Passa o tempo e o legado de um futebol bonito, bem jogado, ofensivo e vistoso permanece intacto e inspirando aqueles que ainda acreditam na esportividade, lisura e magia do futebol.
O futebol brasileiro vai perdendo o seu encanto. A maioria dos brasileiros, ainda o acompanha a par e passo, por hábito, não mais por prazer ou devoção. Os jogos, em sua maioria, são de péssima qualidade técnica, assim como o são a maioria de nossos jogadores, salvo raras exceções. O futebol brasileiro, outrora ofensivo tornou-se extremamente defensivo. Montar uma retranca que era recurso utilizado por times fracos quando enfrentavam times fortes, tornou-se rotina de todos os times. O objetivo de marcar gols, quanto mais possíveis, para vencer os jogos, inverteu-se para simplesmente não tomar gols, se possível, nenhum, para, ao menos, não perder. Como se, não perder, fosse a essência do futebol, o seu maior objetivo. Ora, neste caso, tirem as traves, por favor. Atacar, fazer gols e vencer, foi isso que nos ensinaram nossos grandes craques. E por isso nos apaixonamos pelo futebol. Por causa das grandes jogadas, por causa dos gols e das vitórias!
Mas o futebol, essa coisa tão brasileira, tão nossa, foi contaminado pela ideologia nefasta que exalta os derrotados e os medíocres. Vaga para uma determinada competição, tornou-se mais importante do que o título de uma outra. Então, perder para Marrocos e Senegal, com todo respeito, não causa espanto. Deveria. E não só espanto, revolução.
Acabaram com a alegria dos estádios, proibindo todo tipo de manifestação. Logo, e proibirão até comemorar os gols, quando eles acontecerem, e talvez, não aconteçam. Artilheiro de 9 gols. Vá dizer isso ao Zico, ao Serginho Chulapa, ao Dadá Maravilha. Então, resta aos saudosistas como eu, voltar no tempo. Voltar 41 anos atrás, e lembrar com lágrimas nos olhos e um ranço latente de ira e revolta, aquele 5 de julho de 1982, e os dias que o antecederam. Dias inesquecíveis, em que a magia do futebol esteve em campo, nos pés daquela seleção brasileira de futebol que encantou o mundo e encanta até hoje, mesmo não ganhando. Aquela seleção de 82, ela foi, o último ato de um futebol bonito, vistoso, ofensivo e bem jogado, que já não existe mais entre nós. Que pena!
Por Geraldo Costa Jr. / Foto: Reprodução