Os profissionais da linha de frente que estavam em plantão ontem (12), na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Cervezão, tiveram uma grande surpresa ao chegarem para assumir seus postos de trabalho.
Por causa da pandemia, alguns tiveram que sair de casa e se manter longe dos familiares. Os dias não têm sido fáceis. Lidar com a saudade, o juramento da profissão, o cuidado com o próximo e, até mesmo, ver pessoas afetadas pela COVID-19 não resistirem à doença.
Profissionais que acabam sendo os últimos a verem esses pacientes, já que, os infectados ficam em isolamento total e os familiares nem podem se despedir. Tudo isso também afeta o emocional de quem precisa estar bem para cuidar. Eles são os profissionais da saúde.
Entre eles, está o médico Micael Luiz de Almeida, que atua na UPA do Cervezão. Casado, pai de três filhos, de quatro, dois e um ano de idade, precisou sair de casa e se distanciar. “Como muitos colegas, tive que sair de casa para não expor minha família. Minha esposa é de alto risco”, conta o médico que inclusive teve contato com três pacientes, que faleceram e tiveram resultado positivo para coronavírus.
O médico chegou a ficar 31 dias sem ver a família. “Fiquei sem ver meus filhos e esposa pessoalmente, só conversamos por vídeo chamada. Graças a Deus consegui 15 dias de folga e, após fazer o teste, com resultado negativo fui para casa passar esse período com minha família. Foi maravilhoso, apesar de não termos saído de casa durante os 15 dias que ficamos juntos”, declara o doutor.
HOMENAGEM
A homenagem aos profissionais foi idealizada pela coordenadora da UPA do Cervezão, Juliana Vidal Sartori de Carvalho. A equipe da administração e coordenação entrou em contato com os familiares e pediu que escrevessem mensagens positivas. Um painel foi feito com fotos e os depoimentos para agradecer e incentivar os guerreiros que seguem no combate ao inimigo invisível. “Agradecer é a palavra de ordem nesse momento difícil que atravessamos, aos profissionais de saúde que estão se esforçando como nunca e merecem todo nosso agradecimento, pois são incríveis, autênticos lutadores. São as pessoas que nos salvam e nos ajudam a viver melhor”, destacou ao Diário do Rio Claro a coordenadora.
A recepção tão calorosa deu um fôlego a mais ao médico Micael, que depois de matar a saudade da família, a missão o chamou mais uma vez, o profissional retornou ao trabalho na segunda-feira (11) e também para o isolamento longe de casa. “Ao chegar no plantão tive uma feliz surpresa. Uma linda homenagem feita pela coordenadora a todos os funcionários da unidade nesse momento tão difícil que temos passado. Essa homenagem se torna ainda mais especial para todos nós que, voltando ou não para casa, estamos todos ansiosos”, contou ao Diário o médico Micael, sensibilizado e agradecido.
Na foto, os profissionais utilizam máscara, item indispensável, os outros equipamentos de proteção são utilizados só durante os procedimentos como esclareceram.
Micael Luiz de Almeida, médico
“Todo paciente é especial. Sempre penso que poderia ser alguém da minha família. Nesse momento em especial, esse sentimento é mais presente, pois saímos de casa para ajudar e ficamos com medo de voltar e levar esse mal para nossa família. O desejo de ajudar sempre sobressai ao medo de se expor e ao risco que corremos. Todos os dias esse risco é real, mas nesse momento de pandemia, infelizmente, ele nos assombra em todo tempo. Muitos colegas médicos, enfermeiros, equipe de higienização estão super-ansiosos em um nível de estresse que nunca imaginei passar. É comum conversar com colegas que contam que choram a noite toda em uma crise de ansiedade.”
Débora Mota, Técnica de Enfermagem
“Grande desafio, é assim que defino esse momento que vem gerando apreensão, medo e angústia. Deixamos nossos familiares em casa e nossa atenção é dobrada em nosso retorno, é uma preocupação constante da possibilidade de transmissão da doença a algum familiar. Mas, estamos preparados, treinados e sabemos que essa é a nossa missão. É um trabalho constante, árduo e de toda equipe para chegar em nosso objetivo maior que é Salvar Vidas. Estamos e estaremos firmes cumprindo nossa missão.”
Kathia Barbosa, Enfermeira
“Quando paro para pensar no que estamos enfrentando, bate uma insegurança do incerto, pois não sabemos o tamanho do nosso ‘inimigo’, porém trabalhar em um local onde somos recebidos com tanto carinho e estar inserida numa equipe tão maravilhosa, torna os nossos dias mais leves. Gratidão por pertencer a família CVZ.”
Cesar Bergamaschi, Técnico de enfermagem
“No enfrentamento ao Coronavírus é essencial o apoio da família e dos amigos no trabalho, pois a rotina é ainda mais estressante que o comum, e é no suporte mútuo que encontramos forças para seguir em frente.”
Fotos: Divulgação