Chuvas e calor intenso anteciparam a proliferação dos mosquitos Aedes aegypti. Segundo o médico sanitarista e professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo, Sérgio Zanetta, a mudança climática foi a responsável pela epidemia de dengue que se alastrou de maneira mais forte este ano.
Esse aumento de casos que costumava ocorrer em março já está acontecendo no início de fevereiro. A mudança climática, as chuvas e o calor intenso causaram um desequilíbrio que permitiu o desenvolvimento propício ao vetor Aedes aegypti.
Nos últimos anos, devido ao confinamento e a outros comportamentos, aconteceu uma redução do número de casos e, segundo o especialista, isso fez com que se tenha hoje uma quantidade de pessoas suscetíveis muito grande, além da circulação dos quatro sorotipos no Brasil.
De acordo com Zanetta, uma pessoa pode pegar dengue quatro vezes em qualquer um dos sorotipos da dengue. “Há uma explosão em todos os estados. Entre os 10 com maior coeficiente de incidência, quatro são dos Estados do Sudeste, dois do Centro-Oeste – Goiás e Distrito Federal -, dois do Sul – Paraná e Santa Catarina – e dois, do Norte – Acre e Amazonas. Mas em todas as regiões há um grande aumento do número de ocorrências. É fundamental aumentar o trabalho de controle do vetor, mas também é preciso tratar as pessoas que estão com suspeita de dengue”, afirmou.
Tratamento
O professor de Saúde Pública explicou que há tratamento precoce para a dengue. Em caso de febre, dor no corpo, dor de cabeça e mal-estar e ausência de coriza e de infecção respiratória, a suspeita é de dengue e a doença pode se tornar grave se não for manejada adequadamente.
“Quem tiver esses sintomas deve iniciar imediatamente o tratamento precoce, que é a hidratação. Nos primeiros sintomas da doença, pacientes adultos devem tomar entre quatro a seis litros de água por dia e as crianças devem beber 60ml a 80ml por quilo. Mas é importante procurar assistência médica, que vai controlar o caso e ajudar a passar a infecção com mais conforto e impedir fenômenos hemorrágicos, diminuindo a hospitalização e, eventualmente as mortes”, orienta o professor.
De acordo com Zanetta, quem já teve dengue uma vez, na segunda ela pode vir mais forte, inclusive com fenômenos hemorrágicos e é fundamental não esperar ter sintomas de sangramentos, que podem ocorrer nas gengivas, nas fezes e na urina, além de manchas hemorrágicas pelo corpo. “Essa é uma prioridade que torna possível enfrentar essa epidemia”, finalizou.
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