Um jovem engenheiro civil que também é um escritor de sucesso. E que escreve sobre engenharia civil, construções e afins, certo? Errado. Felipe Rocha, engenheiro civil rio-clarense de 31 anos, se destaca no mercado editorial brasileiro com livros no gênero de prosa poética, poesia e crônicas.
Desde 2016, quando começou a escrever textos desses gêneros em uma conta criada no Instagram “para espantar o tédio”, Felipe já reuniu cerca de 600 mil seguidores e tem nada menos do que 120 mil exemplares vendidos.
O perfil na rede social é @tipobilhete e de lá já derivaram até agora quatro livros – veja cada um em box no final desta matéria. O mais recente se chama “Amores Que Deixei Escapar”, lançado em 2022. E tem mais um saindo do forno, ou melhor, da impressora, em 2024.
O Diário do Rio Claro bateu um papo com o escritor, que conta sobre seu processo criativo e muito mais.
Diário do Rio Claro – Como foi o início na escrita e a criação do Tipo Bilhete?
Felipe Rocha – No dia 1 de setembro de 2016 me senti no auge do tédio. Após terminar o TCC do curso de Engenharia Civil um semestre adiantado, quis começar algum hobby diferente para ocupar o meu tempo. E foi isso. Criei o perfil @tipobilhete no Instagram pensando em ocupar o meu tempo e acabei descobrindo a minha paixão pela escrita com o passar do tempo. Comecei a escrever crônicas, poesias e prosas poéticas e, após um mês, a página já contava com 10 mil leitores/seguidores mensais, então comecei a levar a brincadeira a sério. E cá estou, com aproximadamente 600 mil seguidores e 120 mil exemplares vendidos, sendo um autor best-seller nacional.
Diário do Rio Claro – Como é o seu processo criativo ao desenvolver livros cativantes que tantas pessoas se identificam?
Felipe Rocha – Faço o exercício de imaginar cenários e ir para dois caminhos com os textos: o primeiro é, ao ler, trazer o sentimento ao leitor de que ele está desabafando sobre a situação. E o segundo, trazer a sensação de que alguém está aconselhando o leitor de alguma forma. Desta forma todas as pessoas conseguem se identificar com os textos ou até mesmo imaginar alguém próximo que passou por aquilo, abraçando todos com as palavras ali escritas.
Diário do Rio Claro – Existe alguma experiência pessoal que tenha influenciado significativamente a sua escrita?
Felipe Rocha – É preciso ter a empatia muito afinada e visão mais pé no chão da realidade quando falamos sobre o amor. E nos meus livros, retrato situações não só de amor, mas principalmente desamor. Tentando enxergar as coisas de uma forma boa em meio ao caos, ou melhor, fazer as pessoas se verem como uma própria luz para saírem do fundo do poço.
Diário do Rio Claro – Como você lida com bloqueios criativos e encontra inspiração quando necessário?
Felipe Rocha – Paro tudo. Gosto da sensação de “amadorismo” da escrita, mesmo hoje sendo um autor conhecido. Gosto de poder manter o meu próprio estilo e criar novos estilos dentro de alto tão meu. E se em algum momento me deparo com bloqueios, paro e vou fazer algo que me traga novamente uma conexão comigo mesmo. E isso pode ser vendo um filme, viajando, pintando um quadro ou apenas… descansando! Eu gosto da ideia de pegar leve comigo mesmo quando o assunto é arte, assim posso voltar com mais energia, inspirações e sentimento de fazer por gostar, eliminando um pouco do sentimento de obrigação que nos faz torcer o nariz para tantas tarefas.
Diário do Rio Claro – Pode compartilhar um pouco sobre os temas recorrentes em seus livros e por que eles são importantes para você?
Felipe Rocha – Os temas recorrentes sempre são amores e desamores. E dentro desses dois, percorro caminhos do início do amor, sempre tão bom, até um término desagradável. Traições, desconfianças, perda de autoestima e até mesmo de amor próprio. Todos os textos são como uma “chacoalhada” no leitor para cair na real e como eu digo: rasgar de uma vez o papel de trouxa! Esses temas na verdade mesmo se não acontecem diretamente conosco, sempre estão por perto, sejam em parentes próximos ou até mesmo naquela pessoa que pegamos chorando escondida pelos cantos no trabalho. O meu público alvo é a pessoa comum, mas que sente muito. E muitas vezes precisa apenas de um abraço em forma de textos. Ou do tal chocalhão para cair na real e seguir em frente.
Diário do Rio Claro – Dentre os livros, existe um que seja seu preferido?
Felipe Rocha – Sempre digo que o terceiro livro, “Todas as dores de que me libertei. E sobrevivi.” é o meu preferido. Consegui entregar o meu melhor ali, com uma evolução nítida na escrita e nos temas abordados. Além disso, ele é um livro inteiramente ilustrado por mim, então esse livro tem um pedaço maior aqui em meu coração.
Diário do Rio Claro – Em que medida sua vida cotidiana e suas experiências pessoais se refletem em suas histórias?
Felipe Rocha – Não costumo escrever sobre a minha vida, mas gosto de colocar pequenas referências nos textos quando possível, citando alguma característica muito pessoal de alguma pessoa especial, por exemplo: “sinto falta do cheiro dos teus cachos”, “olhei fixamente em teus olhos castanhos”, por aí vai.
Diário do Rio Claro – Em que momento você começou a ser reconhecido por um público maior e pela mídia?
Felipe Rocha – Apesar dos livros irem bem no mercado editorial nacional desde 2018 e eu ter participado de Bienais do Livro, bem como eventos de lançamento em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, foi após alguns vídeos viralizarem no TikTok que tudo deu um “boom”. O vídeo era uma gravação de tela que mostrava uma leitora que mandou um áudio chorando, com uma música triste no fundo, perguntando se eu estava feliz, porque eu acabei com ela. Ela disse que nunca namorou, mas sofreu como se tivesse tido dez relacionamentos. Após isso, os livros passaram semanas entre os mais vendidos do Brasil, saindo em listas como Lista Nielsen PublishNews; Lista da VEJA e Top 5 do Ranking de Mais Vendidos da Amazon.
Confira os livros de Felipe Rocha que já são sucesso
– Todas As Flores Que Não Te Enviei (2018)
– Nem Todo Amor Tem Um Final Feliz. E Tá Tudo Bem (2020)
– Todas As Dores De Que Me Libertei. E Sobrevivi. (2021)
– Amores Que Deixei Escapar (2022)
Fotos: Acervo pessoal