Há cerca de um ano, o Psiquiatra Felipe Renato Nadai teve o primeiro contato com a Psicanalista, Pesquisadora e Professora da Faculdade de Medicina da UFMG e Universidade de Paris, Doutora Erika Parlato Oliveira.
“Há uns quatro anos, iniciamos toda uma reformulação da saúde mental dentro da Unimed Rio Claro. Desde que me solicitou esta postura de reformular e modernizar os atendimentos, a gente vem trabalhando em ampliar a nossa atenção e torná-la mais específica e, principalmente, mais eficaz”, destacou Nadai.
Após estabelecer todo um percurso para o melhor atendimento dos pacientes, o médico foi em busca de conhecimento para o novo Programa que já é realizado em outros países, inclusive na rede pública da França, com resultados surpreendentes e que foi implantado através de estudos dos primeiros passos na intervenção com bebês em risco de sofrimento psíquico. “Com as pesquisas, percebemos que os bebês podem dar mais sinais do que aqueles que já esperamos, de acordo com cada período, como para falar ou andar, sendo possível, então, detectar se existem sinais de sofrimento psíquico e fazer a intervenção”, avaliou a pesquisadora.
Com isso, é possível constatar e até mesmo prevenir o autismo. “É esse o objetivo do trabalho. Os bebês serão acompanhados, principalmente no primeiro ano de vida. A partir dos sinais, podemos mudar o curso e evitar o sofrimento psíquico da criança no futuro, ou seja, detectadas capacidades diferentes, podemos prevenir o desenvolvimento do autismo e de outros sofrimentos. Um trabalho desenvolvido para a família toda”, disse Nadai.
O projeto preventivo recebe o nome de “Eu Desenvolvo”. Dentro dele, existem os grupos de gestantes, de puerpério, e a Clínica Pais Bebês para o público zero a três anos, que é desenvolvido há três meses na Unimed de Rio Claro com equipe formada por diversos profissionais como enfermeiros, médicos e psicólogos que estão aptos a detectar se existe algo diferente no desenvolvimento da criança.
Para isso, são utilizados vários métodos, como atendimentos com bebê, com a família e até mesmo gravações em vídeo da criança. Ou seja, o bebê não vai passar apenas por consultas de acompanhamento com o pediatra, como normalmente ocorria, agora, será atendido na Clínica que passa a ter esta visão e este serviço a mais.
“Atualmente, temos dois públicos que acolhemos na clínica: um que pertence ao nosso projeto, onde fazemos o acompanhamento do bebê no primeiro ano de vida, fazemos algumas consultas para ver como está se desenvolvendo, e temos o público que vem com encaminhamento médico”, explicou a psicóloga consultora da clínica pais-bebês da Unimed Rio Claro, Jaqueline Cristina da Silva.
Os profissionais destacaram que desde a implantação, todos os bebês que nascem no hospital já saem da unidade com agendamento para a Clínica. A média atual de atendimento em bebês de zero até 12 meses é de dez crianças por semana e de zero a três anos é de 30 atendimentos. “Os pais estão recebendo muito bem, todos querem o desenvolvimento do filho, portanto, é um serviço oferecido de forma gratuita para eles”, destacou a enfermeira e coordenadora da maternidade do hospital Unimed Rio Claro, Janaina Gregório Pelarigo Manesco.
Durante esta semana, diversos profissionais credenciados à Unimed de Rio Claro participaram de capacitação com a pesquisadora. Estes, que vão atuar na linha de frente, devem estar aptos para detectar se a criança apresenta ou não um sofrimento psíquico. A pesquisadora destacou que se sente motivada com o programa no Brasil e com a parceria com a Unimed para implantação.
O psiquiatra Felipe Renato Nadai, a pesquisadora Doutora Erika Parlato Oliveira, a enfermeira da maternidade Janaina Gregório Pelarigo Manesco, a psicóloga Jaqueline Cristina da Silva, e a Psicóloga e Psicanalista Deise Basso receberam a imprensa para explicar o trabalho.