Era uma vez uma professora rio-clarense que, quando criança, ficava encantada com as histórias que o pai dela contava aos filhos para distraí-los em noites de tempestade. “Meu pai é agricultor, simples, mas um grande contador de histórias. E quando chovia forte, que tinha relâmpagos, trovões, ele morria de medo. Queria que a gente ficasse quieto, na cama, esperando passar. E pra nos distrair ele contava histórias, algumas até que ele inventava. E a gente ficava hipnotizado ouvindo”, relembra.
Vem da infância, portanto, o interesse de Vera Alice Corocher Maimoni, 48 anos, por ouvir e contar histórias, habilidade que ela foi desenvolvendo ao longo dos anos e que virou uma das principais metodologias e ferramentas de seu trabalho como educadora.
“Com uma história bem contada, todo conteúdo, por mais difícil que seja, ganha um sentido, é mais compreensível, a aprendizagem fica mais significativa”, avalia.
Vera Alice ressalta, no entanto, que a contação de histórias, para despertar o interesse e manter a atenção do público – de todas as idades – precisa ser criativa, lúdica. “Não é só abrir um livro e ler a história. Se você tem um dinamismo, usa algo que pode ser um tecido, um fantoche, ou se você faz uma imitação de uma voz de um personagem – mais grave, ou mais agudo… ou mesmo se você usa uma expressão corporal, tudo fica mais interessante e prende a atenção”, garante.
Ela afirma que por ser uma pessoa religiosa, também exercitava esse talento na igreja. “O padre sempre permitia que eu contasse uma história relacionada ao tema que ele havia falado durante a missa. E eu sempre me lembrava que Jesus muitas vezes ensinava por meio de parábolas”, comenta ela.
Ao longo de muitos anos de profissão, Vera Alice aprimorou seu talento. E das salas de aula, onde as histórias ajudaram no aprendizado de centenas de estudantes, ela levou seu talento para eventos sociais – aniversários, bodas, e até mesmo velórios. “Em velório a gente pode contar histórias que amenizam a dor e o sofrimento”, explica.
Hoje a contadora de história trabalha com bebês. Bebês, mesmo, com cinco, seis meses de idade. “Eu conto histórias para eles usando outras dinâmicas. Tem que ser histórias mais curtinhas, usando recursos como imagens, movimentos. Mas é possível ver nos olhinhos deles como eles se envolvem, e estão ali assimilando conhecimentos novos”, conclui.
Foto: Diário do Rio Claro