Já são mais de 60 dias sem uma chuva considerável em Rio Claro. A última foi registrada em 16 de maio com a quantidade de 10 milímetros. O período de abril até setembro, de acordo com a Defesa Civil, é o de menor índice de chuva. Nos meses de julho de 2016 e 2017, segundo o órgão, não houve registro de chuva. Com isso o tempo seco predomina.
Nessa sexta-feira (20), a temperatura máxima chegou a 31 graus com umidade relativa do ar de 36%, conforme informou o Centro de Análise e Planejamento Ambiental da Unesp (Ceapla).
O técnico do Ceapla Carlo Burigo diz que o inverno está atípico e bem mais quente que no ano passado. “Tivemos temperaturas mínimas chegando a 3, 2 graus com o dia mais frio, já nesta semana temperaturas elevadas variando entre de 30 e 32 e mínimas entre 10 e 12 graus. Está bem seco e até o final do mês não tem previsão de chuva”, esclarece Burigo.
A situação tem refletido negativamente no setor de agricultura. Proprietários precisam recorrer a alternativas para não registrarem prejuízo maior. O proprietário rural Rubens Souza Rocha se preocupa com a situação. Para amenizar a falta de água pretende implantar um poço artesiano, porém como o solo está muito seco e também o valor teve alta, vai ter que esperar.
Em Rio Claro, são 1100 propriedades rurais e segundo a Casa da Agricultura em média 300 contam com poços artesianos, mas a redução da água já chega em 50%.
Tem proprietário que está precisando tirar do bolso para evitar maiores prejuízos para a criação. O gasto é de 600 reais por semana para contratar um caminhão pipa que leva água até à propriedade para abastecer o gado. Já para alimentar o rebanho mais uma dificuldade entre os produtores. Sem pasto, por conta da estiagem, estão recorrendo ao bagaço da laranja e ponta de cana. “Em média 40% do pasto já foi afetado. A lactação das vacas caiu em 30% e já se registra perda de peso do gado de corte”, afirma o chefe da Casa da Agricultura Enéas Fergunson.
Segundo Fergunson, a capacidade das represas diminuiu. “O Rio Cachoeira que desemboca no Ribeirão Claro está com 50% da sua capacidade de vazão”, diz. E já prevê um decréscimo de produção de laranja e cana-de-açúcar para 2019.
Diante das dificuldades uma das orientações é que os proprietários se previnam, entre as alternativas citadas pelo Chefe da Casa da Agricultura é que todos os proprietários tenham reserva de forrageiras de cana para alimentação do gado. E que implantem medidas nas propriedades rurais como estrutura para captação de energia solar. “Estamos também com um projeto que incentiva a captação da água da chuva dos telhados com calhas para servir de reserva”, relata. Outra orientação que serve de imediato é a irrigação da plantação de manhã, antes do sol nascer ou à tarde.
Em Piracicaba, já são mais de 100 dias sem chuva. É considerado o período de maior seca dos últimos 18 anos, apontam dados do Departamento de Engenharia e Biossistemas (LEB) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). O Rio Corumbataí, em Piracicaba, que abastece a cidade está com nível de 21% abaixo para o período do ano. O município descarta racionamento.
Já o Rio Corumbataí, em Rio Claro, segundo a Defesa Civil, está dentro do nível e registrou nessa sexta-feira (20) volume de 557.64 metros de vazão do rio, de acordo o índice fluviométrico.