Sobre carniçais e o bolo orçamentário
► Quando balbuciamos sobre Gestão Pública há um problema crônico que afeta dezenas de prefeituras: falta de autonomia orçamentária. E neste escopo, meus caros, não estou falando sobre a falta/ausência de recursos, falo da ingerência ocasionada pela associação da falta de conhecimento técnico de quem está num determinado momento com a chave dos cofres públicos e a parafernália tecnológica de programas que criam e monitoram todas as rubricas orçamentárias, estabelecendo um embaraço fiscal no quesito execução orçamentária.
► Em resumo, quem não sabe como funciona o software – que por graça dos anjos – controla o orçamento de uma cidade, não conseguirá controlar os escassos recursos. Presenciei, por algumas vezes, orçamentos serem copiados de quadriênio para quadriênio para atender as recomendações dos egrégios tribunais, mas que colocam a saúde orçamentária das prefeituras em situação crítica.
► Meu caro, digo mais: cada real retirado do seu bolso para custear serviços públicos, é gerenciado por um programa que aterrissou em sua cidade com apoio de deputados, com lastro político em todos os cantos que transformaram-no numa barreira impenetrável?
► Parece piada, mas não é. A racionalização extrema, burocracia dura e burra. Vive-se, então, o ano fiscal de decretos de suplementação, supressão e afins para adequar o bolo orçamentário à realidade. Quem terá a coragem de exumar o defunto?
► Mesmo com toda essa escrita chata e morosa, percebe que a questão política é complexa, envolve acordos, conversas, amizades que extrapolam planos de governos?
► Por isso, por vezes, respondendo alguns questionamentos que me chegaram, é preciso compor com o adversário. É melhor colocar o guizo no gato e deixar o CPF da toupeira à disposição das autoridades do que tentar um enfrentamento de peito aberto. Habilmente, atingirá o seu objetivo eleitoral. Trazer para a luz é melhor do que alimentar práticas condenáveis, os carniçais sempre se enrolam, cedo ou tarde.
► Afinal: “O mal nunca venceu o bem, senão usurpando a este o necessário para o iludir, o arredar, o adormecer, o fraudar, o substituir, o vencer. Se a injustiça, a mentira, o egoísmo, a cobiça, rapacidade, a grosseria d’alma, a baixeza moral, a inveja, o rancor, a vingança, a traição, aparecessem nus e desnudos aos olhos do indivíduo, aos olhos do povo, aos olhos da sociedade, aos olhos do mundo, ninguém preferiria o mal ao bem, e o bem não se veria jamais desterrado pelo mal.” – Rui Barbosa
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