Não seja bom em nada. Ou pelo menos procure não mostrar isso. Vão dizer que você é arrogante. Tom Jobim já nos alertava que “No Brasil, fazer sucesso é uma ofensa pessoal”.
Aqui predomina uma certa culpa por ser bom em algo. Você pode ser taxado de arrogante, convencido, “mala”.
O negócio, my friend, é se mostrar medíocre, sabe? O popular “meia-boca”. Não temos o hábitos de ler, de nos aprofundar em nada. Parece que tudo pode ficar na superfície. E o resultado é esse visto nas redes sociais todos os dias. De repente, todo mundo entende de Direito Constitucional, de Política, Ciência, Artes, Música. O importante é vomitar uma opinião qualquer com base no ouvi dizer, ou “recebi no Whatsapp um vídeo que dizia”.
E o que entende, que se informa de verdade, que se debruça sobre determinado assunto, esse, acaba se retraindo. Se o assunto for política, então, nem se fale. Na mente de muita gente ou você é 100% contra ou 100% a favor, de esquerda ou de direita, desse ou daquele partido. É ridículo o debate político partidário entre nós, o povo. Não há espaço para o debate, para as nuances e, principalmente, para as amizades.
Algo vai muito mal quando uma crítica, bem embasada, é interpretada como ofensa.
A autocrítica, então, nem se fale, é algo em extinção.
Por isso, quem se presta a evidenciar seus talentos, suas habilidades, seja numa repartição pública, numa empresa privada ou em qualquer outro lugar pode ser encarado não como um exemplo a ser seguido, mas como uma ameaça à mediocridade vigente. É preciso se enquadrar, senão passa por chato, por arrogante, e vira alvo do rancor alheio.
Rancor, ressentimento e, para temperar o caldo, boas doses de inveja. Nada parece nos alegrar tanto quando se diz que alguém de muita fama, muito sucesso se deu mal, ou aquele seu conhecido que ficou rico e quebrou, e por aí vai. Com tudo parecendo girar em torno de umbigos individuais, frustra-se quem procura ser o melhor. Precisamos de mais exemplos, menos espelhos. É, a coisa é como o Jobim também dizia: “O Brasil não é para amadores”. Muito embora seja repleto deles, digo eu.