Após meses de investigação de irregularidades no Ministério do Meio Ambiente, não sobraram mais opções de se desvencilhar da pressão provocada pelo suposto envolvimento no corte ilegal de madeira e o envio da madeira ilegal para o exterior, o que gerou a demissão voluntária do ministro Salles, embora tal atitude não isentaria sua responsabilidade nas insensatas decisões tomadas em benefício dos madeireiros envolvidos nos cortes ilegais de madeira.
Seu substituto, Joaquim Álvaro Pereira Leite, indicado pelo chefe da nação, e que por coincidência, homem de confiança de Salles, também possui cargo no ministério do meio ambiente, e pelo visto irá continuar a mesma linha de pensamento ideológico de seu antigo chefe, com grande possibilidade de continuar passando a boiada, o que indica que não foi apenas uma troca de ministros, mas uma troca de vaqueiros com grande experiência administrativa em pecuária.
O novo ministro do meio ambiente, quando conselheiro da sociedade rural brasileira, instituição ligada à defesa dos interesses do agronegócio no país, demonstrou apoio a Salles em abril de 2020, quando veio a público a declaração do ex-ministro sugerindo que o presidente da República aproveitasse do foco na pandemia de covid-19 para “ir passando a boiada” na área ambiental. Era uma referência a alterações nas regras de licenciamento para exploração econômica e para o desmonte do amparo legal à preservação de biomas.
Mas o foco das discussões não é a saída de Salles e nem a entrada de Pereira Leite, mas o descaso com as entidades do terceiro setor, que hoje praticamente estão sem poder de voto na tomada das decisões para a regulamentação de normas e leis ambientais.
O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), órgão criado em 1982 pela Lei n º 6.938/81 – que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, é o órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Tem por objetivo assessorar, estudar e propor ao Governo, as linhas de direção que devem tomar as políticas governamentais para a exploração e preservação do meio ambiente e dos recursos naturais, criando normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.
A composição do Conama foi reduzida através do decreto presidencial nº 9.806/2019, passando de 93 para 23 assentos com direito a voto, dentre os quais dez são representantes fixos do governo federal e 13 são representantes rotativos que são sorteados – cinco de estados, dois de municípios, dois do setor empresarial e quatro de entidades ambientalistas. Antes do decreto presidencial do desmonte do CONAMA, haviam 22 cadeiras do terceiro setor ligadas a instituições não governamentais.
Temos em nosso país, instituições de pesquisa de renome internacional, que incansavelmente buscam novas tecnologias de produção, que se aplicadas nas terras improdutivas ou de produção ínfima, aumentaríamos nossa produtividade agrícola sem a necessidade de estar destruindo nossa floresta.
Em vez de investir em tecnologia nas áreas abertas e já desmatadas, preferem passar o correntão na floresta e devastar novas áreas. Preço de alto custo, que já está sendo cobrado pelas mudanças climáticas, escassez hídrica, além do surgimento de novas pragas e doenças virais.
Mas não desanimemos pois está chegando o tempo de destruíres os que destroem a terra (apocalipse 11:18).