Em pouco tempo será possível transferir todo o conteúdo de nossa mente para uma outra estrutura, um computador que possa funcionar como uma réplica do nosso cérebro. O que parece assustador tem sido consenso em um número considerável de pesquisadores das áreas de física, biotecnologia, inteligência artificial, computação quântica e outras, nas melhores universidades do mundo.
Mas a questão que surge dessa projeção, feita pelo engenheiro formado no MIT, Ray Kurzweil, em seu livro “A Era das Máquinas Espirituais” é: com essa transferência de conteúdo, uma consciência igual a humana irá despertar na máquina? Além das memórias, também serão geradas as intuições, raciocínios e principalmente, as emoções?
Ou talvez o que irá despertar será uma hiper consciência, com capacidades muito acima das que o humano em questão tinha em seu corpo biológico? Mais ou menos o que aconteceu com o personagem principal do filme Transcendence – A Revolução, de 2014 e baseado nas ideias de Kurzweil.
Ainda são perguntas sem respostas e qua vão além do mundo acadêmico, mas no que depender da aceleração com que as pesquisas avançam, não é de se duvidar que em breve poderá haver alguma pista.
E perseguindo tais pistas, quem sabe poderemos responder um dos maiores enigmas de nossa existência: o que é a vida?
Mesmo com todos os avanços espetaculares na biologia nas últimas décadas, a vida em si permanece sendo um mistério.
Para nós físicos, a vida parece mágica. Seres vivos são tão fascinantes que é fácil esquecer que somos feitos de átomos. Mas o mistério do segredo da vida não é mais o de que coisas ela é feita, mas sim o que é a vida?
Será mesmo que uma cópia fiel do meu cérebro feita de outros átomos e materiais, neurônio a neurônio, quando preenchida com o conteúdo do meu cérebro biológico, irá fazer despertar ali minha consciência e minha vida?
Se a resposta for sim, basta então um arranjo de átomos iguais a de um ser vivo e todos os mecanismos desse organismo para que a vida desperte nesse novo objeto. O que dá de fato aos organismos esse diferencial, esse “élan”, esse sopro que os faz especiais diante das coisas inanimadas e sem vida?
Ironicamente, podemos explicar a matéria em seus níveis mais fundamentais, subatômicos, com a mecânica quântica, ou em grandes escalas, com a relatividade geral. Estamos construindo computadores quânticos com capacidades tão imensas de cálculos e memória, que fazem os mais potentes supercomputadores atuais parecerem de brinquedo. A neurociência também nos dá respostas cada vez mais detalhadas sobre o funcionamento do cérebro. E apostamos também na inteligência artificial, já presente em boa parte do nosso dia a dia.
Mas ainda perseguimos meio no escuro essa questão sobre a vida, sobre o que gera a vida e de como é possível perpetuá-la. Há quem aposte bem alto já, como o cientista Aubrey de Grey, que sempre faz questão de dizer em suas palestras: “A pessoa que vai viver mil anos já nasceu”.
Será? Quem quer ser um “milexagenário”?