“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo demônio.
E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. O tentador chegou mais perto e disse: ‘se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães’. Jesus, porém, respondeu: ‘Está escrito: não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” – Matheus: 1, 1-4 – Bíblia.
“Que me pesa que ninguém leia o que escrevo? Escrevo-o para me distrair de viver, e publico-o porque o jogo tem essa regra. Se amanhã se perdessem todos os meus escritos, teria pena, mas, creio bem, não com pena violenta e louca como seria de supor, pois que em tudo isso ia toda a minha vida. Não é outra, pois, que a mãe, ante o filho [. . .].” – Livro do Desassossego: página 141 – Fernando Pessoa, Cia. Das Letras 1997.
“No caso mínimo da crônica, o auto-reconhecimento da minha ineficácia social de cronista deixa-me perfeitamente tranquilo. O jornal não me chamou para esclarecer problemas, orientar leitores, advertir governantes, pressionar o Poder Legislativo, ditar normas aos senhores do mundo. O jornal sabia-me incompetente para o desempenho destas altas missões. Contratou-me, e não vejo erro nisto, por minha incompetência e desembaraço em exercê-la.” – Boca de Luar, página 200 – Carlos Drummond de Andrade, Editora Record 1989.
“Se eu vejo um papel qualquer no chão, tremo, corro e apanho pra esconder. Com medo de ter sido uma anotação que eu fiz que não se possa ler e eu gosto de escrever, mas eu sinto medo! Eu sinto medo! Tinha tanto medo de sair da cama à noite para o banheiro. Medo de saber que não estava ali sozinho porque sempre, sempre, sempre… Eu estava com Deus! Novo Aeon: Lado B, faixa 2 – Raul Seixas, 1975.
São apenas citações com as quais convido os leitores para uma reflexão neste início de mês de fevereiro. Jamais esquecendo que escrever é a arte de cortar palavras e também uma forma de esquecer. A Literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida cujo cumprimento, creio, assim como o cancioneiro, seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente… Até domingo que vem!