Em recente entrevista coletiva na Europa, o ator e agora diretor Wagner Moura disse – em um tom de resistência digno de uma criança de cinco anos – que o seu filme ‘Marighella’ é maior que Bolsonaro. Faltou apenas o: “É sim, É sim, É sim!”, batendo os pezinhos no chão!
A obra adaptada da biografia de Carlos Marighella, escrita por Mário Magalhães, estreou no 69º Festival Internacional de Cinema de Berlim no dia 14 de fevereiro e ficou fora da competição pelo Urso de Ouro, uma vez que a crítica alemã definiu o longa como “uma epopeia cansativa de mitificação”. Não quero entrar no mérito da questão que tange o ‘valor’ da obra, pois não vi e não pretendo perder meu tempo com uma bobagem que pretende promover a humanização/glamourização de um terrorista!
O encontro de Capitão Nascimento (Wagner Moura) com Mané Galinha (Seu Jorge), certamente as duas figuras mais icônicas do Cinema Nacional a partir dos anos 2000 – período em que, aliás, as produções entraram com os quatro pés nas questões políticas, sociais e religiosas, distanciando a sétima arte de seu sentido primeiro: fazer sonhar! –, provou ser nociva a Nação. Claro que, brincadeiras à parte, até porque as personagens vividas pelo diretor e pelo protagonista de ‘Marighella’ nos longas ‘Tropa de Elite’ (José Padilha, 2007) e ‘Cidade de Deus’ (Fernando Meirelles, 2002), nada têm a ver com essa experiência caricata e, repito, pretensiosa, de transformar um terrorista em herói, contudo, não poderia deixar de mencionar a associação que tão bem alude os contrastes do Brasil Real.
Ainda que, provavelmente, venha a ser um fracasso nas bilheterias, a obra tem uma razão de ser e, diferente de ‘Lula, o Filho do Brasil’ (Fábio Barreto, 2010) – que não foi mais que uma Ode Burlesca ao Condenado [que não canso de repetir: em dois processos!] de Curitiba que, àquele momento, já estava desfalcando o erário público à tripa forra e atolado até o pescoço no Escândalo do Mensalão –, que pretendia transformar o pobre pernambucano em uma espécie de ‘mito’ e, também – o que acabou conseguindo, infelizmente –, eleger a PresidAnta Dilma Rousseff, Marighella foi feito pela esquerda para a própria esquerda com o intuito único de reorganizar os militantes e trazer à tona os seus símbolos na busca de uma unidade.
Concordo com a frase de Moura quando afirma que seu panfleto audiovisual sobre a vida do autor do ‘Minimanual do Guerrilheiro Urbano’ [apologética publicada em 1969 que considero para lá de detraquê] é maior que Bolsonaro. Como bem lembrou meu colega de trincheira, Ítalo Lorenzon, no Boletim da Manhã da última segunda-feira (18) do Canal Terça Livre, em termos financeiros, sem a menor sombra de dúvida, o montante gasto com o filme foi exorbitantemente maior do que o investido em toda a campanha do Presidente da República, sendo que apenas o primeiro foi pago 100% com o dinheiro dos pagadores de impostos, ou seja, dinheiro de, entre outros, do Nobre Leitor e da Estimada Leitora. Ao todo, foram R$ 3,55 milhões contra R$ 2,83 milhões, respectivamente!
Agora, veja: em a ‘Conquista do Estado’ (Escritos Políticos, Antonio Gramsci, Serra Nova, 1971), o Pai da Revolução Cultural e responsável pela escuridão em que vivemos, doutrina: “Devem ser procuradas as condições da nova ordem comunista destinada a substituir o costume burguês (…) mas as condições de partida para a luta não são iguais para todos, ao mesmo tempo (…).
O princípio associativo e de solidariedade (…) muda a psicologia e os costumes (…) [e então] surgem instituições e órgãos que encarnam este princípio; com base neles, inicia o processo de desenvolvimento histórico que conduz ao comunismo dos meios de produção e venda”. É preciso estar sempre alerta, pois, ocupando paulatinamente e de forma silenciosa o meios culturais, a Intelligentsia Sinestromana segue com seu intuito maior: transformar o País em uma Venezuela. Até semana que vem!