Quatro pessoas foram presas nesta semana durante a Operação Spoofing da Polícia Federal, sob a suspeita de serem hackers e de terem invadido o celular do ministro Sergio Moro e de outras autoridades.
A Polícia Federal (PF) declarou nessa quarta-feira (24), em coletiva de imprensa, que mil números telefônicos diferentes podem ter sido alvo da quadrilha suspeita de hackear o aplicativo de mensagens Telegram do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e de outras autoridades. O ministro da Economia, Paulo Guedes, também pode estar entre as vítimas.
“Aparentemente, mil números telefônicos diferentes foram alvo desse mesmo modus operandi dessa quadrilha. Há possibilidade, ainda não temos uma identificação e nem começamos a fazer isso, mas há possibilidade de um número muito grande de possíveis vítimas desse mesmo tipo de ataque que está sendo investigado agora”, disse o coordenador geral de Inteligência da PF, João Vianey Xavier Filho.
Um dos acusados, segundo a Policia Federal, confessou ter feito as invasões.
INVESTIGAÇÃO
As investigações tiveram início depois de reportagens publicadas pelo portal The Inetrcept Brasil no que se convencionou a chamar de Vazas Jato.
As informações divulgadas apontam supostas ligações entre o então juiz Sergio Moro, que analisava o caso Lava Jato, e o procurador Deltan Dallagnol. Conforme os vazamentos, Moro orientava a força-tarefa tomando partido nos casos.
JUIZ
Em declaração ao Centenário, o juiz e diretor do Fórum de Rio Claro, Cláudio Pavão, afirmou que as prisões não mudam as denúncias contra Moro e Dallagnol. “Penso que não muda nada”, disse.
Questionado se o jornalista Glenn Greenwald, do portal The Intercept, teria cometido algum crime, ponderou: “Ele usou produto de crime para tentar desestabilizar o governo. Precisa estudar melhor isso. É cedo para afirmar”.
Sobre as práticas de conversas entre juizes, procuradores e defesa, esclareceu: “É normal o juiz conversar com o promotor e advogado/defensor. Uns mais, outros menos”.
Por fim, destacou: “Eu, como juiz, embora sempre tenha procurado manter bom relacionamento com acusador e defensor, evito fazer comentário sobre caso em julgamento ou comentário que implique pré-julgamento”.
ADVOGADO
Para o advogado Leopoldo Dalla Costa de Godoy, a confissão confirmou a veracidade dos vazamentos. No entanto, ele afirmou que devido a ser fruto de invasão, não pode ser utilizado como prova dentro do processo do caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo. “Eu entendo que a confissão apenas corrobora as denúncias, que as mensagens partiram do celular dele.
Reforça as informações que essas referências são verdadeiras. Embora não possam ser utilizadas no processo devido a serem obtidas por um meio ilícito. Portanto, não alteram a condenação do ex-presidente Lula”, diz ao destacar que o jornalista apenas divulgou a notícia. “É diferente do jornalista ter divulgado uma notícia que ele sabe ser falsa. No caso, não estamos falando que ela é falsa. Só que foi obtida por meio ilícito”, aponta.
PSL
Para o presidente do PSL em Rio Claro, Fred Martins, a situação só fortalece a imagem do ministro Sergio Moro e do governo Bolsonaro. “Comprova que o governo está sendo alvo de ataques por criminosos interessados na instabilidade política do Brasil”, enfatiza.