O Dia Mundial do Diabetes é celebrado anualmente no dia 14 de novembro.
Estima-se que quase 9% da população brasileira seja afetada pela doença. Em uma década, o número de casos cresceu quase 62% no Brasil.
A data foi criada em 1991 pela International Diabetes Federation (IDF), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) com o
desígnio de conscientizar sobre a doença que afeta 8,9% de toda a população brasileira, segundo dados de 2016 divulgados pelo Ministério da Saúde. Este número corresponde a mais de 18 milhões de pessoas e representa um crescimento de 61,8% em relação a 2006.
E para falar acerca deste mal que afeta e modifica a vida de milhões de pessoas, o Centenário conversou com Itamar Perez, endocrinologista e clínico geral.
O QUE É A DIABETES?
De acordo com Perez, é caracterizada pela elevação da taxa de açúcar no sangue e se dá devido ao desiquilíbrio entre a produção de insulina e seu funcionamento.
QUAIS OS TIPOS?
O médico diz que, basicamente, dentre os mais comuns, está o Tipo 1, que é quando ocorre uma falência na produção da insulina. Segundo ele, geralmente isso ocorre porque existem fatores que levam à destruição autoimune das células que produzem a insulina, no caso, as células pancreáticas, sendo mais comum em crianças e adolescentes.
Existe também a diabetes Tipo 2, que é a mais frequente e ocorre devido ao envelhecimento do organismo, e um dos fatores precipitantes é a obesidade. Costuma afetar indivíduos a partir dos 40 anos de idade e tem uma relação muito grande com ter familiares diabéticos ou não. Há também a Tipo 3, que é gestacional, em que a diabetes surge durante a gestação e, conforme Perez, ela cessa, na maior parte dos casos, quando termina este período.
COMPLICAÇÕES
O profissional enfatiza que a diabetes acomete tanto a microcirculação, quanto a macrocirculação. “As complicações mais comuns são infarto do miocárdio, Acidente Vascular Cerebral (AVC), problemas circulatórios com risco de amputações de membros, problema renal, que leva à insuficiência renal crônica, alterações de retinas, que levam à retinopatia diabética, que se não diagnosticada e tratada leva à cegueira. “São essas as complicações graves e que fazem com que o paciente diabético passe a ter uma longevidade menor e, claro, complicações ao longo da vida”, explica Perez.
QUAIS OS SINAIS?
O médico pondera que é importante ressaltar que a diabetes é uma doença silenciosa. Durante muitos anos, a maior parte dos indivíduos por ela acometidos não sentirá sintoma algum. Porém, há alguns que são clássicos, como urinar muito, sentir muita sede e beber muita água, emagrecimento, que ocorrem em estágio mais avançado da doença. “Por isso a diabetes é tão perigosa, pois ela não causa sintoma durante muito tempo”, afirma.
COMO DIAGNOSTICÁ-LA?
Itamar Perez esclarece que, fundamentalmente, a diabetes é diagnosticada através de medição do nível de glicose com um jejum de, pelo menos, oito horas. “Qualquer medição a partir de 126 em duas ocasiões, já fazemos o diagnóstico de diabetes”, afiança. Porém, existem pessoas que têm pequenas elevações de glicemia. A taxa habitual normal é em torno de 99. “Então, valores entre 99 e 125 são duvidosos. Assim sendo, lançamos mão de outros recursos e outros tipos de exames para que seja possível fazer o diagnóstico adequado”, elucida.
PESSOAS COM MAIOR RISCO DE DESENVOLVÊ-LA
O especialista diz que, quanto à Tipo 2, principalmente, que é a mais frequente, o maior fator de risco é ter parentes próximos, de primeiro grau, que sejam diabéticos. “Quando se tem pai ou mãe diabéticos, a probabilidade é de quase 40% de desenvolver a doença”, destaca.
Junto a isso, o próprio aumento da idade, já que a partir dos 40 anos já começa-se a ter o aumento da incidência da doença. “Há uma relação muito grande também com o ganho de peso. Quanto maior o índice de massa corpórea, maior a possibilidade de desenvolver a doença”, alerta. Agrega-se também a falta de exercícios, maus hábitos alimentares, dentre outros.
COMO PREVINI-LA?
“A melhor prevenção é manter hábitos de vida saudáveis. Procurar tentar variar o menos possível o peso no decorrer da vida. Quanto menos engordarmos, quanto menos se ganhar peso, melhor”, orienta.
COMO TRATÁ-LA?
Perez explica que o tratamento depende das mudanças no estilo de vida. Uma dieta equilibrada, pouco consumo de álcool, manter uma atividade física regular, um controle adequado através de medicamentos, bem como um acompanhamento médico rigoroso. “Como já mencionei, diabetes, durante muito tempo, não causa sintomas e, se esperar que surjam essas sintomas, é porque ela já está muito evoluída. Há pacientes que, por muitas vezes, deixam de ir ao médico, não tomam os medicamentos prescritos. Em suma: é a mudança do estilo de vida, além das medicações adequadas”, esclarece.
DIA MUNDIAL
Conforme o especialista, no biênio 2018-2019, o tema é “A família e o diabetes”. Para o médico, esse tema mostra que, como a maior parte dos diabéticos é do Tipo 2, e tem uma relação genética muito grande, nada melhor do que a família estar unida dentro das modificações do estilo de vida do próprio paciente. “A família é muito importante, porque se o seu pai, a sua mãe são diabéticos, você terá mais probabilidade de também ser. Havendo um estilo de vida mais saudável, você poderá, a nível de família, prevenir o aparecimento da doença”, finaliza.
RIO CLARO
O Diário do Rio Claro contatou a Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro para obter informações a respeito do amparo dado àqueles que têm a doença no município. Por intermédio de sua assessoria de comunicação, as indagações foram respondidas.
De acordo com a nota encaminhada à reportagem, Rio Claro, no SUS, atende o paciente portador de diabetes através da Rede Municipal da Atenção Básica e Especialidades. “Os atendimentos a esses pacientes são realizados nas Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família por meio de consultas médicas e de enfermagem para diagnóstico, tratamento e acompanhamento. Realizamos grupos com esses pacientes, com ênfase na prevenção e promoção da saúde. Nesses grupos, são orientados sobre a patologia, nutrição e tratamento medicamentoso”, destaca.
Acentua que, através do Centro de Especialidades de Apoio Diagnóstico, atende consultas com encaminhamento para o endocrinologista.
Além disso, realiza-se a entrega gratuitamente dos medicamentos necessários ao tratamento desses pacientes, por meio das Farmácias Municipais. “Durante o tratamento para os insulino-dependentes, fazemos a entrega, via protocolo instituído, do aparelho de glicosímetro para medir a quantidade de glicemia no sangue”, afiança.
Por fim, assevera que, nas unidades de saúde, mantém grupo de atividade física com os educadores físicos da Rede Municipal de Saúde.