Foram sete anos sem ver o filho, que chegou ao Brasil na última segunda-feira (1º).
Dalcy Ferraza acompanhou o governo de Hugo Chaves de perto, quando Antony Vasques era apenas um garoto. De família contrária ao
regime chavista, a mãe optou por fugir do país em busca de emprego para poder enviar dinheiro para toda a família e evitar o pior: a fome.
Em entrevista ao Diário do Rio Claro, Dalcy declarou que o regime militar chavista endureceu com a entrada do atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. “Saí pela precariedade que se encontrava o país. As pessoas passaram a comer restos. Saí para trabalhar e dar melhores condições à minha família. Fiquei sete anos sem ver meu filho por não ser possível voltar para o país e ser contrária ao regime”, diz.
Hoje, a mãe respira aliviada, já que o filho chegou ao Brasil e está ao seu lado conhecendo a democracia. Mesmo afirmando gostar do Brasil, a venezuelana frisa que sente falta de sua terra. “Sempre temos esperança de melhorar, mas parece que a cada dia a Venezuela só piora”, enfatiza.
CENÁRIO
O cenário que ela descreve do país que cresceu não é o dos melhores. Mas é o filho, Antony, que narrou a crise política que se instaurou na república Bolivariana da Venezuela. “Todos os meios de comunicação são estatais, logo, a oposição não tem voz. Quem é contrário ao regime, é calado, seja por meio de tortura ou de assassinatos”, conta.
O jovem, que professa a cartilha democrática neoliberal, enfatizou o perigo de contrariar o regime militar de Maduro. “Ou você apoia ou fica quieto. Qualquer outra coisa que fizer, vai causar problemas a você e sua família”, pontua.
DITADURA
Episódio conturbado e que ocorreu recentemente, foi narrado à reportagem por Antony. Em protesto contra o regime do presidente Nicolás Maduro, em que segurava um cartaz que pedia democracia, o venezuelano foi preso. “Fiquei preso por três meses por protestar contra o regime militar de Maduro. Na Venezuela, se você pensa diferente do regime, eles te torturam e te matam. Mataram muitos companheiros à queima roupa na mesma ocasião em que fui preso. Fui torturado durante três meses. Me golpeavam na cabeça e costelas diariamente. Dentro de uma sala, jogavam bomba de gás lacrimogênio e deixavam em intervalos de meia hora. Foi um terror”, lembra.
ELEIÇÕES
Mãe e filho alertaram brasileiros sobre o rumo que o país pode tomar com o resultado das eleições, que acontecem neste domingo (7). “Eu oro todos os dias para que o brasileiro vote com consciência. O Brasil não pode e não merece passar pelo mesmo que a Venezuela está passando”, ressalta Dalcy.
Antony vai além: “é preciso a sociedade se mobilizar neste momento e não votar em partidos que representam o mesmo que Nicolas Maduro na Venezuela”.
“Fiquei preso por três meses por protestar contra o regime de [Nicolás] Maduro. Na Venezuela, se você pensa diferente do regime, eles te torturam e te matam. Mataram muitos companheiros à queima roupa na mesma ocasião em que fui preso. Fui torturado durante três meses. Me golpeavam na cabeça, costelas diariamente. Foi um terror” – Antony Vasques”