Infelizmente para a Arte, o proselitismo de esquerda segue nos shows de Roger Waters no Brasil.
Na última quarta-feira (24), o cantor homenageou Marielle Franco, durante apresentação no Rio de Janeiro. Até aí tudo bem, uma homenagem qualquer que seja cabe dentro de um espetáculo musical, entretanto, Waters recebeu no palco a filha, a viúva e a irmã da vereadora carioca assassinada e, não obstante, um dos fundadores do Pink Floyd abriu o microfone às três que puxaram um coro ‘Ele Não!’, em referência ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). O que aconteceu? Mais uma vez, a plateia presente para ouvir belas canções, desta vez, no Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, vaiou a atitude descabida do Astro do Rock.
Passando do Astro do Rock para o Astro do Rap, quem deu seu recado também foi Mano Brow, porém não em um show – fato que, ao meu ver, foi muito menos pior – e sim durante Ato de Campanha em apoio a Fernando Haddad. O rapper responsável pela popularização do gênero no Brasil – e também por alavancar às paradas inúmeros sucessos dos álbuns ‘Raio X Brasil’, de 1993, ‘Sobrevivendo no inferno’, de 1997, e ‘Nada como um dia após o outro dia’, de 2002 –, fez um ‘mea culpa’ que, no mínimo, colocou os comensais em palpos de aranha ao apresentar o seu Banquete de ideias. Concordo com a crítica que o músico apontou de que a facção deixou de lado a comunicação com o povo, porém, não creio que a cúpula petista queira voltar para a base. “How… how Brown, acorda, sangue bom. Aqui é Capão Redondo, ‘tru’, não Pokemon!”
Contudo, no dia seguinte ao rompante de Brown, o candidato à Presidência nas Eleições 2018 admitiu que o partido precisa ser ‘reconectado’ com a população da periferia. Pois é, não há dúvida de que Haddad concordaria com o porta-voz da juventude periférica que, aliás, passou os últimos 16 anos esquecida e relegada pela Intelligentsia Sinestromana que, com seus chapéus coco, cervejas artesanais e cigarrilhas de palha preferiu seguir inventando discursos de paz do alto de seu implacável autoritarismo. Para quem não tem nada a metade é o dobro e, na reta final, tomando lavadas seguidas nas pesquisas de opinião, não poderia ser diferente: o poste aceitou – vejam só! – até uma análise contundente!
Enfim, o que importa é que HOJE acordamos com a expectativa de eleger um novo Presidente da República nesta sexta eleição direta da Nova República do Brasil. AMANHÃ, quando já estiver eleito o sucessor das quase duas décadas de desgoverno petista, poderemos voltar às nossas vidas normais, pois teremos cumprido mais um ato cívico nessa Grandiosa Festa Democrática. Sim, pois o Regime Político no qual todos os cidadãos participam igualmente — diretamente ou através de representantes — desde a proposta, passando pelo desenvolvimento até a conquista e/ou entrega do poder através do sufrágio universal, ainda é a Democracia!
Mesmo assim, não podemos esperar que a Democracia seja perfeita ou sem defeito até mesmo porque, parafraseando Winston Churchill, é a pior forma de governo, salvo todas as demais experimentadas em qualquer parte do Mundo. Portanto, para o bem ou para o mal, daqui a exatos quatro anos tem mais e, caso o novo governante acabe mesmo com a reeleição, conforme foi aventado durante a campanha, quem sabe poderemos escolher entre dois candidatos bons ao invés de um péssimo e um bom! Assim, sucessivamente, seguiremos rumo à excelência nas urnas, pois a Esperança segue presa na Caixa de Pandora. Até domingo que vem!
O autor é Mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp.