Desde criança, Kátia Heli já sentia a magia do rádio. Acordava de madrugada para acompanhar o pai, Zé Butinudo, nos estúdios da Rádio Clube de Rio Claro. Esse contato desde cedo despertou sua paixão pelo meio, mas sua carreira no rádio começou muito mais tarde, quando recebeu o incentivo de Anna Maria Meireles de Mattos, proprietária da Rádio Educadora de Piracicaba. Foi ali que sua voz encontrou o primeiro microfone e, desde então, nunca mais saiu do ar.
Hoje, Kátia Heli é uma das vozes mais conhecidas do rádio na região. Com 27 anos de trajetória, sempre manteve um vínculo forte com Rio Claro, a cidade onde nasceu e vive até hoje. Seu nome é referência quando se fala em comunicação e sua conexão com os ouvintes vai além das ondas sonoras. “O mais emocionante é encontrar na Fraternidade com as pessoas e sentir o carinho que elas têm por nós, como se fôssemos aquele amigo que está todos os dias em suas casas”, conta.
A radialista, que já comandava em Araras a programação das 8h às 11h, agora assume também um novo desafio: estar no ar das 5h às 8h da manhã, levando sertanejo para as madrugadas. O convite veio após o falecimento de Finorinho, que esteve à frente desse horário por 43 anos. “Foi um golpe para todos nós. Mas é uma honra ter sido escolhida pelo Marcelo Fachini para dar continuidade a esse legado. Sei que os ouvintes estavam acostumados com ele, e manter essa qualidade será um grande desafio”, afirma.
Com um repertório musical que sempre teve forte influência do sertanejo, Kátia se sente confortável com a nova missão. “Na minha playlist pessoal já tem muita música sertaneja. Então, será uma adaptação natural”, brinca. E mais do que continuar um trabalho de sucesso, ela também vê um simbolismo importante nessa mudança: “A grande novidade é uma mulher assumindo as madrugadas sertanejas no rádio da nossa região. Ainda somos poucas no meio”, destaca.
No Dia Internacional da Mulher, Kátia reforça essa realidade. “Precisamos de mais mulheres no rádio. Normalmente, em uma equipe de locutores, tem apenas uma mulher. A maioria das profissionais ainda fica nos bastidores, enquanto os homens dominam os microfones”, observa. Apesar disso, ela sente que conquistou respeito no meio. “Às vezes rola um ciúme, o que acho até natural por ser um ambiente majoritariamente masculino, mas sempre fui respeitada pelos colegas”, completa.
Com orgulho da profissão que escolheu, Kátia vê no rádio a continuação da história da sua família e uma paixão que só cresce. “Sabia que um dia teria a oportunidade de comandar um programa sertanejo, só não achei que seria tão cedo. A oportunidade chegou e eu vou fazer o meu melhor para que seja um grande sucesso”, afirma.
E para as mulheres que sonham em seguir o mesmo caminho, ela deixa um recado: “Venham para o rádio! Precisamos de mais vozes femininas nos microfones. Trabalhar com rádio é bom, divertido e prazeroso demais.
Apesar de trabalhar há anos em Araras, é para Rio Claro que Kátia sempre volta. A cidade onde nasceu e construiu sua vida continua sendo seu porto seguro. “Rio Claro é minha casa, meu lugar. Todos os dias, depois do programa, é para cá que eu volto, porque é daqui que eu gosto, é onde está minha essência”, afirma. Mesmo levando sua voz para além das fronteiras da cidade, seu coração e suas raízes continuam firmes no solo rio-clarense.
Foto: Arquivo Pessoal