Paulo Tibana foi um pioneiro, no Brasil, no estudo das rochas sedimentares carbonáticas. Nesta área geocientífica, sem sombra de dúvidas, constituiu-se na maior autoridade brasileira. Raro é o geólogo brasileiro que, envolvido com rochas desta natureza, não teve aulas com ele.
Graduou-se como engenheiro eletricista e mecânico em 1956 na Escola Federal de Engenharia de Itajubá-MG. Ingressou na Petrobras em 1957 e obteve sua especialização em Geologia do Petróleo em 1958 (convênio Universidade Federal da Bahia-UFBA e Petrobras-CENAP).
Em 1965 e 1966, esteve na Universidade de Stanford, Califórnia, e atuou como Assistente de Pesquisa na Universidade de Illinois, Urbana, EUA, em 1970.
Ao longo de toda a sua longa e completa carreira na Petrobras, de onde apenas saiu após a aposentadoria, capacitou-se e atuou como geocientista de petróleo no país e no exterior.
De início, esteve envolvido com projetos relativos às bacias do Paraná e Recôncavo (geologia de superfície e de subsuperfície), tendo em seguida se voltado para o estudo de rochas carbonáticas e evaporíticas, incluindo-se aí depósitos cretácicos e terciários das bacias costeiras do Brasil, entre as quais Espírito Santo, Campos, Sergipe-Alagoas, Barreirinhas e Potiguar.
No exterior, investigou unidades carbonáticas do Iraque, Guatemala e Trinidad.
Pertenceu ao quadro de geólogos do Laboratório Central de Exploração e do Laboratório de Rochas Carbonáticas do Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES). Exerceu a supervisão de estágios de vários professores/ profissionais brasileiros e estrangeiros que passaram pela Petrobras em busca de conhecimentos sobre rochas carbonáticas. Escreveu um conjunto de importantes relatórios técnicos, publicou artigos científicos e preparou roteiros de campo para áreas carbonáticas.
No campo do ensino, a contribuição de Paulo Tibana é notável, tendo ministrado, desde 1961, cursos de geologia do petróleo, sedimentologia, estratigrafia, paleoambientes de sedimentação, recursos energéticos, análise de bacias e de rochas carbonáticas, tanto na Petrobras como nas principais universidades brasileiras. Citam-se UFBA, UFOP, UnB, UFRGS, UNISINOS, UFRJ, UERJ, USP, UNESP e UNICAMP.
Nesta última, colaborou para a implantação do curso de mestrado em Geoengenharia de Reservatórios. Orientou ou co-orientou um expressivo número de graduandos e pós-graduandos, tendo participado de várias bancas examinadoras de mestrandos e doutorandos em diferentes universidades do país.
Como professor visitante, atuou na UNICAMP, na UERJ e na UNESP. Nesta última universidade, foi pesquisador associado do Centro de Geociências aplicadas ao Petróleo, o UNESPetro, parte do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), unidade universitária do câmpus da Unesp em Rio Claro, onde colaborou na implantação de laboratórios, participou no desenvolvimento de projetos de pesquisa e ensino, entre os quais aqueles em parceria com a Petrobras voltados para a formação de novos carbonatólogos para a investigação dos reservatórios petrolíferos do pré-sal brasileiro.
É um dos autores da obra “Calcários do Cretáceo do Brasil: um Atlas”, volumosa e importante síntese petrográfica das principais unidades carbonáticas lacustres e marinhas cretácicas do país, publicada em 2015.
Ao longo de sua consistente e brilhante carreira, este devotado e grande geólogo brasileiro, de memória invejável, simples, honesto e colaborativo, honrou a todos nós da comunidade geocientífica. Foi merecidamente homenageado em diversas ocasiões por diferentes entidades e autores.
A respeito de Paulo Tibana, Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração da Petrobras, escreve: “Deixou o bem mais precioso que um ser humano pode deixar: o exemplo de pessoa e profissional”.
Em 2013, foi convidado a participar de uma campanha institucional da Petrobras intitulada “Gente. É o que inspira a gente”, detalhando a própria trajetória na empresa estatal.
Faleceu no último dia 4, no Rio de Janeiro, aos 86 anos.
Por: Dimas Dias Brito, docente aposentado da Unesp e voluntário do Departamento de Geologia Aplicada do IGCE, em Rio Claro
FOTO: Divulgação/Unesp