O município de Rio Claro é um dos berços da campanha republicana que derrubou o Império em 1889. Cronologia até 1930 mostra a trajetória das lideranças locais e regionais no movimento que mudou a história do Brasil.
1822
– Independência do Brasil.
– Propostas republicanas já existentes se acomodam à solução oportunista de uma independência com monarquia conduzida pelo herdeiro da Família Real dom Pedro I. O deputado constituinte e futuro fundador de Rio Claro Nicolau de Campos Vergueiro (foto) é um dos articuladores do movimento.
1827
– Povoado de Rio Claro é formado como distrito de Piracicaba. Monarquistas liberais como Nicolau Vergueiro e Antonio Paes de Barros conduzem o processo.
1845
– Com a instalação da Câmara Municipal, Rio Claro torna-se independente de Limeira e Piracicaba. Na imagem, o primeiro prédio próprio da Câmara de Rio Claro nos anos 1850, na esquina da Avenida 2 com a Rua 5..
– Sete vereadores liberais e conservadores governam o município. Entre si, eles disputam cargos públicos para ter acesso ao governo central.
– O futuro visconde do Rio Claro é presidente da Câmara Municipal. Ele lidera a disputa local de liberais contra os conservadores barão de Dourados e Elias Pacheco Jordão e outros.
1863
– Vindo de Campinas, Campos Salles instala-se com família em Rio Claro como advogado recém-formado. Dois anos depois ele volta para Campinas. Irá se tornar líder republicano nacional e futuramente será eleito presidente da República. Ele e os irmãos irão liderar a campanha republicana em Rio Claro. O irmão Joaquim Salles ainda era criança.
1865
– O vereador Joaquim Henrique de Araújo Cintra, o comerciante Joaquim Teixeira das Neves e outros liberais desafiam o poder visconde de Rio Claro ao criar o Grêmio Republicano de Rio Claro, um dos primeiros do País.
1868
– Fundada em Rio Claro a loja maçônica Fraternidade III de inspiração republicana. Entre seus líderes estarão Cerqueira César, Thomaz Carlos de Molina e Alfredo Silveira da Motta.
– O conservador e ex-vereador de Rio Claro José Elias Pacheco Jordão (foto) assume o governo de São Paulo e remove os liberais dos cargos públicos. Em retaliação, os liberais aderem à causa republicana organizando clubes republicanos de oposição ao Império.
1870
– Lançado o Manifesto Republicano no Rio de Janeiro.
1871
– Campanha antimonarquista marca posição. A Câmara Municipal vota moção de pêsames a dom Pedro II pelo falecimento da princesa Leopoldina. A propositura é rejeitada por três votos contra dois. Quatro vereadores faltam à sessão.
1872
– Fundado no teatro Fênix (foto, sem data) o Clube Republicano Rio-Clarense com adesão ao Clube Republicano do Rio de Janeiro. Manifesto é redigido por Cerqueira César e Alfredo Silveira da Motta e traz duzentas assinaturas. Entre os signatários está Antonio Francisco de Paula Souza, engenheiro da Companhia Paulista e patrono do atual Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. Campos Salles lidera o movimento local e em discurso na reunião critica monarquistas liberais e conservadores.
– Os vereadores republicanos Cerqueira César (foto 1), Cândido do Valle (foto 2) e Francisco Ernesto Malheiros defendem a separação entre Estado e Igreja e o fim da educação religiosa nas escolas públicas.
– O poder do visconde do Rio Claro (foto) está desafiado. Antigos líderes da cidade não deixam sucessores. Uma nova geração política entra em cena. Membros a família do visconde se tornarão republicanos.
1873
– A primeira convenção republicana do Brasil reúne líderes paulistas em Itu, entre eles Prudente de Moraes e Campos Salles, que serão os primeiros presidentes civis do País. Joaquim de Paula Souza, de Itu, representa Rio Claro.
– Fundado o Partido Republicano Rio-Clarense. – Surge o jornal republicano local Estrela D’ Oeste. Vereadores destinam recursos públicos para o jornal.
1875
– O jornal A Província de São Paulo, hoje Estadão, é fundado por Campos Salles (o primeiro à direita) e outros com a participação de acionistas rio-clarenses. A publicação centraliza a campanha republicana. Entre os fundadores (imagem) estão os vereadores locais Cerqueira César (o segundo à direita) e Cândido do Valle.
1876
– A ferrovia chega a Rio Claro. A riqueza dos fazendeiros do café amplia a reivindicação por poder político. Na foto, a primeira estação.
– Paulistas republicanos começam a participar de eleições legislativas.
– Fundado do Gabinete de Leitura. Propaganda republicana inclui difusão de espaços culturais.
– Surge o jornal O Futuro do republicano Alfredo Silveira da Motta.
1877
– Republicanos locais elegem maioria na Câmara Municipal. Vencem a coligação monarquista de liberais e conservadores. Rio Claro torna-se a primeira cidade do Brasil a ser governada por maioria republicana. Cerqueira César lidera o movimento local. Joaquim Teixeira das Neves (foto) é eleito presidente da Câmara. Ele é comerciante e proprietário das terras do atual bairro Claret e na região central. Irá disputar a liderança republicana com Cerqueira César.
– Pela primeira vez, republicanos elegem representantes para a Assembleia Paulista: Prudente de Moraes (533 votos) e Martinho Prado Junior (521 votos).
1878
– D. Pedro II visita Rio Claro. A comitiva imperial é recebida pelos vereadores e líderes republicanos Joaquim Teixeira das Neves e Cerqueira César, além do visconde do Rio Claro. Em política de boa vizinhança o imperador doa uma espada da Guarda Nacional (foto) a maçons da cidade, diz a tradição.
1879
– Fundação da Filarmônica. Cerqueira César é o presidente fundador. A iniciativa da sequência à pauta cultural republicana.
1880
– Mudança do vereador Cerqueira César para São Paulo esvazia o movimento republicano local. Número de vereadores do partido cai para três entre nove. Joaquim Teixeira das Neves não reelege..
– Republicanos começam a ser eleitos para as câmaras municipais na Capital e interior paulista: São Paulo (1), Itatiba (1), Amparo (3), Campinas (3), Lorena (1), Indaiatuba (7), Tatuí (2), Itapetininga (1), Rio Claro (3).
1881
– O Império se preocupa com o poder do voto. Reforma eleitoral reduz de 13% para 0,8% o número de eleitores no País. Para evitar fraudes é instituído o Título de Eleitor, sem sucesso. As fraudes seguem indiscriminadamente. O voto não é secreto e passa a ser direto. Antes as eleições legislativas ocorriam em duas etapas. Na primeira fase os votantes escolhiam os eleitores que, em seguida, elegiam os deputados e senadores. Não havia eleição para o Executivo. Na foto, Título de Eleitor no regime republicano, de 1905.
– Surge o jornal Correio de Rio Claro do republicano Thomaz Carlos Molina.
1884
– Pela primeira vez, republicanos elegem representantes para a Câmara dos Deputados: Campos Salles (875 votos) e Prudente de Moraes (711 votos).
– Alfredo Ellis (foto) entra em cena na segunda fase republicana. Genro do visconde de Cunha Bueno, ex-vereador de Rio Claro por Itirapina, será senador até os anos 1920.
– O republicano Cândido do Valle assume a presidência da Câmara Municipal.
1886
– Fundação do Diário do Rio Claro (na foto, edição de 1888) por José David Teixeira. Ele tem 25 anos de idade. É republicano. Seria eleito vereador anos depois e renunciaria ao mandato a favor de Joaquim Salles, sem justificar a renúncia.
– O imperador dom Pedro II visita a cidade pela segunda vez. Rio Claro tem novamente maioria republicana com cinco vereadores contra quatro monarquistas. Na segunda visita, (foto) o imperador na Estação Ferroviária.
1887
– Eleito presidente da Câmara Municipal pelo Partido Monarquista, Gualter Martins, o barão do Grão Mogol, assume a campanha republicana. Já em 1873, ao receber o título de barão, ele antecipara ao imperador ter ideias republicanas. Dom Pedro II disse não se importar.
1888
– Abolição da Escravatura contraria fazendeiros monarquistas que, em retaliação, decidem aderir à campanha republicana.
1889
– Proclamação da República. – Vide artigo sequente.
– Rio Claro promove festa de dois dias para comemorar o evento e plantar a Árvore da República na praça que passa a se chamar da Liberdade. A Câmara Municipal é destituída para ser ocupada por republicanos..
– Tem início o conflito político entre militares e civis na disputa pelo poder.
– No Rio de Janeiro o movimento republicano tinha comando militar e articulava um golpe. Em São Paulo a mobilização era civil. Os paulistas pretendiam mudar o regime pelo voto. Só foram avisados de que os militares no Rio iriam derrubar o Império quinze dias antes do golpe. Os dois primeiros presidentes foram militares. Os paulistas chegariam à Presidência só a partir do terceiro mandato.
– A seguir, os militares investiriam em tentativas de golpes durante toda a República. A alegação sempre foi de que os civis eram corruptos.
– A Câmara Municipal de Rio Claro é destituída para ser recomposta com republicanos nomeados. A agremiação local adota a denominação de Partido Republicano Histórico para legitimar o pioneirismo republicano da cidade.
1890
– Monarquistas e republicanos de Rio Claro articulam conciliação eleitoral em reunião no teatro Fênix.
– A iniciativa tem em vista formar bases políticas para futuramente disputar a Presidência da República contra os militares do Rio de Janeiro e eleger um paulista civil. Na primeira disputa, em 1891, o candidato paulista Prudente de Moraes perdera para o marechal Deodoro na eleição indireta para a Presidência da República.
– O objetivo paulista de eleger um civil será conseguido quatro anos depois com a eleição de Prudente de Moraes, de Piracicaba. No exercício do mandato, ele foi vítima de tentativa de assassinato. Seu governo foi fustigado por militares.
1891
– Promulgada a nova Constituição.
– O Congresso Nacional torna as forças policiais militares exércitos estaduais independentes para evitar a centralização da segurança no governo federal, conduzido por militares do Exército Nacional.
– O presidente marechal Deodoro (foto 1) fecha o Congresso e implanta uma ditadura com sustentação de antigos militares. Mas não tem apoio dos jovens militares, que lideram movimento para dar posse ao vice-presidente marechal Floriano Peixoto (foto 2). Os republicanos paulistas aderem à campanha por Floriano.
– Campos Salles e republicanos paulistas deflagram levante armado para depor Deodoro. Definem que o levante terá início por Rio Claro para em seguida destituir o governo de São Paulo, alinhado a Deodoro e, depois, seguir até o Rio de Janeiro.
– O deputado federal Alfredo Ellis, fazendeiro de Itirapina, é escolhido para liderar o movimento armado. Com um grupo de voluntários ele depõe as forças legalistas em Rio Claro. Na sequência, Deodoro renúncia. Floriano Peixoto assume. É instalada nova ditadura em meio a conflitos armados.
– O ex-vereador de Rio Claro Cerqueira César assume o governo do estado de São Paulo por ser vice do governador deposto Américo Brasiliense.
– O Obelisco de 1891, na Praça da Liberdade (foto), em frente ao Fórum, marca a vitória das forças de Rio Claro e paulistas no levante contra a ditadura de Deodoro da Fonseca.
– A Câmara Municipal de Rio Claro é destituída e recomposta com políticos alinhados a Floriano Peixoto. Marcello Schmidt (na foto, idoso), com trinta anos de idade, entra na cena política já ocupada por irmãos de Campos Salles.
– Os municípios passam a ser representados pela figura de um intendente, enquanto a administração do governo fica a cargo dos presidentes das câmaras municipal. O modelo é parlamentarista.
1892
– Na eleição para a Câmara Municipal, o jornalista José David Teixeira é o mais votado. Sem apresentar motivo, ele renuncia. A vaga é assumida por Joaquim Salles (foto), que entra para a cena política. Tem 35 anos de idade. Ele renuncia no ano seguinte. Dez anos depois, voltaria como presidente da Câmara Municipal.
1893
– No Rio de Janeiro, rebeldes da Marinha tentam depor Floriano Peixoto. Sem sucesso. De Rio Claro, os voluntários do batalhão de Alfredo Ellis seguem para o porto de Santos em defesa do governo de Floriano.
1894
– Prudente de Moraes é eleito presidente da República e assume o governo contra as previsões de que Floriano Peixoto não deixaria um civil tomar posse. Seu governo é fustigado por florianistas. Na foto, Prudente de Moras (de chapéu, ao centro) visita Rio Claro em 1891. O primeiro à esquerda, ao fundo, é Marcello Schmidt.
1895
– Fundada em Rio Claro da loja maçônica Estrela do Rio Claro.
– Rio Claro tenta reunir em um só bloco políticos republicanos, republicanos dissidentes e monarquistas para formar o partido União Municipal. A proposta do diretório eleito era consolidar a República com o poder civil e pacificar as disputas internas. Campos Salles comanda o processo. Fracassada a tentativa, a situação interna piora. A disputa política entre correligionários da família Salles e de Marcello Schmidt passa a abalar o município por quase vinte anos.
1896
– Para combater o domínio de Marcelo Schmidt no partido, Joaquim Salles cria a sublegenda do Partido Republicano. Com apoio do irmão Campos Salles, governador de São Paulo, ele passa a dominar a política local.
– O governador Campos Salles (foto) visita a família em Rio Claro e despreza contato com os políticos locais devido às disputas internas. Não recebe os vereadores que vão visitá-lo na casa da família. Em retaliação, a Câmara aprova moção de protesto divulgada pela imprensa nacional.
1898
– Campos Salles é eleito o segundo presidente civil da República. O irmão Joaquim Salles, líder político de Rio Claro, é eleito deputado estadual e exerce o mandato até 1910.
– A família Salles elege a primeira Câmara Municipal pela sublegenda que criou. Mas o adversário Marcello Schmidt também é eleito. Ele tenta anular a eleição. Decisão do Tribunal de Justiça é a favor de Joaquim Salles.
1900
– Joaquim Salles inaugura o primeiro grupo escolar da cidade, que passa a ter seu nome.
– Diogo Salles, irmão de Joaquim e do presidente Campos Salles, é assassinado em sua fazenda de Analândia por um imigrante italiano por motivos passionais. O fato torna-se um escândalo internacional e abala o poder da família em Rio Claro.
– A Praça da Liberdade é denominada Campos Salles.
– Washington Luiz casa-se com Sofia (idosos na foto), filha do vereador de Rio Claro Raphael Tobias de Barros. Com apoio da família de Sofia de Barros, ele será eleito prefeito de São Paulo, em 1914, governador, em 1920, e presidente da República em 1926.
1901
– Em manobra eleitoral para vencer Joaquim Salles, Marcello Schmidt funda o Partido Municipal para justificar um discurso de renovação. A iniciativa fracassa e é atacada pelos adversários. Schmidt e seu grupo voltam ao antigo partido, o Partido Republicano Histórico.
– Fundação em Rio Claro da loja maçônica 21 de Abril. A perspectiva é que a disputa política local afeta a organização maçônica, favorecendo dissidências. A loja existiu até 1921, quando foi incorporada pela Estrela do Rio Claro.
– Em nível nacional o Partido Republicano enfrenta dissidência entre Campos Salles e o presidente Prudente de Moraes. Em Rio Claro a maioria acompanha Salles.
– Joaquim Salles é eleito vereador por 119 votos e assume a presidência da Câmara Municipal. Exerce o mandato simultaneamente ao de deputado estadual, que sustenta até 1910. Marcello Schmidt é eleito com 96 votos. Renuncia para não se submeter ao domínio de Salles na Câmara Municipal.
1904
– Marcello Schmidt vira o jogo. Reeleito vereador, faz maioria e assume a presidência da Câmara Municipal. Joaquim Salles deixa o governo local sob as críticas por má administração e endividamento do município.
1906
– Greve de ferroviários paulistas (foto em São Paulo) paralisam cidades. Correligionários de Marcello Schmidt e Joaquim Salles se atacam em uso político da paralisação em Rio Claro.
1909
– Grupo de Schmidt manifesta apoio ao candidato civil à Presidência da República, Rui Barbosa, que disputa contra o marechal Hermes da Fonseca. Joaquim Salles e correligionários apoiam a candidatura militar. A campanha é quente. Comícios locais terminam em pancadarias.
1910
– Eleito prefeito pela Câmara Municipal, Marcello Schmidt vence Joaquim Salles em bem sucedida manobra para evitar a reeleição de Salles a deputado estadual. Para a vaga é eleito José Vasconcellos de Almeida Prado Junior, candidato lançado por Schmidt. No período, o nome de Campos Salles é removido da praça que volta a ser denominada da Liberdade.
1911
– Instalado o segundo grupo escolar, que receberia o nome de Marcello Schmidt com sua morte em 1929. Sua família era proprietária do imóvel. O deputado José Vasconcellos de Almeida Prado Junior, lançado por Schmidt, pleiteia verba para a instalação da escola.
1914
– Primeira Guerra Mundial.
–Ignácio Mesquita Correa, correligionário de Schmidt, é eleito prefeito pela Câmara Municipal. Ele substitui o monumento à Luz Elétrica no Jardim Público pelo busto do barão do Rio Branco. O monumento demolido era uma alusão ao governo anterior do adversário Joaquim Salles.
– A administração municipal tem doze funcionários.
1917
– A cena internacional é abalada pela Revolução Comunista na Rússia.
– No Brasil a política é abalada pela primeira greve geral (foto em São Paulo) organizada por anarquistas e socialistas italianos e espanhóis.
– A administração municipal reivindica a instalação de um posto militar por questão de segurança. Proprietário da Central Elétrica de Rio Claro e secretário estadual da Segurança, Eloy Chaves trata da instalação na cidade de um quartel de metralhadoras.
1918
– Fim da Primeira Guerra Mundial. O governo federal investe na modernização do Exército.
– O prédio do Mercado Municipal é cedido à União para instalação de um quartel de metralhadoras para a segurança militar da região.
1921
– Por motivos a serem conhecidos, a composição da Câmara Municipal é alterada por sucessivas renúncias e substituição de vereadores. Irineu Prado (foto) é prefeito. Ele será destituído dois anos depois por revolucionários locais.
– A atípica movimentação na política local coincide com o fechamento da loja maçônica 21 de Abril e sua incorporação à Estrela do Rio Claro.
1922
– Tentativa de golpe militar e de retorno do marechal Hermes da Fonseca ao poder se reduz ao isolamento do levante do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. À frente dos revoltosos do forte esteve o rio-clarense tenente Siqueira Campos (foto). A tentativa de golpe era justificada como combate à corrupção política e seria renovada dois anos depois.
– Fundação do Partido Comunista do Brasil.
1924
– Nova tentativa de militares (foto) para derrubar a Presidência da República. O movimento é isolado no estado de São Paulo. Oficiais e soldados do quartel do Mercado Municipal de Rio Claro aderem à revolução, depõem o prefeito Irineu Penteado e a Câmara Municipal por 24 dias. O governo local é assumido por Eduardo de Almeida Prado, João Fina Sobrinho, Octávio Moreira Guimarães e Brasílio Gonçalves da Rocha. A revolução fracassa. Os militares do quartel de Rio Claro fogem para formar com a Coluna Prestes no Paraná. Os revolucionários chegariam ao poder com Getúlio Vargas m 1930.
1925
– Fundado o grupo escolar do bairro Aparecida no governo de Irineu Penteado, marcando sua restituição ao cargo depois da fracassada tentativa de revolução que o depusera.
– Revolucionários foragidos formam a Coluna Prestes (foto) que circula invencível desafiando o governo pelo interior do País durante dois anos. O oficial do quartel de Rio Claro, Bernardo de Araújo Padilha, descarta a indicação dos revolucionários para comandar a Coluna e exila-se no Paraguai. O tenente rio-clarense Siqueira Campos (segundo à esquerda, sentado) segue com a Coluna como um dos comandantes.
1926
– Depois de um governo bem avaliado em São Paulo, Washington Luiz é eleito presidente da República com perfil reacionário. Sua máxima para as reivindicações da classe média e de segmentos populares foi “A questão social é caso de polícia”.
– Em Rio Claro é fundado o Partido Democrático, que apoiará a Revolução de 1930. A agremiação local participará da Aliança Liberal que levará Getúlio Vargas ao poder.
– Humberto Cartolano é eleito vereador. Ele seria político influente após a Revolução de 1930
1927
– Benedito Pires Joly é eleito vereador pelo Partido Democrático. Dissidente do partido dos fazendeiros do café, ele teria destacada trajetória na política local nas décadas seguintes.
1929
– Morte de Marcello Schmidt durante seu primeiro mandato de deputado estadual. Ele exerceu sete mandatos na Câmara Municipal. Para sua vaga foi eleito deputado Irineu Penteado, ex-vereador e ex-prefeito.
1930
– Golpe da Aliança Liberal e de militares leva Getúlio Vargas ao poder contra a política dos coronéis do café paulistas.
– A Câmara Municipal é extinta.
– Correligionários de Getúlio Vargas na cidade são liderados por João Fina Sobrinho e Benedito Pires Joly, que é nomeado prefeito.
– Prefeitos passam a ser indicados pelos interventores estaduais. Em quatro anos Rio Claro foi administrada por oito nomeados.
– A Avenida 1 passa a se chamar João Pessoa, em homenagem ao falecido candidato a vice-presidente com Getúlio Vargas. A Praça da Estação Ferroviária recebe o nome do rio-clarense Siqueira Campos, líder nacional getulista, que naquele ano morrera em um acidente de avião.
1945
– Getúlio Vargas é deposto por militares. A ordem constitucional é retomada com a eleição de um representante do Exército, o general Eurico Gaspar Dutra. Vargas voltaria ao poder eleito presidente da República em 1950 e exerceria o mandato até se suicidar em 1954 em novo conflito com militares.
– Em Rio Claro, na sequência, Benedito Pires Joly (foto) é o primeiro prefeito eleito pelo voto popular. A Câmara Municipal volta a funcionar, formada por 27 vereadores.
Tempos modernos
– Getúlio Vargas governou por quase vinte anos. No período o Brasil se modernizou, mudou de perfil e de status na cena internacional. A economia superou o predomínio rural por meio do desenvolvimento industrial. A política deu origem ao populismo. Os levantes militares se mantiveram.
Imagens
– Mulher Símbolo da República, a Árvore da República e o Obelisco de 1891 na Praça da Liberdade, a espada doada a Rio Claro por dom Pedro II, Deodoro da Fonseca e o mural da Proclamação na loja maçônica Estrela do Rio Claro, obra de Vilmo Rosada.
Por J.R. Sant´Ana