Protagonismo
Aqui, nesse momento, compartilhando essa leitura, peço pra você que está lendo, que imagine comigo a frase que Monkey Jhayam, em sua música “O mar”, cita Paulinho da Viola em uma linda intertextualidade com a música “Timoneiro”: “Não sou eu quem navega o mar, é o mar que me navega…”.
(Respiremos, ouça o seu redor, concentre-se, leia novamente: Não sou eu quem navega o mar, é o mar quem me navega).
Espero muito que as pessoas que compartilham dessa leitura comigo, não tenham a soberba de acharem que poderão navegar o mar, e saibam ser boas veleiras pra não deixar o mar te engolir…
Pensar protagonismo me leva novamente a pensar em outra situação. Um mano meu, Wesley Silva, professor na época, e coordenador pedagógico nos dias de hoje, disse uma certa vez, numa mesa acadêmica: “Muitos querem ser Zumbi, mas poucos querem trabalhar por Palmares no anônimo” …
Essa frase me faz refletir muito. O protagonismo é de fato uma potência, devemos dar voz e vazão para a diversidade. Quanto mais vozes protagonistas, melhor, pois sabemos que, em uma visão coletiva, o que é protagonista é o espaço; o ecossistema; o grupo; o “todo mundo” e através do mundo todo se comprova que a falta de diversidade gera falta de riqueza. Que a gente possa pensar assim; sendo protagonistas e coadjuvantes de nossos próprios grupos, tão desestruturados por um mundo cruel e sombrio. No meio do racismo; de fobias sobre a diversidade sexual e de gênero; da miséria estrutural que nos cerca; da ignorância; de violência; da exploração do trabalho… lá estamos nós, como sempre, protagonizando a vida do futuro. Que seja por mais coletividade, igualdade, justiça, liberdade, e não por individualismos mecânicos superfaturados.
Firmeza? Só isso, porque o resto, entre mil trutas e mil tretas, já foi dito:
“Levanta a cabeça truta, onde estiver seja lá como for. Tenha fé porque até no lixão nasce flor”.
Texto escrito pelo professor Thiago Zanello, docente da Escola Estadual Zita de Godoy Camargo, sob curadoria de Rafael Cristofoletti Girro e Jean Erik Bacciotti, ambos alunos da Escola Estadual Heloisa Lemenhe Marasca, todos pertencentes à Rede Camões de jornais escolares. O texto tem caráter pedagógico.
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