Um computador, que ocupava todo um prédio na década de 1970, hoje cabe no bolso. Em meados de 2025, caberá em uma célula sanguínea. Num dia qualquer de 2029, será possível comprar nas lojas de eletrodomésticos, ou mesmo pela internet, computadores milhares de vezes mais potentes que o nosso cérebro, por pouco menos de mil dólares.
Por volta do ano 2040, haverá máquinas cujas capacidades cognitivas serão milhões de vezes maiores que as do cérebro humano, competindo em pé de igualdade, ou superior em muitas de nossas atividades profissionais. Imagine só perder seu emprego para uma máquina muito mais inteligente, produtiva, e até mais simpática que você?
Máquinas terão sentimentos, algumas serão geniais roteiristas, outras diretoras de cinema, poetas, artistas plásticas e tudo o que a imaginação biologicamente constituída foi capaz de criar até nossos dias.
Num futuro um pouco mais distante, os avanços da medicina, sob o domínio da nanotecnologia, serão tantos, que estaremos perto, muito perto de realizar o sonho mais fundamental: a imortalidade.
Toda essa inteligência artificial, ou não-biológica, um termo mais apropriado, poderá ser usada para acabar com a miséria, doenças e outros problemas que afligem o mundo, desde que nosso primeiro ancestral resolveu fazer uma ferramenta que o ajudasse a caçar.
À primeira vista, essas e outras previsões, assim soltas no início desse texto, estariam mais para coisa de ficção científica de quinta categoria. Mas, todas elas e muitas outras de mesmo naipe estão associadas ao respeitado engenheiro e inventor americano Raymond Kurzweil, autor de livros como “A Era das Máquinas Espirituais” e “A Singularidade está Próxima”, este último sem tradução para o português.
Ray, como é mais conhecido, faz suas previsões sempre baseadas em projeções e modelos matemáticos aplicados à evolução dos materiais e componentes eletrônicos, além das pesquisas em curso nos mais diversos setores da ciência e indústria. E o tempo tem mostrado que ele só acerta em suas previsões.
Foi num remoto dia no início dos anos 1990, por exemplo, que Kurzweil disse que antes que a década terminasse um computador venceria o campeão mundial de xadrez. Na época, muita gente riu, é claro. Dito e feito: em 1996, o Deep Blue, supercomputador construído pela IBM, venceu pela primeira vez o russo Gary Kasparov, não só campeão mundial, mas o maior enxadrista de todos os tempos.
Bem antes disso, em 1980, Kurzweil falava em uma tal rede mundial de computadores, com base nas pesquisas e esforços em andamento por parte dos cientistas, que necessitavam de uma rede para compartilhar seus dados com colaboradores. Deu no que está aí na palma de nossas mãos.
Criticado por seu otimismo incorrigível com relação ao futuro da humanidade, Kurzweil fala até na possibilidade de um dia ser possível baixar todo o nosso conteúdo cerebral para uma máquina, um novo corpo mais forte que o anterior, e assim perpetuar-nos por aqui. Resta saber se nessa transferência a nossa consciência despertará na nova “plataforma”.
Tirando a exclusão social e digital, que precisa ser resolvida, há pessoas que tem acesso mas se negam a querer aprender, saber e acompanhar os avanços. Essas se despedem do mundo que nos espera. Outros se contagiam com um vírus. O vírus incurável que nos faz enxergar à frente no tempo e no espaço.