Juliane Renata Sempionatto Moreto. Rio-clarenses já podem se orgulhar e ainda terão muito o que reverenciar esta jovem cientista, nascida no município, numa família simples e que mudou totalmente sua trajetória através do esforço e do conhecimento. Ela se prepara para assumir, em 2024, uma vaga de professora na Rice University – Universidade Rice, nos Estados Unidos.
A rio-clarense foi recente destaque no jornal do IQSC (Instituto de Química de São Carlos), do qual é egressa e sua trajetória acadêmica é celebrada pela instituição.
O Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP carrega, ao longo de sua história, marcas de excelência. A Unidade é referência em pesquisa e na formação de grandes profissionais, exportando-os para o cenário nacional e internacional da ciência e do ensino. Uma das grandes expoentes do IQSC é justamente Julianne, graduada em Química em 2012.
Vinda de uma família humilde de Rio Claro, Juliane estudou em instituições públicas de ensino até a oitava série e, desde cedo, demonstrava interesse em aprender, principalmente com a constante utilização e frequência em bibliotecas locais.
Ainda no ensino fundamental, participou de uma olimpíada de física, conquistando a medalha de bronze, o que chamou a atenção de uma professora de matemática que levantou a possibilidade de ela estudar em uma escola particular com bolsa de ensino.
E foi o que aconteceu. Conseguiu uma bolsa de estudos integral para cursar o ensino médio completo em uma escola particular de Rio Claro. Por lá participou de várias olimpíadas de conhecimento, descobrindo sua paixão pela química.
Com a ajuda financeira de seus professores para se inscrever no vestibular, já que na época sua família não tinha condições de arcar com os custos da taxa, foi aprovada na USP, em São Carlos, onde cursou química no IQSC.
Ela iniciou o curso em 2008 e, antes mesmo das aulas começarem, procurou grupos de pesquisa para fazer iniciação científica. Por sempre ter interesse na área médica, ingressou no grupo de Química Medicinal NEQUIMED, do professor Carlos Alberto Montanari. “Foi meu primeiro contato com um laboratório, onde aprendi a usar pipetas e a preparar soluções. Minha pesquisa era sobre a inibição da enzima DHODH Trypanosoma cruzi, o parasita que causa a Doença de Chagas. Após anos no grupo, comecei outra iniciação, dessa vez no grupo de eletroquímica do professor Germano Tremiliosi. Lá, aprendi a minha principal ferramenta analítica que uso até hoje, a eletroquímica. Atualmente trabalho com biossensores eletroquímicos para uso médico, para a prevenção e tratamento de doenças”, destacou a egressa, que durante a graduação também realizou um estágio na Universidad De Alicante, da Espanha.
Juliane aproveitou para relembrar outros momentos marcantes durante sua trajetória no IQSC: “Passei a maior parte da minha graduação na biblioteca, recebi muitos avisos para baixar o volume do barulho, fiz ótimas amizades como a da Bernadete Figueiredo Filho, que trabalhava lá na época. Já tirei xerox de muito livro, mudei o papel de parede do computador, virei várias noites estudando no Q1 e fiz várias amizades com professores e com meus colegas de classe. Estudar no IQSC foi uma experiência ótima. A minha experiência acadêmica foi muito positiva e com certeza contribuiu para minha permanência na carreira.”
A vida acadêmica
Juliane realizou mestrado em Ciências dos Materiais na Unesp, em Botucatu, quando teve seu primeiro contato com o desenvolvimento de biossensores para diagnóstico rápido, sob orientação do professor Valber Pedrosa, que também foi aluno do IQSC. À época, a egressa fez um intercâmbio na Clarkson University, em Nova York, sendo orientada pelo professor Evgeny Katz. Após defender sua dissertação, recebeu indicação dupla de seus ex-orientadores para realizar um doutorado pleno com o professor Joseph Wang (recordista do Guinness por seu número de citações), na University of California San Diego (da sigla em inglês, UCSD), que está entre as 20 melhores universidades do mundo.
Juliane diz que quando percebeu que teria aulas, provas e trabalhos em uma instituição de tamanho renome, ficou nervosa e com medo da reprovação. No entanto, descobriu que a bagagem colhida no IQSC e no mestrado havia lhe capacitado para o desafio.
“No Brasil, a gente vê matérias com muito mais profundidade durante a graduação, e durante a pós, os cursos de mestrado são bem avançados. Tive que estudar bastante também, porém meu desempenho foi superior porque já tinha um background bem sólido”, afirmou. Foi durante o doutorado que a egressa teve 34 publicações em revistas de grande calibre, como a Nature Biomedical Engineering, Nature Neurology, Nature Electronics, Advanced Materials, Joule, ACS Sensors, Biosensor and Bioelectronics, entre outras. A pesquisadora possui cerca de 3622 citações, tendo publicado oito patentes e ganhado vários prêmios de mérito acadêmico.
O pós-doutorado e a contratação como professora – Morando nos Estados Unidos desde 2016, atualmente Juliane realiza pós-doutorado no Instituto de Tecnologia da Califórnia, popularmente conhecido como Caltech. Ela atua no laboratório do professor Wei Gao desde 2021, e por lá seguiu colecionando conquistas e prêmios de prestígio, como: IUPAC Young Chemist Award, oferecido apenas para cinco alunos do mundo, e o tr35: MIT 35 Innovators Under 35 (Latin America), que reconhece pesquisadores, empreendedores, empresários e qualquer pessoa que desenvolva tecnologias de impacto.
Para saber mais sobre essa jovem cientista rio-clarense, basta acessar o link: https://www5.iqsc.usp.br/2023/conheca-juliane-sempionatto-ex-aluna-do-iqsc-que-sera-professora-nos-eua/?fbclid=IwAR3mb7lrLVuF4hUc9MmgnglQ4rSK6SL-mCoOfDAiuRv1Czp_vqfmUYOB9m4. Com base nas informações de Fabrício Santos e Henrique Fontes, Assessoria de Comunicação do IQSC/USP.
Foto: Reprodução Facebook acervo pessoal