Neste domingo (30), celebra-se o dia de um profissional que, apesar do correr das décadas, ainda é de imensa relevância: o jornaleiro.
Muito embora a internet, hoje, também se faça indispensável, o hábito de ir às bancas de jornal ainda é algo que muitos fazem questão de manter, afinal, não há tecnologia que consiga, a despeito das muitas benfeitorias, superar o prazer de, por exemplo, num domingo como este, logo nas primeiras horas do dia, se dirigir a um desses estabelecimentos, sem pressa alguma, desfrutar das novidades que lá se encontram, conversar de forma amistosa com o jornaleiro amigo e, por fim, sair satisfeito com um exemplar do Diário do Rio Claro para, calmamente, se inteirar quanto às principais notícias da cidade, do país e do mundo.
Odair José Zamboni, 43 anos, se dedica à profissão há 35. Bastante conhecido e querido na Cidade Azul, está à frente da Banca Central, situada na Rua 4, esquina com a Avenida 3, no Jardim Público. Não há quem não conheça.
A CLIENTELA
Zamboni relata que seus clientes são pessoas com idade superior a 30 anos e, de acordo com ele, “com certa resistência a veículos de mídia digital”. “O problema é que quando estes chegam a uma determinada idade, vão morrendo e, consequentemente, o nosso negócio também, pois esses clientes não são, digamos, repostos”, lastima.
JORNAIS E REVISTAS
O profissional garante que os jornais ainda vendem um pouco mais que as revistas. Ele explica o porquê. “Primeiro, pelo preço. Elas são mais caras. Segundo, porque estamos passando pela maior crise que se tem notícia no Brasil, e isso acelera e força o leitor a procurar a notícia que lhe interessa em mídias mais em conta do que jornais e revistas”, explana Zamboni. Por outro lado, o jornaleiro conta que a procura por jornais é maior quando há interesse por determinado assunto. “Eu percebo que as pessoas compram os jornais quando este traz uma notícia ou artigo de interesse para elas. Então, compram para ler e se inteirar deste fato ou assunto que julgam necessário”, confidencia.
O AUGE
Os tempos, inegavelmente, são outros. Não se vai às bancas de jornal como antes. O jornaleiro relembra o período em que o movimento, e por decorrência as vendas, atingiram o ápice. “Foi entre os anos de 1980 e 2010. Depois disso, entramos em decréscimo e isso parece que vai até o final”, ajuíza Zamboni.
ALÉM DA INFORMAÇÃO
As bancas de jornal, não de hoje, deixaram de ser um local exclusivamente destinado a comercializar jornais e revistas. Outros produtos passaram a ser disponibilizados. Contudo, conforme assevera Zamboni, não se trata de uma “salvação”. Ele, na realidade, lamenta. “Vender outros produtos é uma forma de sobrevivermos à crise que estamos passando, mas está bem longe de ser uma solução, já que deixamos de ser um profissional da área e começamos a viver à margem do propósito de nosso trabalho e isso não é bom, pois nos descaracterizamos. Sendo assim, perdemos nosso valor e respeito”, queixa-se.
MENSAGEM
“Gostaria de dizer que, como jornaleiro, amo o que faço. Sempre me dediquei em tentar fazer o melhor possível para atender as pessoas. Sempre as tratei com respeito e atenção para que suas necessidades fossem supridas. Nós éramos o ‘tato’ entre aquele que produzia a informação e aquele que necessitava dela. Isso era algo que nos deixava muito felizes, pois estávamos sendo úteis”, pondera Odair José Zamboni. Defronte à Matriz São João Batista, Rua 6 com a Avenida 3, situa-se outro estabelecimento de grande tradição em Rio Claro: a Banca da Matriz. À frente, está Reinaldo Zambone, 52 anos, dos quais 34 dedicados ao ofício de jornaleiro.
A PROFISSÃO HOJE
Reinaldo afirma que, com o passar dos anos, foi preciso se adaptar à realidade. Além dos produtos habitualmente comercializados, outros tantos tiveram que ser incluídos para comercialização. “A banca de jornais e revistas, hoje, além dos mesmos, vende também brinquedos e outros produtos para compor a renda”, admite. Para o jornaleiro, “já há algum tempo as bancas se tornaram pequenas conveniências”.
JORNAL: SINÔNIMO DE CONFIANÇA
O comerciante pondera que, apesar de vivermos numa era em que a internet disponibiliza informações o tempo todo de modo muito fácil e ágil, não são poucos os clientes que ainda fazem questão de adquirir o “jornal nosso de cada dia” por conta da credibilidade. “Muita gente mantém o costume de ler os jornais dada à confiabilidade das informações”, garante Reinaldo.
CAMPEÕES DE VENDAS
Jornais e revistas ainda registram vendas substanciais. No entanto, há outros itens que também resistiram ao tempo e à tecnologia. De acordo com Reinaldo, são, atualmente, os “campeões de vendas”. “As figurinhas e as palavras cruzadas são os produtos mais vendidos”, afirma. Mesmo com as inúmeras opções de entretenimento eletrônico, esses artigos ainda garantem a diversão, bem como a distração de muitos, conforme o jornaleiro, que acrescenta que o apogeu no tocante às vendas, de uma maneira geral, foi registrado no final do anos 90 após o Plano Real em função do aumento da renda.
MENSAGEM
“Hoje, estamos diversificando os produtos e serviços para que continuemos atraindo os clientes. A banca ainda é um local agradável para se informar e para adquirir cultura, além de um ótimo lugar para a obtenção de lazer”, avalia Reinaldo.
Por Murilo Pompermayer