Sydney Gonçalves Wyss Barreto, perpetuado como Sydney Barreto, é um Patrimônio Cultural de Rio Claro.
Nascido em Campinas no trigésimo primeiro dia do terceiro mês de 1928, vive em prol da arte. Assim que procurado, Barreto atendeu à reportagem do Diário do Rio Claro sem hesitar. Detentor de um bom humor notável, se colocou à disposição para relatar um pouco de sua trajetória e obra. “Pode ser que eu esqueça de alguns detalhes. Então, enviarei documentos que, decerto, irão ajudar na matéria”, disse.
Afirmo ao leitor que não foi o caso, mas, se porventura acontecesse algum esquecimento por parte deste nobre artista, seria absolutamente normal, pois são muitas décadas de história. Me atrevo a dizer que todas as páginas do Diário do Rio Claro deste domingo seriam ocupadas com seus feitos artísticos.
Como músico, se notabiliza de modo ímpar ao fazer da gaita sua alma gêmea. Dada à sua extraordinária destreza, ditou um método musical, o “O Gaiteiro”, redigido há quase meio século. Aos que têm o anseio em dar início à aprendizagem deste instrumento, é possível encontrar o guia prático em lojas do gênero.
Barreto se dedica desde os oito ano à ocarina e à gaita de boca. Conforme relata ao Centenário, aprendeu a tocar num instrumento pertencente a seu irmão mais velho, Newton. “Quando ele saía para trabalhar, deixava sua ‘gaitinha’ muito bem escondida, mas eu usufruía”, relembra, acrescentando que aprendeu por conta própria, por volta de 1936.
Um pouco mais tarde, então com dez anos, recebeu na Rádio São Carlos, no programa intitulado “Escolinha Risonha e Franca”, o seu primeiro troféu. Posteriormente, como locutor e gerente, Barreto atuou em inúmeras emissoras radiofônicas, dentre elas, a Record.
O músico também trabalhou na gravadora Odeon, globalmente renomada, pela qual gravou, de 1961 a 1964, solos de gaita com exclusividade.
AMOR POR RIO CLARO
A despeito de ser campineiro, Barreto mantém desmesurado amor pela Cidade Azul, que o acolheu e por ele foi acolhida. Condignamente, recebeu o título de Cidadão Rio-Clarense outorgado pela Câmara Municipal. Sua afeição pela cidade foi explicitada por intermédio de muitas músicas e trovas dedicadas à terra da Rainha da Voz, o Rouxinol do Brasil, Dalva de Oliveira.
O artista compôs a marchinha do Galo Azul, Serra dos Padres, Praça da Matriz, Terra de Indaiá, Veteranos de Rio Claro, Marchinha da Samuca, e outras tantas.
Aos 90 anos, Barreto segue inspirado. Além de ser desenhista e topógrafo aposentado pelo estado, vive em meio às suas canções (são mais de 200 gravações de melodias por ele compostas), poemas e trovas. Um artista precioso. E completo. Possui inúmeros livretos impressos de poemas, pensamentos, acrósticos, trovas e contos.
Seus trabalhos constam em múltiplas antologias e coletâneas nacionais. Nascido numa família musical, Sydney, casado com Dione, teve cinco filhos, sendo que três deles optaram por seguir carreira neste meio. Não haveria de ser diferente. Seu legado é suntuoso. E só faz aumentar.