Na última quarta-feira (19), o lançamento de ‘Conta comigo’ completou 32 anos!
Dirigido por Rob Reiner – que acumula no currículo outros clássicos como ‘Harry e Sally – Feitos um para o outro’, de 1989, e ‘Meu querido Presidente’, de 1995 – o nome do filme faz menção à canção ‘Stand by me’, interpretada por Ben E. King que, aliás, assina a composição em parceria com Jerry Leiber e Mike Stoller. Além disso, vale destacar um fato importantíssimo, o de que o longa foi adaptado a partir do conto ‘O Corpo’, presente na parte ‘O Outono da Inocência’ da coletânea ‘As Quatro Estações’, de Stephen King.
A trama aborda a amizade de quatro adolescentes que, diante de uma aventura, inscrevem na alma o rito de passagem da juventude para a maturidade quando saem em busca de um menino desaparecido chamado Ray Brower.
Logo no início do livro de King, há um trecho em que Gordon Lachance, um dos garotos que, já adulto, atua como escritor e que reescreve o momento vivido, inicia com um trecho nada menos que magnífico! “As coisas mais importantes são as mais difíceis de expressar. São coisas das quais você se envergonha, pois as palavras as diminuem — as palavras reduzem as coisas que pareciam ilimitáveis quando estavam dentro de você à mera dimensão normal quando são reveladas. Mas é mais que isso, não?”
Na adaptação das páginas impressas de King para o vídeo de Reiner, os executivos da Columbia Pictures preferiram alterar o título original dessa Ode à Amizade de ‘O Corpo’ para ‘Conta Comigo’. Assim, nasceu a homenagem ao Clássico da Música Universal que também foi gravado por John Lennon em seu disco ‘Rock ‘n’ Roll’, de 1975.
Do álbum da Trilha Sonora de ‘Conta Comigo’, que era um desejo de infância e que, finalmente, acabo de encontrar em uma dessas garimpadas rotineiras nos sebos da vida, constam: do Lado A, ‘Everyday’, ‘Let the Good Times Roll’, ‘Come go with me’, ‘Whispering Bells’, ‘Get a job’; e, do Lado B, ‘Lollipop’, ‘Yakety yak’, ‘Great balls of fire’, ‘Mr. Lee’ e Stand by me’.
A última música do Lado B, gravada originalmente no terceiro LP de estúdio, o ‘Don’t Play That Song!’, passa uma mensagem de coragem que, por extensão, pode ser compreendida como um alento para corrida vida cotidiana. A letra diz, em tradução livre, que mesmo quando a noite estiver escura e somente a lua iluminar, ainda assim é preciso praticar a coragem. E vai mais adiante, inspirada no Salmo 46:2, enfatiza que mesmo que a terra mude e que os montes sejam transportados para o meio dos mares, é necessário praticar a coragem!
Enfim, tudo no conto, no filme e na trilha sonora tem um sabor de um tempo que transporta para um lugar em que as palavras, sejam as mais belas, as mais sinceras, as mais carregadas de sentimento, ficam desnecessárias e ou obsoletas, conforme apontou Lachance.
Por isso, faltando dois dias para o Natal, não quis tratar das mazelas do mundo com as quais vivemos diariamente e as infindáveis canalhices dos políticos e, portanto, desejo aos queridos leitores da Tempestade de Amianto um excelente Natal, repleto de Luz e de bons sentimentos, os puros e sinceros como a inocência das crianças da obra em questão que, a mim, marcou profundamente e a qual recorro na busca por um refúgio nesses dias maquinais.
Nos minutos finais do longa-metragem antes de soar a primeira nota lá da linha de baixo de ‘Stand by me’, quando Gordie busca um encerramento para a sua narrativa dentro da narrativa, conclui diante do computador algo entre triste e decepcionado: “eu nunca mais tive amigos como os que eu tive quando tinha 12 anos. Meu Deus! E alguém tem?” Até domingo que vem!
O autor é Mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp.