Sábado, 03 de outubro de 2020 e a Dona Florisa Camargo Guilherme que está prestes a completar 105 anos, prontamente me atende, desta vez por telefone. Em outra ocasião, em junho de 2019, fui recebida em sua casa, trocamos ideias, apreciamos as plantas de seu jardim e ela até fez uma cafezinho para mim. Que honra!
Agora, por conta da pandemia, nosso bate-papo foi diferente, mas não menos importante. Sempre muito educada, Florisa esbanja sabedoria e a cada palavra um ensinamento. E, claro, sempre surge a pergunta fatídica, qual o segredo da vitalidade? “Ser cristã, com isso deixamos de fazer muitas coisas erradas. Tem um versículo que gosto muito: ‘Tudo posso naquele que me fortalece’”, recomenda.
Florisa Camargo Guilherme nasceu em oito de novembro de 1916 e uma de suas características é se cuidar, o que mantém até hoje, mesmo em casa e durante a quarentena. Durante a nossa conversa, deixou claro que já está precisando fazer as unhas e que vai chamar a manicure para esses cuidados. Neste momento, eu me envergonho um pouco ao olhar para as minhas, confesso que não estão nada bem cuidadas, porém a conversa com alguém de tanta experiência me faz refletir e pensar logo em uma manicure também. “Se arrumar deixa a pessoa mais feliz”, diz dona Florisa ao afirmar que sempre foi vaidosa. Com a data bem próxima de seu aniversário, a filha Célia Guilherme Marcondes, de 77 anos, nos conta que a mãe já está preocupada com o cabelo. “Eu estava arrumando o cabelo dela agora de manhã e ela disse que já está precisando cortar. E questionou se já chamava o cabeleireiro ou se esperava próximo do aniversário. Eu aconselhei a cortar já”, disse a filha.
Sobre os últimos dias, Florisa diz ficar triste pela falta de chuva. Já sobre a pandemia é clara: “Nunca tinha passado por isso e nem imaginei passar por isso”. A filha completa, dizendo que a mãe ora por todos os governantes e estima que todo esse período passe logo. “Ela se preocupou com as crianças, com a economia, com as pessoas que poderiam ficar desempregadas, esse período mexeu muito com minha mãe”, conta.
Além de refletir sobre o atual momento, Florisa precisou encarar a realidade de todos e, principalmente, dos idosos, e manter a risca o isolamento. “O pior é ficar presa em casa. Eu gostava de viajar”, disse.
A última viagem da Florisa acompanhada da filha Célia foi em fevereiro. Ela lembra que a rotina era desarrumar uma mala e arrumar outra, para um novo destino.
Na conversa de ontem (3), teve um pouco de tudo, confidências, inspirações, emoção por parte da filha Célia, que chorou ao mencionar o atual momento. Pois, com a pandemia, ela deixou sua casa para se dedicar exclusivamente aos cuidados com a mãe, sem as duas poderem vivenciar e desfrutar de outros momentos fora dali. “Eu falo que é como se estivéssemos em uma prisão”, avalia Célia.
Se cuidar, manter a fé, orar, ouvir louvores, viajar, não consumir bebidas alcoólicas são só algumas das dicas da dona Florisa para quem deseja ter uma boa qualidade de vida. Ah! E tem o que ela mais gosta de fazer e sempre apreciou: “Cuidar das plantas do meu jardim”, confessa.
Aliás, durante a visita no ano passado, ela me apresentou seu jardim, demonstrou ainda mais amor e delicadeza a cada planta mencionada. O espaço foi o escolhido para as fotos estampadas no Diário do Rio Claro.
Dia de rainha: a vaidade e os cuidados aos 105 anos
E como ao longo de seus dias, Florisa não deixa de lado a vaidade e os cuidados pessoais, durante a pandemia recebeu os serviços do cabeleireiro Diego Alves Carvalho em casa. Ela é cliente do Charme Estúdio de Beleza de Rio Claro há cinco anos e os profissionais não me deixam mentir quando falamos desta simpática senhora. “Ela é muito alegre, alegria contagiante, sempre que vem ao salão traz palavras de sabedoria, positividade, sempre animada”, destacou Diego ao falar da inspiração que a cliente leva a todos.
Para comemorar o Dia do Idoso, em 1º de outubro, e homenagear a dona Isa, um vídeo foi feito pelo salão e publicado nas redes sociais. As imagens feitas antes da quarentena, mostram o momento em que ela teve mais um dia de rainha, com o corte de cabelo, escova, unhas. Bem arrumada, com brincos, colar e o mais importante, o sorriso sempre estampado. “A vaidade vem da pessoa”, disse ela, agradecendo ainda aos profissionais que a recebem tão bem. “Eu gosto daqui, vou arrumar um serviço aqui. Desde quando entrei a primeira vez, virei freguesa. Estou felicíssima”, agradeceu.
Fotos: Divulgação