Ao Diário do Rio Claro o delegado seccional de São José do Rio Preto Silas José dos Santos, que responde pelo expediente da Unidade de Inteligência Policial do Deinter-5, explicou sobre os trabalhos da Operação Operação Black Dolphin, que teve ação também em Rio Claro. Segundo o delegado, em Rio Claro foi cumprido um mandado de busca nessa quarta-feira (25), além de outros 13 mandados de busca em cidades da região, sendo um em Corumbataí, um em Pirassununga, dois em Piracicaba, um em Nova Odessa, um em Monte Mor, dois em Hortolândia, um em Casa Branca, um em Brotas e três em Americana, ou seja, 14 dos 219 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em cidades que fazem parte do Deinter-9 de Piracicaba. “Dos mandados de busca cumpridos na área do Deinter-9, inclusive esse de Rio Claro, não houve prisão em flagrante. Foram apreendidos diversos equipamentos de informática, celulares, para uma pesquisa mais aprofundada. Não significa que não tenhamos material de abuso infantil, de pedofilia. Isso vai instruir inquérito a ser instaurado nas delegacias dessas cidades e, posteriormente, anexado no inquérito-mãe que corre pela Seccional de São José do Rio Preto”, declarou.
A presidência atual do inquérito é do doutor Alexandre Del Nero Arid, delegado assistente da Seccional de São José Do Rio Preto. No total estavam empenhados na operação de ontem (25) 1170 policiais, entre eles, do Deinter-9 que inclui equipes de Rio Claro, 302 viaturas e 85 municípios.
PRISÃO
Os 219 mandados de buscas e apreensão foram cumpridos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minhas Gerais e Rio Grande do Sul. Durante os trabalhos dessa terça-feira (25) foi preso um técnico em refrigeração, de 42 anos, com dois filhos pequenos e considerado um dos chefes do grupo criminoso. “Ele com certeza vai passar muito tempo preso. No material apreendido com ele, computador e pen drive foram encontradas mais de 200 mil imagens contendo cenas de abuso infantil”, declarou ao Diário do Rio Claro o delegado seccional de São José do Rio Preto Silas José dos Santos, acrescentando que, com as investigações, algumas pessoas foram identificadas. “Uma delas do Brasil, conseguimos fazer o monitoramento e identificamos que essa pessoa era de São José do Rio Preto, que foi detido nessa terça, à partir disso instauramos um inquérito policial, foi distribuído para a Vara da Infância e juventude tivemos total apoio do juiz Evandro Pelarin e solicitamos a expedição desses mandados de busca e apreensão e culminou nessa Operação”, destacou.
PRISÃO EM 2018
A Operação foi iniciada em 2018 através da ronda virtual, em seguida, a operação de inteligência prendeu em São Paulo um indivíduo que pretendia levar a sobrinha de 7 anos de idade para a Disney e vendê-la para abusadores russos, alegando que ela teria desaparecido no parque. “Ele estava negociando a sobrinha. Descobrimos, foi preso, continua preso desde 2018 e desde então a gente vem intensificando os trabalhos”, afirmou o delegado.
HISTÓRICO
Após a prisão em 2018, os trabalhos não pararam, em 2019, iniciou-se uma investigação de Organização Criminosa, com indícios de estrutura Piramidal, distribuição de tarefas – moments chats. Foram realizadas infiltrações em mais de 20 comunidades na DEEPWEB. Foram encontrados mais de 10.000 contas de email; Foram encontradas mais de 5 clouds (nuvens) exclusivas com imagens de abusos infantis, abrigadas em países do leste europeu; Foram encontrados predadores que produzem, compram e vendem material de abuso infantil, sequestro e tráfico de crianças para abusos; Em 2019 foi localizado o “nick name” de um provável chefe da Organização Criminosa. Dizia que estavam protegidos pelo anonimato e que as leis brasileiras são ridículas. Afirmava que no Brasil não tinha prisão para segurá-los. Somente a Colônia número 6 Russa, conhecida como Black Dolphin, poderia detê-los. Essa prisão localiza-se junto à fronteira do Cazaquistão, abriga somente presos condenados à prisão perpétua e é conhecida pelo rigor no tratamento dos detentos. Em 2020 esse provável chefe foi identificado com residência no Brasil. Foi perfilado como machista, autoritário e possessivo. Em agosto/2020 foi instaurado Inquérito Policial pela Delegacia Seccional de Polícia de São José do Rio Preto/SP e distribuído para a Vara da Infância e Juventude da mesma Comarca. Foi autorizada judicialmente a quebra de sigilo telemático dos envolvidos e expedidos os mandados de busca e apreensão.
OPERAÇÃO BLACK DOLPHIN
“A gente não gosta de nomear Operação com nomes estrangeiros, mas este foi uma questão de honra porque esse indivíduo de São José do Rio Preto, que a gente tem como um dos chefes dessa comunidade, em uma das conversas ele zombou da Polícia Brasileira e das nossas leis dizendo que nossas leis são ridículas. Dizia que aqui no Brasil não tinha prisão para segurá-los, somente a Colônia número 6 Russa, conhecida como Black Dolphin, poderia detê-los. Essa prisão localiza-se junto à fronteira do Cazaquistão, abriga somente presos condenados à prisão perpétua e é conhecida pelo rigor no tratamento dos detentos. Então resolvemos nomear para ver que a polícia do Brasil é atuante, nós temos leis fortes e com certeza ele vai passar um bom tempo preso”, esclareceu o delegado.
“É um trabalho incansável que a gente faz para combater este crime”, disse o delegado
Foto: Divulgação – O delegado seccional de São José do Rio Preto Silas José dos Santos ao lado da Dra Kelly, Coordenadora da Unidade de Inteligência do DEMACRO – Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo.