O Diário do Rio Claro foi procurado por profissionais da saúde que se sentem preocupados com o atual cenário e a falta de um plano de contingência para atendimento dos casos suspeitos de coronavírus em Rio Claro. Os profissionais terão a identidade preservada. “Rio Claro é a única cidade que não tem um fluxograma ou plano de contingência para o COVID-19. O sistema de saúde não está seguindo as regras propostas pelo CRM ou Corem. Não há proteção para os funcionários que pertencem ao grupo de risco, por exemplo. A mesma equipe que atende uma suspeita de coronavírus atende um infartado.
O mesmo estetoscópio é usado para todos os pacientes. Não temos EPI para os funcionários trabalharem”, declarou um dos profissionais que atua no Sistema Público de Saúde. Segundo um dos entrevistados, entre os profissionais atuando estão médicos com mais de 60 anos e pessoas com alguma vulnerabilidade. “O grupo de risco não precisa de afastamento. Podem trabalhar, contudo, com restrição”, destacou um profissional.
Os funcionários destacam que o correto seria o paciente com qualquer sintoma que possa ser associado ao COVID-19 ser atendido por equipe e locais separados. Outro entrevistado que atua no setor relatou. “A fundação quer que atendamos pacientes sem os EPIS e usá- -los apenas em casos clássicos. No entanto, tem vários estudos que mostram que boa parte da contaminação ocorre por pessoas assintomáticas.
Quanto às máscaras cirúrgicas, que devem ser trocadas de duas em duas horas, querem que atendamos sem as mesmas”, observou, sendo o relato reforçado por mais um profissional. “Não temos material e nem acessórios para nos prevenir do corona, só uma máscara que temos que usar durante um plantão de 12 horas com validade de duas horas de uso”, confirmou.
Em mais uma entrevista, um funcionário destacou que se preocupam, pois as máscaras são os equipamentos que mais vão evitar, considerando a transmissão respiratória. Destacou que há a máscara cirúrgica comum e a N95, que efetivamente impede a penetração do vírus por vias aéreas. “O problema é que o pronto-socorro, apoiado em uma orientação da vigilância, só tem fornecido para o funcionário uma máscara para cada 12 horas, sendo a simples.
O único profissional que usa a N95 é o que trabalha na triagem. Os outros, inclusive com morbidades como insuficiência imunológica, têm recebido para 12 horas uma única máscara simples, que deveria ser trocada a cada duas horas. Teve funcionário repreendido se usasse máscara na recepção, porque poderia causar pânico na população.
Entendemos o momento em que os fabricantes não conseguem suprir a demanda, embora mantenham a produção, mas algumas decisões não fazem sentido. EPI é obrigação fornecer”, salientou. Foi relatada ainda a falta de outros produtos. “Estão em falta medicamentos como Dipirona, Dramim, Bricanyl, Omeprazol, Ranitidina, bombinha de Aerolin 1, sem espaçador para as crianças”, disseram.
PLANO
Na tarde de ontem (25), funcionários chegaram a receber um comunicado afirmando que a partir do dia 1° de abril deverão ocorrer mudanças no fluxo de atendimento e no modo de atuação e que o Plano de Contingência será disponibilizado.
PREFEITURA
Consultada pelo Diário do Rio Claro, a secretaria de Saúde informou que as informações não procedem. “Rio Claro segue os protocolos de atendimento do Ministério da Saúde e não há falta de insumos ou medicamentos para atender os pacientes com sintomas de coronavírus”, informou em nota.