Para o filósofo francês Henri Bergson, o tempo real é sucessão, continuidade, mudança, memória e criação. Para além do tempo cronológico, aquele do relógio, que marca os dias, os meses e os anos, há o tempo chamado psicológico, construído a partir de uma duração muito subjetiva. Talvez por isso, nossa compreensão sobre a duração do tempo seja tão particular. Quem nunca pensou que o tempo passou voando ao desfrutar horas agradáveis entre amigos, ou achou que os minutos se arrastaram para que o ônibus chegasse ao seu destino?
A concepção e percepção do tempo nos afeta diretamente quando encontra os nossos sentidos. Neste dia 24 de junho, é costumeiro relembrar a Rio Claro de anos atrás, seja da época em que a Avenida Rio Claro era apenas um córrego, dos comércios antigos defronte à Estação Ferroviária, do apito da Fepasa ao meio dia, o cheiro de cerveja nos arredores da antiga Skol e tantas outras lembranças que nos fazem acreditar que tudo isso aconteceu há alguns poucos anos, ou até mesmo que aconteceram há tanto tempo que nada resta na memória.
Isso porque grande parte dos grandes marcos e pontos turísticos da Rio Claro que se conhece hoje não existia há 50 anos. O Coreto do Jardim Público, o Lago Azul, a Avenida Rio Claro, os estádios do Velo e do Rio Claro, os ginásios de esportes, a Unesp da Bela Vista, são apenas alguns exemplos de espaços que somente se tornaram o que são hoje há exatos 50 anos.
Neste dia em que o município celebra 195 anos, dos quais o Diário do Rio Claro esteve presente em 136, a construção de uma cidade cheia de histórias e permeada por lembranças, tão únicas e caras por cada um de seus habitantes, nos enche de orgulho.
Coreto do Jardim Público
“É bem próprio de cidade interiorana, é um toque saudosista no panorama da cidade que cresce e se desenvolve: Aí está, novamente no Jardim Público, o coreto. Está muito lindo, e muita alegria vai dar aos rioclarenses, que retornarão ao nosso principal jardim aos domingos e feriados, para ouvir música, distrair-se com um bom programa pelas nossas corporações musicais, enfim proporcionar às crianças e adultos, momentos agradáveis, principalmente nas noites de verão.” (texto publicado no Diário do Rio Claro, em 18/12/71)
Lago Azul
“É uma obra maravilhosa, que se projeta em favor dos rioclarenses incrustrando-se no panorama citadino como um ponto de recreação e entretenimento, que deverá ser bastante concorrido. Sua construção está bastante adiantada. Encontra-se implantado, através de encoramento de pedra e guias simetricamente dispostas, como uma visão das mais atraentes, dentro de uma boa localização.” (texto publicado no Diário do Rio Claro, em 28/05/72)
“No coração da cidade
na antiga Rua do Comércio
(hoje Avenida 1)
O Jardim Público
todo circundado
de grade
E no governo do Barão do Grão Mogol
fechado
com dois imponentes
portões de ferro
às seis horas da tarde!
(Ah! os namorados descuidados
como será que se arranjavam
com os portões fechados?)”
Trecho do poema “Evocação do Rio Claro à moda do poeta Manuel Bandeira”, autoria de Cida Bilac Jorge. Ano: 1984
Por Vivian Guilherme