Na data em que Rio Claro completa 194 anos, o município encontra nos serviços de saneamento bons motivos para comemorar avanços. Referência nacional em esgotamento sanitário, a cidade pode se orgulhar de seu nome e das águas claras de seus rios e córregos. Livres da poluição provocada por esgoto, os mananciais da cidade são monitorados, de forma rotineira e contínua há uma década, pelas equipes da BRK Ambiental, concessionária responsável pelos serviços de esgoto no município.
O técnico de laboratório, Fabiano Gomes Vasques, tem em sua rotina de trabalho a atividade de monitoramento dos rios, com coletas em 59 pontos da cidade; inicialmente, a atividade era desempenhada em 32 pontos de coleta. Há 11 anos na empresa e oito anos na função, Fabiano vivenciou de perto a transformação dos corpos hídricos.
“A despoluição mais recente foi a do Córrego da Servidão, mesmo que canalizado, mudou absurdamente a qualidade das águas. Fato que, aliado ao fim do mau cheiro na principal avenida da cidade, a Avenida Visconde, é uma grande conquista para a população rio-clarense”, comenta.
O monitoramento da qualidade das águas dos rios e córregos do município é realizado desde março de 2011. O trabalho é dividido em três grupos de corpos hídricos – Ribeirão Claro, Rio Corumbataí e Córrego da Servidão, e seus respectivos afluentes. A atividade é desempenhada sempre por dois funcionários da equipe de laboratório da concessionária que, em cada ponto de monitoramento, faz a coleta de 500 ml da água para análise de pH, turbidez, condutividade, temperatura e níveis de oxigênio – OD (oxigênio dissolvido) e DQO (demanda química de oxigênio). Com análises iniciais realizadas no próprio local e, posteriormente, em laboratório, avalia-se as condições de qualidade da água e, em caso de qualquer alteração, inicia-se, de imediato, as buscas pela origem da eventual ocorrência.
“É bastante comum encontrarmos pescadores nos locais de monitoramento ou sermos abordados pelos moradores dos bairros próximos aos rios com questionamentos sobre nossas atividades naqueles locais. É sempre muito gratificante receber o reconhecimento pelo trabalho desempenhado e, especialmente, poder comprovar pelas análises a recuperação dos nossos corpos hídricos”, destaca Vasques.
A despoluição dos rios e córregos de Rio Claro é resultado de investimentos e de avanços nos serviços de coleta, afastamento e tratamento de esgoto do município. Trabalho que se tornou fonte de inspiração para o artesão Sidinei Antônio Carvalho, conhecido como Nei Mosaico. Com sua arte de combinar pequenos cacos de cerâmica coloridos, ele uniu criatividade e satisfação pessoal num painel mosaico sobre o tema. “Coloquei todo meu sentimento no mosaico, numa maneira de expressar minha satisfação. Um relato de alguém que viu a necessidade e os resultados de uma iniciativa de preservação”, afirma.
Nei Mosaico diz que, desde criança, sempre teve consciência ambiental. “Quando menino, no Bom Fim – hoje Cidade Jardim – bairro onde nasci e cresci, tínhamos no Ribeirão Claro nosso parque de diversões. Nadar, pescar… a gente se enchia de alegria; e eu jamais decepcionaria minha avó que nos aguardava para preparar os peixes em seu fogão a lenha”, relembra.
O artesão também tem na memória o dia em que presenciou o que seria o início de um processo de degradação do ribeirão. “Lembro que um dos meninos gritou: ‘Olha a cor que está ficando a água!’. E não demorou muito para presenciarmos os peixes agonizando e o rio praticamente morrendo”, afirma.
Desde então, o tempo passou, os meninos daquele bairro se tornaram adultos, Nei se casou, teve filhos e hoje, além de contar as histórias daquela época, também pode celebrar a recuperação de seu rio. “Me lembro que, quando a empresa assumiu os serviços de saneamento na cidade, muito se falava na despoluição. Hoje fico satisfeito em acompanhar que se cumpriu a proposta, devolvendo vida ao meu velho ‘riozinho’. Quando passo por ele, sempre paro para observá-lo. Acho que ele ainda se lembra de mim”, comenta o artesão.
O painel mosaico com a temática da despoluição já foi inscrito na Mostra de Artes Novos Olhares. Na peça, o artesão destaca, com a imagem de um peixe – colorida e minuciosamente trabalhada -, a transformação do Ribeirão Claro por suas águas, hoje, livres de esgoto.
A DESPOLUIÇÃO DOS RIOS
Em pouco mais de dez anos, Rio Claro despoluiu seus principais rios e córregos.
O Ribeirão Claro, que dá nome a cidade, foi o primeiro a ser beneficiado com a retirada do esgoto anteriormente nele despejado. Para isso, foi necessária a construção da ETE Conduta, em 2010. A concessionária investiu mais de R$ 34 milhões na unidade e no sistema de coleta que direciona o esgoto até ela. Essa estação atende a uma região de 60 bairros e tem uma eficiência média em tratamento superior a 95%. É uma estação moderna, pois conta com tratamento terciário, que significa remover nutrientes específicos como nitrogênio, além de desinfecção final por ultravioleta.
O Córrego da Servidão, curso d´água que marca a área de formação do município, também já está livre do esgoto com a eliminação de um problema histórico e crônico da região de acesso à cidade: o mau cheiro. Sua despoluição é mais recente e para isso foram necessárias a implantação de 21km de redes coletoras e emissários de esgoto nas avenidas Tancredo Neves, Brasil e Visconde de Rio Claro e a construção da ETE Jardim Novo; estação que tem capacidade para tratar 272 litros de esgoto por segundo, com uma tecnologia importada e inovadora.
Vale ressaltar que a despoluição desses cursos d´água são exemplos de ações locais capazes de gerar benefícios regionais. Como os rios despoluídos em Rio Claro são afluentes do Rio Corumbataí, o trabalho executado na cidade é percebido também no município de Piracicaba, que utiliza esse manancial para captação de água.
Foto: Divulgação