Em entrevista ao Diário do Rio Claro, o superintendente do Daae Osmar da Silva Junior revelou que a meta é construir uma terceira Estação de Tratamento de Água (ETA) no prazo de quatro anos. Segundo o superintendente, o sistema hoje se encontra sobrecarregado e há a necessidade de uma nova ETA para atender os bairros da região Sul, como Bonsucesso, Novo Wenzel, Centenário, Palmeiras e Inocoop.
“A intenção é construir a ETA 3 num curto prazo, nos próximos 4 anos no máximo, e fazer a captação nos rios Cabeça e Passa Cinco. Porém, dependemos da iniciativa privada, não conseguiremos fazer com recursos da Prefeitura ou do Daae – a não ser que consigamos uma emenda -, mas estamos trabalhando com a iniciativa privada para a ETA 3”, esclarece.
Questionado sobre o projeto para mudança de local da ETA 1, Osmar destacou que é um trabalho mais difícil por várias situações. “Primeiro por conta da área, a população do entorno do terreno escolhido é contra e a gente tem que achar uma alternativa, encontramos uma área excelente, até melhor que a anterior na Vila Bela, mas o Ministério Público entendeu que a área não é adequada. Conversei com o Gaema e tenho uma reunião com a promotora, quando vamos apresentar as preocupações e ver qual o caminho a seguir. Na minha opinião deve ser conduzido pelo Gaema que conhece o histórico do problema. Nesse sentido que vamos conduzir, mostrando a importância da construção da nova ETA. A qualquer momento pode dar problema e 40% da cidade ficará sem água.”
REPRESA
Outra notícia confirmada recentemente pelo governo do estado de SP foi a liberação de recursos para a construção de uma represa para atender a região. Osmar destaca que a represa poderá interligar com a ETA3, porém lembra que o processo é demorado. “Já existiam estudos do PCJ, que fez estudo técnico e mostrou que é viável a construção na região dos rios Cabeça e Passa Cinco, pois tem vazão suficiente para encher a represa. Mas é um longo caminho, que envolve desapropriações, laudos ambientais etc. Por outro lado também veio a informação de que seria no rio Corumbataí. Não tenho certeza do que vai acontecer, até marcamos uma reunião no DAE do estado, que é quem vai fazer obra, para entender onde vai ser, como a cidade participa, porque é extremamente importante para Rio Claro. Além de ser uma reserva de água bruta, é mais uma alternativa de captação.”
USO CONSCIENTE
Após um período de estiagem neste ano, Osmar diz que as chuvas das últimas semanas ajudaram, porém informa que os rios ainda estão muito aquém, se comparados ao mesmo período de outros anos. “Isso vem acontecendo desde 2014, de lá para cá, rios e represas não restabeleceram seus volumes normais, a queda no volume de água vem piorando a cada dia e a tendência é piorar cada vez mais. Nós temos que ter hábitos de consumo melhores, ter uma empresa mais eficiente com diminuição de perdas, fazer reflorestamento; é uma somatória de ações. A única certeza é que vamos aprender na marra a viver com menos, outra certeza é que a probabilidade de enfrentar racionamento no futuro é muito grande, por conta das mudanças climáticas.”
Osmar conta que, agora, a preocupação já é com o ano que vem. “No verão a gente sabe que vai chover, mas a preocupação é com o ano que vem, quando devemos enfrentar períodos longos de estiagem, por isso as campanhas de conscientização devem ser permanentes. Esse e um desafio enorme que não é só para Rio Claro, mas todos os municípios. Valinhos, por exemplo, neste ano ficou por três meses em racionamento, um amigo que mora lá tinha água só de terça e domingo. Será que vamos precisar passar por tudo isso para aprender a ter hábitos de consumo melhores? Cidades da Europa que passaram por crises hídricas fortes, hoje vivem com pouca água disponível e não passam apertado, se adaptaram. Por isso a importância de ter reservas de água em casa, com caixas d’água, até para suprir em algumas paralisações momentâneas”, destaca.
Para exemplificar a importância da água e os custos, o superintendente fez uma conta simples. “Entendemos que a água é um direito, mas existem vários deveres também. Há muito trabalho por trás da água que sai da torneira, o Daae não vende a água, mas vende um serviço que é a água tratada de boa qualidade, água limpa para o banho, comida. É um serviço sério e de grande responsabilidade, com muitos procedimentos. Diante de tudo isso, a água é barata. Para uma família de quatro pessoas, por exemplo, que consuma 10 mil m³, o gasto fica em R$52 por mês, ou seja, R$1 por dia para ter água a sua disposição, consumindo 300 litros de água por dia, por pessoa. Uma garrafinha de água de meio litro você paga R$3, essa sim é cara”, alerta.
O decreto que multa o desperdício de água se encerra no próximo dia 15, porém Osmar deixa um apelo: “O meio ambiente está mudando e uma hora a natureza vai cobrar, por isso é preciso valorizar a água”.
Por Vivian Guilherme / Foto: Diário do Rio Claro