Bom dia leitoras e leitores do Diário. Sexta-feira santa. Dia em que tudo silencia. No passado, era um dia de respeito e reflexão. Lembro que, lá em casa, sequer o rádio era ligado, e a tevê também não. Não se comia carne vermelha. Ia-se à igreja e encontrava-se o templo enlutado. Um pano roxo, enorme, cobria Nosso Senhor Jesus Cristo crucificado da cabeça aos pés. Havia, enfim, o que hoje falta, e muito. Havia respeito.
Ao lado do amor e da humildade, o respeito é a maior das virtudes. O respeito possibilita a caridade, à medida que não fazemos distinção entre os que merecem e os que não merecem ajuda. Todos merecem ajuda. Todos são filhos de Deus. Alguns caídos, outros levantados. Mas todos são. Ao menos, é o que nos ensina o ente crucificado que a todos nós, dedicou e dedica, incondicionalmente, o seu amor.
Não à toa, seu nome jamais foi esquecido e seus feitos despertam interesse de leigos e entendidos, crentes e ateus. Seu código moral, está acima dos possíveis dogmas e possíveis interesses de qualquer religião. Porque exemplifica claramente aquilo que ele mesmo estabeleceu como a maior das leis: amar o próximo como a si mesmo, e a Deus, sobre todas as coisas.
Trocando em miúdos, seja bom para o outro, o tanto quanto deseja que sejam os outros bons para com você. Não faça ao outro, o que você não gostaria que lhe fizessem. De fato, nisso se resume toda lei e, porque não dizer, o fundamento e a finalidade de todas as religiões.
Que não houvesse religiões no mundo, mas, houvesse essa consciência e essa prática entre os seres humanos, e todos os problemas do mundo estariam resolvidos. Mas não é assim. Ainda não é assim. Mas será um dia. Quem estará aqui pra ver, não sei. E não me arrisco adivinhar.
Enfim, talvez possamos aproveitar o dia de hoje, para refletirmos um pouco mais sobre nossas vidas. As atitudes que temos tomado, as escolhas que temos feito. Se bem que em tempos como este que vivemos, as necessidades básicas se sobrepõe aos interesses filosóficos. Não podemos nos esquecer, entretanto, que somos seres pensantes. O pensamento cria. Disso já sabiam os sábios da Antiguidade. De sorte que, alimentar maus pensamentos, ideias fixas e destrutivas como o pessimismo, é abrir as portas do inferno para as nossas vidas. E não merecemos e não precisamos disso. Qualquer que seja a dificuldade, por maior que seja, alimentar a fé, a esperança, o bom humor (tão próprio do brasileiro) ainda é a melhor saída, que nos levará à uma iniciativa inteligente, a partir da qual, encontraremos solução para os nossos problemas.
Nas horas mais duras e doídas da vida, nem sequer por um instante, pensemos agir com violência, na vã ilusão de que, através dela, poremos fim ao nosso sofrimento. Ao contrário, ele só aumentará. Jesus, esse homem admirável, hoje muito lembrado, que merece ser objeto de estudo por toda pessoa sensata e disposta em se aperfeiçoar como ser humano, não usou da espada, recomendou que ela fosse guardada. Alguém pode dizer, sim, mas ele terminou seus dias humilhado, de modo infame, pregado a uma cruz. E eu respondo, qual de nós, neste mundo, não somos instados a carregarmos uma cruz, em algum momento de nossas vidas? Qual de nós, não terá algum dia, de fechar os olhos para todo sempre? O que de fato importa, é o que fazemos de nossas vidas, enquanto aqui permanecermos. E o legado que deixamos.
O hoje de nossas vidas é a construção do nosso amanhã. Se não somos felizes hoje, se não somos vitoriosos hoje, podemos ser amanhã. Mas disso dependerá as escolhas e decisões que tomarmos hoje. Se isso vale pra mim e pra você, leitor, vale também pra toda a humanidade. A construção de um mundo melhor, depende do interesse e da iniciativa de cada um de nós, nesse sentido. Bom feriado a todos. Saúde e paz.