Sentir-me Vivo não é das melhores sensações sempre
São 5 horas da manhã e eu não sei como que evitar o dia seguinte, funciona a esse ponto. Eu sei que a vida depois dos olhos se abrirem assola a minha alma, do corpo até o interior. É um sacrifício imenso conviver, quem dirá viver.
Estou dizendo palavras de amor agora, pois esse horário meio que me emociona, nada pode ser mais verdade do que a sobriedade de um céu das 5 horas que cai sobre nós. Nesse tempo, eu sei, que te amo muito ou muito pouco e sei que é verdade.
Há alguns anos eu acordaria mais cedo para ver TV na sala ao lado do meu quarto, sozinho, a solidão me persegue e ela não quer parar. Eu também não. O armário de remédios diminui e eu começo a ficar maior, essas coisas proibidas me dão um tesão imenso porque eu sou proibido em muitos pontos.
O clima anda quente e o meu corpo chora por todo lado, o sol me irrita e me queima às vezes, me sentir vivo não é das melhores sensações sempre, embora eu quase nunca tenha morrido.
Ninguém tá preparado de verdade para deixar o luto passar pela porta de nossas casas, arrasando nossas mães e acabando com nossos sorrisos. Eu nem me lembro mais de certas coisas, esse luto é um ladrão de recordações, além de muito mais…
Na memória nada permanece, é passageira demais e os momentos viram poeira que se vão em um sopro. Daqui dez anos não serei ninguém se não continuar guardando lembranças e, talvez, nem queira.
Texto escrito pelo aluno Uesley Eduardo estudante da Escola Estadual Zita de Godoy Camargo, sob curadoria de Rafael Cristofoletti Girro e Jean Erik Bacciotti, ambos alunos da Escola Estadual Heloisa Lemenhe Marasca, todos pertencente a Rede Camões de jornais escolares. O texto tem caráter pedagógico.