São quase 10 mil crianças para adoção no Brasil. Na fila como possíveis adotantes, mais de 47 mil famílias. E a pergunta que perdura é sempre a mesma: por que essas crianças e adolescentes ainda não estão em novas famílias?
O presidente do grupo Adote esclarece. “São dois fatores principais que podemos citar como empecilhos: a falta de estrutura do estado, do poder judiciário, ou seja, são poucos juízes, poucos técnicos, isso gera demora nas decisões judiciais e consequentemente a criança acaba ficando mais tempo na instituição.
O segundo fator ainda é o perfil um pouco restrito dos pretendentes à adoção”, explicou Peterson Santilli, que é também membro da Comissão da Infância e Juventude da OAB e vice-presidente do CMDCA.
DADOS
Os dados de Rio Claro ficam em segredo de justiça, mas no Brasil são quase 50 mil crianças acolhidas e 9.528 estão para adoção. No estado de São Paulo são 1.990 crianças e 11 mil pretendentes.
Do total das crianças, 42,71% são adolescentes de 12 a 18 anos e, em média, 30% são crianças entre seis e 12 anos. São perfis que os pretendentes à adoção acabam não optando muito. Esse número já foi maior. Hoje, os pretendentes, diante do trabalho que os grupos estão desenvolvendo, estão mudando o seu perfil, aceitando as crianças maiores, de grupos de irmãos.
“Antes tínhamos três empecilhos: a idade, grupo de irmãos e questão racial, que tem ficado para trás. Existe ainda, mas as estatísticas mostram que a questão racial deixou de ser uma grande barreira”, explica Santilli.
A DATA
A data 25 de maio foi escolhida a partir do primeiro encontro nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, realizado em Rio Claro em 1995 e decretada em 2002 como Dia Nacional da Adoção. “Desse encontro que saiu a proposta de licença maternidade para adotante, saiu a proposta do Dia Nacional para criação do Movimento Nacional, que completa 20 anos. O encontro continua acontecendo e vai completar 24 anos”, relatou Peterson.
EVENTO NO MT
Um desfile realizado em Cuiabá nesta semana gerou polêmica e discussões. Na passarela, crianças que estavam aptas para adoção e reuniu pretendentes. Peterson esclareceu que juridicamente não foi ilegal. “Foi feito com autorização do poder judiciário, as crianças estavam autorizadas pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude, do Ministério Público, e da instituição de acolhimento, ou seja, tem toda autorização jurídica para a realização do evento.
Foi uma forma de aproximação, prevista na lei, no ECA, que prevê que os pretendentes e as crianças devem interagir, foi feito dentro da legalidade. As crianças também não foram obrigadas e nem todos eram para adoção, alguns já haviam sido adotados e estavam com os pais, ou seja, foi uma alternativa que eles utilizaram e legalmente”, esclareceu.
ADOTE
O Grupo de Apoio à Adoção de Rio Claro – Adote é um dos mais de 120 que existem no país. O grupo trabalha com o objetivo de acolher o pretendente à adoção, dar suporte, apoio, consiste em encontros mensais, troca de informações com pais adotivos, informações técnicas, jurídicas, psicológicas, sociais.
A reunião é aberta ao público e reúne em média 40 pessoas entre famílias pretendentes, famílias adotivas e as que estão em processo de adoção. Os encontros acontecem toda terceira sexta-feira de cada mês, às 20 horas, na sede que fica na Rua 1-B – 125 – Jardim São Paulo.
CAMINHADA ADOTE
Para marcar a Semana Municipal da Adoção e o dia nacional, um evento acontece no domingo, em Rio Claro (26). É a 3ª Caminhada Adote, marcada para às 8h30, na Avenida Presidente Kennedy. O evento vai contar também com corrida kids e espaço para as crianças. Quem não adquiriu os kits também pode participar.