O “comer compartilhado” é um ato de extrema importância para o equilíbrio psicoquímico do organismo, mas exige cuidados, de acordo com o Dr. José Alves Lara Neto, médico nutrólogo e vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Todo o sistema nutroneurometabólico, que mantém a regulação corporal e sua disponibilidade energética, é forçado a buscar adaptações durante a alimentação e em seu dia a dia. Por isso, o momento da alimentação deve ser tranquilo ou, se possível, lúdico.
“As alterações do estresse, por exemplo, provocam mudanças químicas que influenciam as respostas fisiológicas responsáveis pelo equilíbrio psicofísico do indivíduo. Essa pequena alteração já é capaz de desencadear um comportamento de comer compulsivamente, por exemplo”, diz o médico nutrólogo.
Ele comenta que o ato de comer em conjunto faz parte da evolução humana em sociedade. “Quando estamos acompanhados nos momentos da alimentação, olhamos de maneira mais contextualizada aos alimentos. Você observa o outro e passa a fazer avaliações subjetivas a partir desse processo. Assim, surgem as receitas, por exemplo”, lembra.
O importante é ter uma sintonia entre os aspectos nutricionais, a duração e o ambiente em que se come. “Nenhum sentimento negativo deveria interferir nesse processo fisiológico. Se você tiver fome, você vai comer a mais. Se tiver estressado ou ansioso, você vai exagerar”, elucida.
O tempo estimado das refeições varia entre as culturas. Mas, logicamente, quanto mais tempo de exposição à comida, maior a tendência de um consumo exagerado. “Temos que ter em mente que não devemos comer apenas quando estivermos com fome. A ideia é ter um tipo de escala mental que vai do extinto de sobrevivência até o prazer e o sentimento de saciedade”, recomenda o vice-presidente da ABRAN.