Em uma disputa apertada contra o adversário Márcio França (PSB), o governador eleito, João Doria (PSDB), confirma hegemonia tucana no Estado. No poder há 24 anos, a vitória do empresário é a sétima do partido.
Em agosto deste ano, antes das eleições, Doria visitou a região e esteve na redação do Centenário. Na ocasião, visitou a Embramaco, uma das empresas mais modernas do setor ceramista, e a Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer), onde ouviu reivindicações da entidade que representa 70% da produção de pisos e revestimentos cerâmicos do país. Ele se comprometeu a pavimentar os 16 quilômetros de estradas vicinais para minimizar o impacto dos particulados na região.
Aproveitando a onda de Bolsonaro (PSL), Doria se comprometeu a implantar drones para melhorar a segurança e valorizar as polícias civil e militar. Vale lembrar que o Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontou Rio Claro como mais violenta proporcionalmente que Campinas.
OPINIÃO
Para comentar o que esperam do novo governo tucano, o Centenário convidou alguns presidentes de partidos, que apontaram os pontos positivos e negativos do novo governador.
Para o presidente do diretório municipal do PTB, Tu Reginato, a expectativa é que Doria cumpra a promessa de baixar o índice de criminalidade, aumentar o número de AMEs e acabar com a falta de medicamentos. “Sobre sua equipe, aparentemente são profissionais já experientes na área em que irão atuar. Ele soube escolher uma equipe de grandes nomes do cenário político”, destaca.
Para Reginato, o ponto positivo de Doria é sua capacidade de análise dos problemas do Estado. Já o negativo é sua ânsia de galgar postos mais altos. “Iniciou como prefeito e não finalizou o mandato, foi rápido demais para o posto de governador e certamente na próxima eleição vem como candidato a presidente”, analisa.
Reginaldo Lourenço Breda, presidente do PPS, concorda com a afirmação de Reginato. “Ponto negativo é falta de compromisso político”, destaca.
Breda disse ao Centenário que espera que o próximo governo seja feito aos municípios. “São Paulo tem a melhor arrecadação do Brasil. Acredito e espero. Condições tem para fazer”, esclarece ao afirmar que o ponto positivo do novo governador são suas “boas ideias”.
O presidente do MDB, João Vieira, tem expectativa de que o novo governo priorize áreas essenciais. “Espero como todos os paulistas que o governo eleito realize um plano de melhorias em todas as áreas, priorizando saúde, educação e segurança”, esclarece.
EQUIPE
O emedebista destacou ainda os sete ex-ministros de Michel Temer que foram escolhidos por Doria para compor sua equipe. “Terá facilidade, conhecimento e trânsito em Brasília na busca de recursos federais, o que, a meu ver, é um ponto positivo, embora poderá ter problemas de ordem judicial que trará desgaste a alguns”, frisa.
O presidente do diretório local do Progressistas, Ronald Teixeira Penteado, destacou que Doria sinaliza com a escolha da equipe do primeiro escalão que pretende retomar o crescimento econômico do Estado. “A confirmação do ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como um dos pilares da nova gestão do Governo Paulista confirma a rota estabelecida por Doria em busca de geração de renda e empregos”, enfatiza ao destacar que, ainda que do mesmo partido que os governadores anteriores, acredita em uma nova forma de governar.
Penteado vê como ponto positivo no tucano sua intenção de enxugar a máquina pública e fiscalizar de perto as ações de seus secretários.
Já como negativo, Penteado analisa que, mesmo com a vitória nas urnas, Doria está desgastado dentro do próprio partido. “Terá como desafio travar longa batalha interna dentro do seu partido: o PSDB”, diz.
Tuzinho Fernandes, do PRB, espera que o governador coloque em prática suas promessas e priorize saúde, educação, segurança e cultura. Ele também acredita que a escola da equipe é positiva dentro do cenário atual. “A equipe de governo que ele escolheu tem tudo para dar certo. São profissionais competentes e a maioria já testados”, comenta.
SEM MUDANÇAS
Luiz Carlos Rezende, o Curinga (PCdoB), acredita que o Estado não gozará de grandes mudanças. “A capital mostrou o quanto rejeita Doria, que abandonou a cidade por um projeto pessoal”, disse ao lembrar que o governador eleito foi derrotado nas urnas por França na cidade de São Paulo, mesmo tendo atuado como prefeito.
“Qualquer político que coloca o seu projeto acima do interesse da população está fadado ao fracasso. Mesmo assim, torço para que nosso Estado avance e assim permita ao povo uma melhora considerável”, finaliza.