“A gente só quer o certo, algo que se resolva”, disseram alguns síndicos dos condomínios Jardim das Nações I e II, que receberam a equipe do Diário do Rio Claro para reivindicar uma solução definitiva para os problemas enfrentados pelos mais de 8 mil moradores do conjunto habitacional. Estiveram presentes Paulo Cesar Lemes, síndico dos condomínios Polônia e Suécia; Camila dos Santos, subsíndica do Portugal; Priscila Souza, síndica do Líbano; Tiago Rocha, síndico do Suíça; e Fabrício Poli, síndico do Espanha.
Durante a entrevista, os síndicos reforçaram que os problemas começaram logo com a entrega das chaves, há quatro anos, e não são totalmente resolvidos. “Quando chegamos aqui, quando foi entregue o condomínio, não estava totalmente pronto o Nações II. O Líbano e o Polônia foram os mais prejudicados desde o começo. Nós mudamos e não tinha energia elétrica e desde então é só desgraça”, relata Paulo Lemes.
Os problemas estruturais e a insegurança dos moradores só aumentam a cada dia, problemas estes que já foram expostos em diversas matérias na imprensa e que também resultaram em um processo feito pelos síndicos pela Defensoria Pública. “Todo mundo acreditando que estava realizando o sonho da casa própria e no fim virou um pesadelo, ninguém dorme com medo”, diz Camila.
A cada chuva, os problemas se tornam ainda mais visíveis. Na última tempestade, registrada no dia 19 de novembro, vários blocos foram destelhados. “Não foi a primeira vez que destelhou. As telhas voaram e caíram em cima de carros, janelas quebraram e a água que escorre do quarto andar chega até o primeiro”, conta Priscila. Os moradores mostraram vídeos em que a água escorre pela tomada dos condomínios.
CAUSA COLETIVA
A maior reivindicação dos moradores é por uma atitude que, efetivamente, solucione os problemas dos blocos, que vão desde vazamento no teto, caixa de esgoto com tamanho insuficiente para a vazão das moradias, rompimento e queda de teto de gesso, quebra de pisos e queda de revestimentos de paredes, vazão da água que gera inundações, interfones que não funcionam, fiação de internet e televisão expostas nas áreas externas, infiltração nos apartamentos térreos por falta de sistema de escoamento de água de chuva, extintores de incêndio perto do vencimento, destelhamento em ocasião de chuvas por estrutura precária de telhas e rachaduras nas paredes dos apartamentos causadas por rompimento de canos.
Todos os itens mencionados constam de relatório de Vistoria dos Conjuntos Habitacionais elaborado em outubro de 2018, pela socióloga e agente de Defensoria Pública e corroborados em relatório assinado em maio de 2019, pelo perito Fernando Braga de Souza, Engenheiro Civil e Engenheiro de Produção. Uma nova vistoria deve ocorrer nos condomínios até o dia 24 de dezembro, conforme explicaram os síndicos.
“Os síndicos, junto aos moradores, entraram com essa ação no Ministério Público. Não descansamos um minuto procurando meios de resolver”, ressaltou Camila, que explicou que a construtora não consegue atender a demanda dos problemas. “É um trabalho constante, todo dia refazendo o que é feito, estamos cansados. Tem hora que falta de mão de obra, tem hora que falta material e não acabam nunca.”
Priscila lembra que o condomínio foi financiado pelo governo, mas que as parcelas são pagas pelos condôminos. “Muita gente pensa que moramos de graça, mas é um financiamento, as parcelas podem até ser menores, mas é pago”, lembrou.
CONSTRUTORA
O Diário do Rio Claro questionou a construtora Direcional Engenharia, responsável pelo empreendimento, sobre as demandas apresentadas pelos moradores. Em nota a empresa respondeu: “A Direcional Engenharia possui uma equipe técnica no local para esclarecer dúvidas, atender e executar todas as solicitações procedentes dos moradores, além de contar com equipes terceirizadas para atuar em demandas específicas do condomínio.
A companhia reforça que não há falta de insumos, nem subdimensionamento de equipes para as manutenções necessárias e procedentes. A construtora ressalta que o empreendimento Jardins das Nações possui mais de três (03) anos de entrega. Toda manutenção corretiva, que está dentro da garantia e não possui evidências de mau uso, é realizada pela equipe técnica da construtora de acordo com a disponibilidade dos moradores e agendamento prévio. Não temos relatos de reincidência de problemas que tenham sido reparados.
Já a chamada manutenção preventiva do imóvel, de responsabilidade dos moradores, visa a preservar as condições adequadas da edificação para o uso e o desempenho previstos nos projetos. A sua realização de forma correta e periódica é imprescindível para a adequada vida útil de todo o sistema habitacional. A construtora segue à disposição dos moradores para esclarecimentos específicos de cada unidade.”
TELHADO
Outra nota, encaminhada pela construtora à Prefeitura Municipal informou sobre reparos nos telhados. “Em 18/11/2020, houve um vendaval na cidade de Rio Claro, ocorrendo dano na estrutura e destelhamento em alguns blocos do condomínio Viver Melhor I. Logo após o ocorrido, por liberalidade e sem assunção de responsabilidade para com os danos provenientes do fato ocorrido (caso fortuito – chuva torrencial), a Construtora trabalhou para cobrir os condomínios afetados e até o dia 03/12/20 foram instaladas mais de 250 telhas no local.
Os blocos 01 e 02 do condomínio Holanda, Bloco 11 do Condomínio África e blocos 7, 8 e 11 do condomínio Alemanha tiveram parte da estrutura metálica danificada, e diante da impossibilidade de realizar o imediato entelhamento, tornou-se necessária a cobertura do local com lona reforçada para proteção das unidades. Foram realizadas inspeções nas estruturas do bloco por profissionais especializados e serão desenvolvidos dois trabalhos para melhorar a cobertura existente, novo engradamento nos blocos que houveram dano na estrutura e reforço nos demais blocos.
Ressalta-se que ambos projetos foram elaborados pelo especialista em estrutura metálica, com formação em Engenharia Mecânica, onde os mesmos serão compostos por ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), laudos e acompanhamentos que comprovem a legalidade da execução conforme projeto. O início da recuperação dos telhados será iniciado no dia 08/12/2020 com previsão de conclusão até janeiro/21.
Informa-se que podem ocorrer variações nos prazos informados decorrentes de fatores climáticos e/ou fatores técnicos não previstos alheios ao controle/conhecimento da empresa. Ratificamos nosso compromisso com a segurança de nossos empreendimentos e, reiteramos nosso interesse em agilizar o processo de reconstituição dos telhados e manter o melhor relacionamento com os moradores e Habitação, colocamo-nos a disposição para qualquer eventual esclarecimento adicional.”
PREFEITURA
Em nota, a Prefeitura informou que “A Secretaria Municipal de Habitação está acompanhando o assunto e em contato permanente com a empresa Direcional para que os moradores sejam atendidos”.
Por Janaina Moro / Vivian Guilherme / Fotos: Divulgação