Diferentemente dos outros séculos, o século XX ainda permanece entre nós. E é provável que seja assim para sempre. A menos que, de fato, tenhamos um ‘reset’ total, o que eu duvido em face às circunstâncias bem diferentes daquelas de quando ocorreram outros ‘resets’ na história deste mundo. Quando digo total, me refiro a um término e um reinício, a tudo o que se refere à política, economia, cultura, religião, etc.
A Teoria do Caos à Ordem, artigo de fé para muitos, e tão disseminada, é a meu ver burra e ultrapassada. Bem ao feitio das mentes conservadoras. Mas, voltando a falar sobre o século XX, ele está registrado em imagens em movimento e reproduções em cores da realidade. Há também vozes eternizadas que não se permitem contradizer, porque estão registradas. É mais difícil distorcer os fatos registrados do século XX.
Se bem que, havendo distorção, ela já está embutida, ainda que velada, na própria divulgação do fato e na opinião resultante do mesmo, os quais muitas vezes constroem uma narrativa em algo distante da realidade para atender a interesses daqueles que desejam ocupar espaço e se estabelecerem, quiçá, ‘ad eternum’ no poder.
O poder político, bem entendido, que é subalterno de luxo do poder econômico. Este sim, o poder de fato, o qual se utiliza do Direito, por intermédio das leis, para legitimar-se na estrutura de poder estabelecida. E legitimar também suas ações, que nunca visam o bem comum, mas, de uma minoria privilegiada. Enfim, a menos que encontremos uma solução, haveremos de arrastar o século XX pelos anos vindouros do século XXI como se fosse um cadáver insepulto.
A onda de nostalgia própria, como nos informa a História, dos primeiros anos de cada século, insiste em permanecer em cena, quando já deveria ter saído. Uma das razões para tanto é que no presente as pessoas vivem por mais tempo do que viviam no passado.
Muita gente considera isso sinal de progresso. Eu discordo. Seria progresso se vivêssemos em um mundo moralizado, onde os fortes, de fato, e não apenas da boca pra fora, cuidassem dos mais fracos. Onde todos tivessem à sua disposição o mínimo para uma existência digna. Onde as oportunidades fossem oferecidas iguais para todos. E que cada um pudesse fazer suas escolhas, em juízo próprio, sem ser obrigado pela força das circunstâncias, ou mesmo coagido, para tanto.
Mas, como se vê e como se sabe, estamos bem distantes dessa realidade pretendida. Enquanto isso, vamos vivendo o hoje, com os olhos no ontem. Cometendo, via de regra, os mesmos erros, fazendo as mesmas escolhas equivocadas, que impedem o nosso progresso individual e da coletividade à qual pertencemos. Também conhecida como: humanidade.