como designer e ilustrador me ajudou a escolher a colorização como alternativa. Estudei durante alguns anos, e no início da pandemia de COVID 19, em 2020, decidi me dedicar totalmente à colorização. A baixa demanda na área de design me deu tempo para investir no sonho. Tive a ajuda de um grande amigo, Dijjo Lima, um conhecido colorista brasileiro, falecido ano passado, que foi meu mentor no início da carreira.
– Como vc vê o mercado hoje em dia, promissor, ou com muito profissional “sobrando”
O mercado é sempre muito movimentado e promissor para quem é dedicado. Existem centenas de artistas brasileiros de enorme talento trabalhando atualmente no mundo todo. Hoje em dia, os maiores quadrinhos da Marvel, DC e outros selos europeus são feitos por brasileiros, estamos no topo.
Os quadrinhos passam por uma fase muito positiva, e a cultura pop e geek tem ajudado na divulgação e surgimento de artistas novos. Tem lugar pra todo mundo.
– Seu trabalho é presencial ou trabalha 100% on LINE?
Eu trabalho 100% on-line. Trabalho no conforto de casa, e todo o contato com os artistas e editores é feito pela internet.
– Quanto a nova _onda” da IA que estamos começando a surfar, como vc vê o futuro da profissão que escolheu?
A IA é já é uma realidade, veio para ficar e não podemos ignorar. Assim como a fotografia veio para desafiar a pintura ou a arte digital vem substituindo a arte tradicional, a IA é a evolução da tecnologia e uma ferramenta poderosa. Infelizmente utiliza como base de dados o trabalho de muitos artistas que não são creditados, desvalorizando o verdadeiro trabalho de quem cria a arte. Acredito que no futuro próximo teremos muitos quadrinhos feitos totalmente por IA, mas nada substitui o trabalho humano na arte, e quem gosta de quadrinhos sabe reconhecer isso.
– Tem algum “trabalho” seu que mais gostou de fazer. Qual HQ e super herói?
Meu trabalho favorito até agora foi uma capa que fiz juntamente com Mike Deodato, para a edição especial de Tartarugas Ninja – O último Ronin, publicada pela IDW.
– Falando de estilos, como é feita a contratação ou seleção de um profissional para um job, e qual é seu estilo?
Alguns artistas trabalham com agenciadores, que mantém os contatos com editores e selecionam de acordo com as necessidades do projeto.
Mas nem sempre é assim, eu trabalho sem agenciamento. Faço a divulgação em redes sociais e entro em contato por Email com os editores. Alguns deles vem até mim solicitando o trabalho e os contratos são feitos individualmente.
– Existe alguma dificuldade maior para colorir algum tipo de HQ em especial?
A vida do colorista é difícil por completo, rs. As HQs do mercado americano, estilo comics de super-heróis são as mais difíceis porque os prazos são muito apertados e a quantidade de trabalho é enorme. Somos a última etapa da produção de um gibi, e sempre estamos na pressão. Mas artisticamente falando, as HQs europeias são mais elaboradas e desafiadoras.
– Para alguém que esteja querendo entrar no mercado, qual a dica que vc daria, ou “por onde começar”?
Comecem estudando muito, diariamente. Aproveitem as facilidades das redes sociais, sigam os artistas, assistam aulas e divulguem o trabalho. Mas lembrem que likes e visualizações não deixam seu trabalho melhor. Sejam humildes com sua arte e sempre escutem os mais experientes. Os artistas de quadrinhos são muito simpáticos e solícitos, sempre prontos para dar conselhos. Tive e tenho a ajuda de muitos deles até hoje.
A vida de quadrinista no Brasil por reconhecimento é uma batalha constante, mas também é muito recompensadora quando dá certo!
Para conhecer mais do trabalho do Renato, acesse seu portfólio digital em: https://renspillerccolorist.myportfolio.com/ ou em seu Instagram @renspiller.
Gostou? Comentários, dicas e qualquer coisa que queira falar, mande para geekpopfest@gmail.com
VAI ROLAR:
9 e 10 dezembro – UP! ABC – S. Caetano do Sul – @upabcfest
10 dezembro – CAMPINAS ANIME FEST – Campinas – @animefest
Por: Celso Marcondes Filho / Fotos: Divulgação