Com o início da pandemia e o isolamento social, muitos pais e responsáveis tiveram também a preocupação com o aprendizado, visto que as aulas presenciais foram canceladas e os alunos tiveram que se adaptar a novos modelos, seja o método online ou atividades repassadas pelas escolas para serem feitas em casa. “Sabe-se que a aprendizagem ocorre em seus demasiados aspectos, dentre eles, o social. Deixar de manter o vínculo com colegas, professores e ambiente escolar, com certeza foi um fator prejudicial para a aprendizagem dos estudantes durante a pandemia. A presença de um professor mediando e interagindo, como acontece nas aulas presenciais, se faz essencial no aprendizado. Ainda que, com o ensino remoto haja orientações dos professores, os pais não estão habilitados para desenvolver conteúdos específicos, como o de alfabetização, por exemplo. Desta forma, dificilmente o conteúdo será aprendido de maneira efetiva, podendo acarretar frustrações aos estudantes e pais. Vale ressaltar que estamos vivenciando uma pandemia e que a saúde coletiva deve ser prioridade, portanto, o processo formal de aprendizagem deve ser prioritário a partir do momento em que haja segurança para todos os envolvidos”, ressaltou a Psicopedagoga Clínica Maria Claudia Massuquetti de Oliveira em entrevista ao Diário do Rio Claro, que recorreu à especialista para também orientar sobre o atual momento em que muitos estudantes estão retornando para as salas de aula.
Ou seja, um novo momento, uma nova adaptação. A profissional destaca fatores que devem ser essenciais durante esta retomada. “O “acolhimento” é a principal ação durante a voltas às aulas, seguido de protocolos de segurança efetivos para todos da escola, somente assim será possível estabelecer um vínculo saudável entre todos, e assim prosseguir com os conteúdos pedagógicos. É importante destacar que, além dos protocolos básicos, cada escola precisa estabelecer seu processo de retorno específico, pois cada comunidade possui suas particularidades”, observa.
Em relação a retomada dos conteúdos pedagógicos, a profissional ressalta: “Uma Avaliação Diagnóstica inicial deverá ser realizada pelos professores, para reconhecer em qual fase do desenvolvimento a criança encontra-se. Se faz necessário um olhar atento por parte de todos os profissionais da educação, pois uma criança que estaria alfabetizada aos 7 ou 8 anos, por exemplo, poderá ainda não estar, consequentemente em todos os anos escolares poderá haver atraso de aprendizagem. Será necessária uma adaptação do currículo escolar, visando contemplar os conteúdos ou parte deles que foram abordados ou deixados de abordar durante as aulas não presenciais”, observa.
Sobre a socialização e a aprendizagem, pós-pandemia, ou pós-isolamento social, a Psicopedagoga diz que, inicialmente não é possível mensurar o impacto que irá causar como um todo na vida das pessoas, no entanto, é válido destacar que somos seres únicos e nossa forma de reagir aos acontecimentos são relativamente distintas. “O processo de aprendizagem acontece desde a nossa concepção até o final de nossas vidas, sendo assim, ele é constante. Os educadores estão diariamente ressignificando o processo de ensino, agora, em caráter emergente. A escola proporciona aos estudantes momentos de cooperação, troca de experiências, estabelece limites e rotina. Uma criança que não frequentou a Educação Infantil presencial, por exemplo, e inicia sua vida escolar presencialmente no Ensino Fundamental, terá dificuldades significativas no seu desenvolvimento integral. Embora os prejuízos possam ser grandiosos, atento para o fato que o momento é atípico, no qual é preciso ser empático com as crianças e adolescentes, não os desvalorizando, mas buscando alternativas para suprir as necessidades do momento. O respaldo de profissionais especialistas como psicopedagogos será ainda mais essencial nesse momento”, salienta.
Maria Claudia explica que a Psicopedagogia é a ciência que estuda o processo de aprendizagem humana. Tem como objetivo compreender como o ser humano aprende, quais dificuldades podem acontecer ou como potencializar esse processo. “Como dito anteriormente nosso desenvolvimento acontece desde a concepção até o último dia de nossas vidas. A Psicopedagogia estuda e auxilia nesse processo, considerando que somos seres com características distintas e capacidades cognitivas semelhantes, mas não idênticas, aprendemos de maneiras de diferentes e buscar ajuda de um profissional especialista dessa área é imprescindível para obter um melhor rendimento do desenvolvimento humano. Atualmente, no contexto da pandemia, no qual muitas crianças e adolescentes deixaram de frequentar a escola, as dificuldades de aprendizagem cresceram muito, o psicopedagogo pode atuar de modo a sanar ou diminuir significativamente os prejuízos advindos desse momento.”
A terapia de aprendizagem previne, investiga e intervém no processo de aprendizado e nas dificuldades que possam estar prejudicando crianças, jovens e adultos, seja em suas vidas escolares/acadêmicas ou profissionais. “O objetivo é sanar ou minimizar dificuldades de aprendizagem, auxiliando no desenvolvimento de indivíduos com transtornos, buscando a compreensão da modalidade como ele aprende. Normalmente acontece uma sessão semanal, com duração de 40 minutos à 1 hora, inicialmente com sessões investigativas e avaliativas, finalizando com sessões de devolutivas e intervenções. As sessões avaliativas costumam avaliar o cognitivo, vínculo de aprendizagem e conhecimentos pedagógicos, já nas interventivas é possível estimular a criança através de jogos e brincadeiras específicas para solucionar suas dificuldades. Na maioria dos casos, após um curto período de atendimento é possível observar melhor desempenho escolar e relacionamento com a aprendizagem”, destaca.
Qualquer sinal de dificuldade ou desconforto durante a aprendizagem é um alerta para a busca de um psicopedagogo, contudo, a prevenção também pode ser feita. “A Psicopedagogia pode ser procurada em qualquer momento ou fase da vida, como atendimento preventivo, no entanto, em casos de dificuldades de aprendizagem ou dificuldades decorrentes de uma patologia, se torna essencial consultar o Psicopedagogo(a). Uma criança ou jovem que apresenta uma ou mais das seguintes dificuldades: alfabetização, leitura, escrita, interpretação, associação, decodificação e raciocínio lógico matemático, entre outras, merece uma atenção especial, sendo ideal uma avaliação psicopedagógica”, orienta.
Janaina Moro / Foto: Divulgação