Eles são pequenos, mas nem por isso menos perigosos. Os escorpiões têm assustado moradores dos bairros de Rio Claro que denunciam o aumento da proliferação desses animais peçonhentos. E não é para menos, já que a picada do bichinho pode causar sérios problemas à saúde e até mesmo matar. Portanto, todo cuidado é pouco e ações simples podem diminuir a incidência desses animais.
As altas temperaturas e as chuvas, comuns na primavera no verão, ajudam na proliferação de insetos dentro de casa, inclusive de escorpiões. Por isso, os cuidados e a atenção devem ser redobrados nestas épocas do ano para evitar riscos maiores para a saúde da família.
Dados do Ministério da Saúde apontam que no ano passado foram registrados quase 160 mil acidentes com escorpiões no Brasil. No mesmo período, o estado de São Paulo teve 33 mil acidentes e sete mortes, segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde. Em 2020 foram 36.109 casos e sete mortes. Neste ano, até agosto, foram registrados 20 mil casos, uma média de 94 por dia, e três mortes.
Em Rio Claro também houve aumento de ocorrências. O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) recebeu 196 notificações referentes a escorpiões de janeiro a novembro deste ano. Nesse período o CCZ registrou 80 acidentes com picadas e, felizmente, nenhum óbito. “Todos os acidentes registrados no município foram com escorpiões amarelo (Tityus serrulatus), considerado o mais perigoso”, alerta a bióloga do CCZ, Milene Weissmann.
Um desses acidentes ocorreu com a pequena Isis Elena M. Ribeiro da Silva, de cinco anos no dia 10 do mês passado. Ela foi picada enquanto brincava na sala de casa no bairro Santa Clara 2. Felizmente, a menina foi medicada e se recuperou. O mesmo não aconteceu com Maria Vitória Tagliar da Silva, de quatro anos, que morreu no mês passado após ser picada no pé em uma fazenda em São José do Rio Pardo (SP).
Saiba como prevenir
É importante que a população colabore para evitar acidentes. Os escorpiões gostam de locais úmidos e escuros, e geralmente se proliferam onde há lixo e entulho. Desse modo, é de suma importância eliminar esses resíduos para reduzir as chances de se deparar com o animal. A comunidade deve fazer o descarte correto do lixo e entulho, bem como limpar os quintais das residências eliminando materiais que possam servir de esconderijo para os escorpiões, como telhas ou de tijolos, por exemplo.
“Uma das causas que aproxima os escorpiões da cidade é o fato de as áreas urbanas abrigarem muitas baratas, que são o alimento preferido desses aracnídeos. De hábitos noturnos, os escorpiões ficam escondidos durante o dia, e de noite saem para se alimentar. É comum surgirem pela rede de esgoto”, informa Milene.
Diante disso, é importante vedar frestas, vãos, buracos e ralos, principalmente durante a noite. Como cuidado adicional, as pessoas podem sacudir brinquedos, camisas, calças e sapatos antes de usar, o que ajuda a diminuir os riscos da picada. Se mesmo assim for picado procure a unidade de saúde mais próxima o mais rápido possível. Crianças até dez anos devem ser levadas para a Unidade de Urgência e Emergência Nossa Senhora de Lourdes (antigo PSMI) na Avenida 15, anexo à Santa Casa.
Para orientar a população, o setor de Educação e Comunicação do CCZ, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, realiza palestras nas escolas sobre prevenção para crianças e adolescentes. Informações e orientações podem ser obtidas no blog do CCZ: cczrioclaro.wordpress.com.
Sinais e sintomas
Quando há picada por escorpião, a dor é imediata em praticamente todos os casos, além da sensação de formigamento, vermelhidão e suor no local. Após alguns minutos ou horas, principalmente em crianças, que são mais vulneráveis ao envenenamento, podem aparecer outros sintomas, como tremores, náuseas, vômitos, agitação incomum, produção excessiva de saliva, hipertensão ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque, entre outros.
Todos os escorpiões são venenosos e os riscos aumentam de acordo com a quantidade de veneno injetado e no quão nocivo o veneno de cada espécie é para o corpo humano. Os casos leves, que não necessitam da aplicação do antiveneno, representam cerca de 87% do total de acidentes. O soro antiescorpiônico é disponibilizado apenas nos hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).
Medidas de prevenção
Os escorpiões que habitam no meio urbano se alimentam principalmente de baratas, portanto, são comuns em locais com acúmulo de lixo. São animais que não atacam, mas se defendem quando ameaçados. Para evitar encontros indesejados, é importante:
- Manter lixos bem fechados para evitar baratas, moscas e outros insetos que sejam alimento dos escorpiões;
- Manter jardins e quintais limpos. Evitar acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das residências;
- Em casas e apartamentos, utilizar soleiras nas portas e janelas, telas em ralos do chão, pias e tanques;
- Afastar camas e berços das paredes;
- Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão.
O Ministério da Saúde não recomenda a utilização de produtos químicos (pesticidas) para o controle de escorpiões. Esses produtos, além de não possuírem, até o momento, eficácia comprovada para o controle do animal em ambiente urbano, podem fazer com que eles deixem seus esconderijos, aumentando o risco de acidentes.
Por Ednéia Silva